Não é preciso ler ensaios acadêmicos para perceber a presença cotidiana do esporte em toda a América Latina. Basta verificar o lugar que ele ocupa nos meios de comunicação, ultrapassando as páginas da mídia especializada ou os segmentos de notícias para ganhar autonomia em emissoras de rádio, jornais e canais de tevê a cabo inteiramente voltados à transmissão de eventos ou a comentários sobre os detalhes mais minuciosos da vida dos atletas. Essa presença também se manifesta na conversa cotidiana e na captação do público nos estádios – e não apenas o masculino, tradicionalmente destinatário privilegiado da prática e do espetáculo. Um olhar mais atento detecta também, no cenário esportivo latino-americano, fenômenos crescentes de articulação de identidades poderosas, desde o nível local até o nível regional ou nacional: ser hincha ou torcedor de um time de futebol ou de beisebol desloca outros mecanismos de identificação até transformar-se em fator central na constituição da subjetividade contemporânea. O esporte latino-americano é atualmente um grande socializador. É a alfabetização inicial de milhares de crianças, que soletram com mais facilidade o nome de Ronaldo do que o de Tiradentes.
Semelhante fenômeno não pode ser explicado apenas por uma suposta influência dos meios de comunicação. A relação de causalidade é mais complexa: um raciocínio linear impediria, por exemplo, que se compreendesse por que se desenvolveu uma cultura esportiva de massas em torno do beisebol em Yucatán – antes do surgimento, ao menos, de uma imprensa popular –, em uma população na sua maioria analfabeta, na década de 1920. O esporte – a partir de uma leitura profunda da sua história e das suas articulações – permite entender alguns dos fenômenos cruciais da análise cultural contemporânea: a constituição de identidades atuais e o papel dos meios de comunicação nesse processo; o lugar do corpo na cultura de massas, especialmente entre as classes populares, mas também entre as classes média e alta; o papel das figuras heroicas e que funcionam como modelos, e o peso das suas narrativas no imaginário popular; a violência ligada à ação de torcedores fanáticos, intrinsecamente associada às transformações sociais recentes; e também, sem que essa classificação esgote suas possibilidades, os fenômenos de concentração oligopólica dos meios de comunicação, um mapa no qual os esportes – e as indústrias envolvidas, como a de fabricação dos equipamentos, a publicidade, o merchandising e o sponsoring – têm grande participação.
No entanto, produzir essa análise exige uma introdução histórica, porque, apesar de sua extensão e proeminência na sociedade, o esporte não é uma invenção autóctone. Compreender os modos de apropriação e difusão desse fenômeno também ilustra as relações centro-periferia, nó importante da realidade sociocultural latino-americana – para não falar de sua economia e de sua política.
Uma invenção da modernidade europeia
Apesar de o esporte ser uma prática obviamente ligada ao jogo – o que remete ao espaço da criatividade, do não mercantilizável, do aleatório –, a distância entre os dois itens é importante. O esporte implica uma série de codificações sobre o lúdico, que aparecem com a modernidade e o capitalismo industrial. Esse aspecto decisivo distancia ambas as esferas, até torná-las autônomas.
Consequentemente, embora o jogo possa ser rastreado até o mais primitivo e arcaico do gênero humano – como pulsão lúdica –, o esporte é uma invenção da modernidade europeia, para ser mais exato, do capitalismo inglês em meados do século XIX. Nesse momento, com a codificação de diferentes jogos populares como o futebol ou o rúgbi e a regulação de práticas da aristocracia – o boxe, por exemplo –, o esporte aparece nas public schools inglesas. Em pouco tempo vai se tornar não apenas passatempo das classes com tempo livre, mas também instrumento de exercício para o corpo e preparação das elites para a guerra. “Na história do Império Britânico, a Inglaterra deve sua soberania aos esportes”, sustentava o reverendo J. E. C. Welldon, diretor da Harrow School entre 1881 e 1895.
As características que adquirem, então, os esportes modernos são:
1) secularismo: oposto à relação dos jogos antigos com os rituais religiosos;
2) igualdade: o estabelecimento de regras que igualem os competidores;
3) burocratização: a invenção de instituições reguladoras;
4) especialização: a concentração dos praticantes numa só especialidade;
5) racionalização: a introdução de técnicas específicas de treinamento e táticas;
6) quantificação: a introdução de medições, arquivo e estatísticas;
7) obsessão com os recordes, na medida em que a quantificação permite estabelecer continuamente barreiras a serem superadas.
Essas características estruturais diferenciam os esportes modernos das formas arcaicas das competições físicas. Tanto os Jogos Olímpicos da Grécia antiga – recuperados miticamente em 1896, como forma de estabelecer continuidade com uma história da civilização europeia – como as práticas das populações nativas americanas não podem ser catalogados como esportes. Nesse último caso, embora existam exemplos variados e interessantes que foram invocados, às vezes, como elos de uma pretendida continuidade, tais como o jogo de bola das populações mexicanas ou certa atividade similar ao hóquei entre os araucanos, trata-se geralmente de práticas lúdicas ligadas a rituais religiosos e comunitários, e que sofreram um corte abrupto com a conquista europeia. Um dos poucos casos em que uma prática de certo arcaísmo sobrevive atualmente, a capoeira brasileira – mistura de arte marcial e dança ligada às tradições afro-brasileiras – foi objeto de uma codificação contemporânea, inclusive com o objetivo de preservar o seu valor mítico e original.
Esportes, mercados e imperialismo
A partir do século XIX, então, é que se pode datar a origem dos esportes modernos. Nascem, basicamente, na Inglaterra industrial, e, depois, nos Estados Unidos, que surgiam como potência alternativa no final do mesmo século: se o críquete, o futebol, o rúgbi, o ciclismo, o boxe e a esgrima, entre outros, foram codificados pelos britânicos, o beisebol, o vôlei e o basquete foram invenções norte-americanas. E sua difusão global acompanhou a construção dos mercados mundiais e dos impérios coloniais.
O mecanismo difusor implicava simultaneamente dois agentes. Primeiro, os administradores coloniais ou as burguesias empresariais, que estendiam suas práticas entre os residentes britânicos ou norte-americanos locais (tanto nas colônias efetivas como nas colônias econômicas), em particular por meio das escolas das comunidades anglo-saxãs, para logo serem imitados pelas elites locais. O segundo, os operários ou empregados dos transportes – basicamente a rede ferroviária e os barcos –, que, influenciados pela rápida popularização e profissionalização dos esportes nos seus países de origem, desenvolviam suas práticas nos portos ou nos lugares onde chegavam as vias férreas. Essa duplicidade permitiu uma expansão veloz das atividades esportivas em segmentos amplos das populações locais – simultaneamente, nas elites e na classe média. Seria preciso esperar o século XX para assistir à sua expansão entre as classes populares, carentes de tempo livre para tais práticas, o que exigiria certa modernização dos regimes de trabalho.
Essa expansão entre os setores mais pobres é o que foi definido como “processos de popularização dos esportes”. Em todos os casos, são descritos os modos particulares com que essas classes se apropriaram de um esporte, em alguns casos até afastando as classes dominantes da sua prática (embora a administração institucional e econômica permanecesse como um enclave de poder). As razões, com variações nacionais e locais, concentram-se em dois eixos. Por um lado, a igualdade que define o esporte moderno supõe uma forte proeminência do imaginário democrático esportivo, a ideia de que só o mérito garantirá o êxito, desenhando um espaço de ascensão social impossível de ser encontrado no mundo sociopolítico do capitalismo. O esporte torna-se assim um lugar onde o fraco pode vencer o poderoso – característica de importância crucial na hora das competições internacionais entre países periféricos e centrais – e o pobre pode ascender socialmente com suas próprias armas: habilidade corporal, esforço e… picardia.
O segundo eixo vincula-se à profissionalização. Ela significa a retribuição por um uso até então ilegítimo do tempo livre, tornando-o legítimo e útil. Isso permite a construção do esporte, antes reservado aos filhos das elites, como espaço de incorporação e ascensão social das classes populares.
Em todo o mundo, essa expansão adquiriu características diferentes. Como ocorreu na América Latina, a difusão dos esportes foi devedora da influência predominante de um ou de outro império; mas, ao mesmo tempo, razões mais complexas e por vezes surpreendentes levaram à hegemonia de algum esporte em detrimento de outros. Assim, se o império britânico difundiu o críquete em suas colônias, a associação estreita desse esporte com as elites vetou a sua popularização na América Latina, o que no entanto não foi obstáculo para transformá-lo em esporte popular na Ásia e na Oceania.
No sul, o futebol
A influência britânica marcou o esporte na Argentina. Já em 1806, durante o ataque inglês ao Vice-Reinado do Prata, registrou-se uma partida de críquete entre os invasores. Alguns anos depois, Thomas Hogg, dono de uma fábrica têxtil em Yorkshire, instalado em Buenos Aires, fundou um centro comercial, uma biblioteca, um colégio e, em 1819, um clube de críquete – todos britânicos. Em 1832, um grupo de jovens argentinos que retornava de seus estudos no estrangeiro criou o seu próprio clube de críquete. O filho de Hogg, também chamado Thomas, fundou o Deadnought Swimming Club por volta de 1860, e passou a organizar competições em 1863. Três anos depois, ele introduziu o squash no país. Em 1867, Thomas e seu irmão James fundaram a Buenos Aires Athletic Society, que, em 30 de maio do mesmo ano, organizou as primeiras competições esportivas no país, com destaque para o futebol, cujas equipes para o primeiro jogo na Argentina, em 20 de junho, foram lideradas pelos irmãos. Ambos também jogaram a primeira partida de rúgbi, no Buenos Aires Cricket Club, em 14 de maio de 1874, bem como a primeira partida local de tênis, em 1880.
O impulso decisivo para o futebol foi dado em 1884 pelo escocês Alexander Watson Hutton, ao fundar a Buenos Aires English High School e introduzir no currículo escolar a prática de esportes. De sua parte, a ferrovia – toda em mãos de capitais britânicos – também colaborou: em 1891, foi organizada a primeira liga, criada por F. L. Wooley, membro do Buenos Aires and Rosario Railway Athletic Club, um clube esportivo ligado à empresa. A conjunção de ambos os fatores pôde ser vista numa partida empreendida, em 1890, entre os operários do Ferrocarril Nordeste Argentino e os estudantes do Colegio Nacional de Santiago del Estero: esse jogo também assinalou a rápida expansão da prática do esporte pelo território argentino. Em 1893, produto de uma aliança entre clubes e colégios britânicos, criou-se a Argentine Association Football League, que só em 1905 colocaria seu nome – e o registro das atas – em espanhol. Todo o período foi dominado pelos clubes e colégios da coletividade, até que, na década seguinte, iniciou-se a hegemonia dos novos clubes das classes médias crioulas. Tais associações, às vezes ligadas à posse de terras – os novos “bairros” de Buenos Aires, ou as pequenas cidades do interior – ou às empresas industriais, comerciais ou de serviços, foram os agentes de um intenso processo de popularização dos esportes, que absorveria também as classes populares e levaria à profissionalização, em 1931. A partir desse momento, os clubes de elite abandonaram a prática de futebol para se concentrarem no rúgbi e, mais tarde, no hóquei feminino, que durante décadas seriam um símbolo de distinção de classe.
No Uruguai, o processo foi similar: em 1842, surgiu o Victoria Cricket Club e, em 1861, o Montevideo Cricket Club. Desde o começo da difusão esportiva, o futebol apareceu como mais popular do que o críquete, e isso se afirmou em 1891, com a fundação do Central Uruguay Railway Cricket Club (depois chamado de Peñarol de Montevidéu); seus membros, ligados obviamente à rede ferroviária, jogavam críquete no verão e futebol no inverno, até finalmente se concentrarem no segundo. Em 1899, foi criado o Clube Nacional, para “arrancar o esporte da mão dos estrangeiros”, como o nome indica claramente. Em 1900, foi fundada a Uruguay Football Association. O processo de popularização, similar ao argentino, culminou quando o futebol uruguaio conquistou, em 1924 e 1928, as medalhas de ouro nas Olimpíadas de Paris e de Amsterdã, respectivamente, e, em 1930, a primeira Copa do Mundo de Futebol, disputada em Montevidéu.
No Chile, o futebol esteve igualmente ligado à colônia britânica: o primeiro clube foi o Valparaíso F. C., fundado em 1889 pelo inglês David Scott. Em 1893, apareceram as tradicionais partidas entre Valparaíso e Santiago. Também nesse ano se jogou a primeira partida internacional entre Chile e Argentina (um modesto empate de 1 a 1), embora tivesse pouco de internacional: todos os jogadores eram britânicos nativos ou descendentes. Em 1895, surgiu a Football Association of Chile.
O negro brasileiro entra em campo
No Brasil, o futebol se difundiu pela ação de Charles Miller, um paulista de pais ingleses que, em 1894, retornou de uma década de estudos na Grã-Bretanha – as estadias dos filhos das elites latino-americanas nas metrópoles britânicas ou norte-americanas foram outro grande fator de difusão esportiva. A influência de Miller foi decisiva para levar o São Paulo Athletic Club a trocar o críquete pelo futebol. Por sua vez, no Rio de Janeiro, os britânicos fundaram o Fluminense Football Club, como reduto aristocrático.
A rápida difusão do novo esporte produziu enormes conflitos em uma sociedade que somente em 1888 havia abolido a escravatura. Quando os primeiros jogadores procedentes das classes populares – entre eles, os atletas negros – começaram a ter destaque, as disputas se acirraram. Os primeiros a inovar foram dois clubes cariocas. O Bangu, ligado a uma fábrica têxtil, começou a recrutar jogadores entre os operários e aceitou os primeiros atletas negros, excluídos formalmente dos times por disposições das instituições reguladoras – demonstrando o peso de uma administração branca e aristocrática, que resistia à popularização. Por sua vez, o Vasco da Gama encabeçou, com êxito, as lutas pela profissionalização e consagrou a incorporação das classes populares ao esporte. A criação do Flamengo foi também uma resposta à exclusão dos negros e pobres: a identificação do clube com os setores populares resultou em sua expansão nacional, mas também em sua estigmatização (as torcidas adversárias, por exemplo, cantam, ante um gol a favor, “ela ela ela, silêncio na favela”).
No entanto, a democratização do futebol brasileiro permitiu uma melhoria rápida na qualidade de seu jogo. Um excelente desempenho nos campeonatos mundiais de 1934 e 1938 – com as estrelas Domingos da Guia e Leônidas da Silva, ambos negros – consolidou essa expansão. O futebol aparecia, por volta dos anos 1950, como o cenário perfeito para repor uma mítica democracia racial brasileira, celebrada pelo jornalista Mário Filho e pelo antropólogo Gilberto Freyre, prefaciador do livro do primeiro, O negro no futebol brasileiro, em 1947. A derrota na final da Copa do Mundo de 1950 para os uruguaios – liderados por um mulato, Obdulio Varela – implicou no reaparecimento dos estereótipos raciais, que culparam pelo fracasso dois afro-brasileiros: o goleiro Barbosa e o zagueiro Bigode. Finalmente, as vitórias nos mundiais de 1958 – com a condução de Didi e o estrelato do jovem Pelé, ambos negros –, 1962 e 1970 permitiram o desaparecimento desses estigmas e a consolidação, ao contrário, de outro discurso mítico, que vincula a negritude aos desempenhos corporais diferenciadores, não somente no esporte, mas também na dança e na capoeira.
Beisebol no Caribe
Se o futebol predominou na América do Sul, a maior influência norte-americana no Caribe, tanto pela expansão de seus capitais financeiros ou industriais como pela política de ocupações, que fez da região um “quintal” dos Estados Unidos, implicou a hegemonia do beisebol. A relação imaginária dos caribenhos com o beisebol norte-americano mede-se pela importância dos jogadores hispânicos nas Grandes Ligas ianques: por exemplo, Orestes “Minnie” Minoso (cubano), Roberto Clemente (porto-riquenho), Alfonso Carrasquel e Luis Aparicio (venezuelanos), Juan Marichal (dominicano), Fernando Valenzuela (mexicano), entre muitos outros.
O primeiro foco do beisebol latino parece ter sido o de Cuba. A iniciativa teria partido de estudantes no retorno de seus estudos metropolitanos. Um exemplo é Nemesio Guilló, que introduziu o beisebol em Havana em 1864. A primeira partida documentada ocorreu em 1874, na vitória do La Habana contra uma equipe de Matanzas. Em 1878, Emilio Sabourín organizou a primeira liga – a Béisbol Profesional Cubana.
Os primeiros amadores, procedentes das classes altas criollas, foram combatidos pelas autoridades coloniais espanholas, que preferiam a ginástica e, além disso, suspeitavam que o esporte tivesse implicações políticas. E assim era: os nacionalistas da elite buscavam nos Estados Unidos os seus modelos esportivos e os seus modelos políticos, além do financiamento. Emilio Sabourín, o organizador da primeira liga cubana, traficava armas para os insurgentes e financiava a revolta de José Martí. Dizia-se que ele era devoto, em partes iguais, do “beisebol, de sua família e de sua Pátria”. Foi preso em 1895 – o ano em que os espanhóis proibiram o beisebol em Cuba – e enviado a Ceuta, no Marrocos espanhol, onde morreu em 1897.
O beisebol cubano ganhou impulso com o estabelecimento do protetorado norte-americano sobre a ilha, depois da independência. A liga amadora surgiu em 1914, e a profissional em 1917. Dois jogadores cubanos brancos, Rafael Almeida e Armando Marsans, jogaram para os Cincinnati Reds, em 1911. Em 1922, uma equipe inteira, os Cuban Stars, participou da Negro National League dos Estados Unidos. Muitos jogadores norte-americanos que falhavam em alcançar as Ligas Maiores tentavam a sorte na ilha. O fato de a temporada cubana ser no inverno e a dos Estados Unidos no verão aumentava as chances desses intercâmbios. Também a “cláusula de reserva”, que dominou o beisebol ianque até os anos 1960, impedindo a livre contratação de jogadores, levou muitos jogadores a tentar aumentar a sua renda na “liga de inverno”. Os negros, vítimas do racismo em seu país, encontravam um atrativo adicional: a liga cubana lhes permitia viver uma integração de fato.
Sedução mexicana
No México, há registro do críquete desde 1827, mas no fim do século o favoritismo das classes altas tinha passado para o beisebol. Por volta de 1890, os investimentos dos EUA também tinham prevalecido sobre os britânicos. Assim, as equipes eram geralmente formadas por empregados do comércio, dos bancos e de ferrovias de capital norte-americano. Os jogos opunham, por exemplo, o Mexican Central ao Mexican Nacional, ou, em uma partida realizada em 1882, o National Baseball Club à Telephone Company.
Os jogadores mexicanos apareceram pouco depois. Em 1886, está registrado um jogo beneficente em Corazón de Jesús. Em 1895, um time nativo venceu o American Baseball Club e o Cricket Club (com ingleses que “mais ou menos se ajustavam às regras americanas”, como testemunharam as fontes). Em 1890, os cubanos introduziram o jogo em Yucatán, a partir da relação da península com a ilha pelo comércio de fibras vegetais. Em 1892, a burguesia de Mérida fundou o Sporting Club. Em 1905, nasceu uma liga regional, alimentada por jogadores cubanos.
Em 1904, foram criadas duas ligas mexicanas: uma amadora, para o verão, e outra semiprofissional, para o inverno. O clube El Record jogou – e perdeu –, em 1907, contra o Chicago White Sox. Sempre, é claro, foram fenômenos de classes altas. Depois da Revolução, em 1920, o beisebol não somente reviveu, como se popularizou. Por volta de 1924, a capital do país contava com 56 times, já com jogadores e públicos populares. Em 1925, criou-se uma Liga Profissional. Todos esses esforços foram apoiados pelo PRI (Partido Revolucionário Institucional), que declarou, em 1932, ter a “sagrada obrigação” de fomentar o progresso físico, tanto quanto o econômico e o social.
Nos anos 1940, um milionário de Veracruz, Jorge Pasquel, chegou à presidência da liga e impôs um grande desafio ao beisebol norte-americano. Começou a seduzir jogadores profissionais triplicando seus salários, assim como os dos atletas da Negro League: por exemplo, o arremessador dos New York Giants, Tom Gorman. Os jogadores que passavam à liga mexicana sofriam sanções das Grandes Ligas ianques, administradas por Albert Chandler, mas os salários eram imbatíveis. Essa tentativa fracassou por volta de 1947, quando Pasquel teve de reduzir custos. A política de sedução da liga mexicana era inviável, considerando que o maior estádio do país tinha capacidade para apenas 22 mil espectadores e não havia televisão para patrocinar o esporte.
Reduto de talentos
A República Dominicana acabou sendo o centro de gravidade do beisebol hispânico. O esporte foi introduzido pelos cubanos exilados na primeira Guerra da Independência (1868-1878). Os dois primeiros clubes dominicanos de beisebol, formados em 1891, tiveram fundadores cubanos. Em 1907 surgiu o primeiro clube somente dominicano, o Licey. Em 1891 jogou-se a primeira partida interurbana (Licey contra San Pedro de Macorís), e em 1912 foi disputado o primeiro campeonato. A ocupação norte-americana, de 1916 a 1924, difundiu a prática do esporte. Entre 1922 e 1936, o Licey contratou o negro norte-americano Charles Dore como empresário. No entanto, a influência cubana permaneceu fundamental, razão pela qual as equipes continuaram contratando jogadores da ilha. A presença de atletas de Cuba foi tão grande que o Estrellas Orientales de San Pedro de Macorís tornou-se um time cubano, com a exceção de apenas três jogadores locais.
Diante dessa hegemonia, em 1937, o ditador Rafael Leónidas Trujillo dissolveu os dois grandes times da capital, o Licey e o Escogido, para formar o Dragones de Ciudad Trujillo, com oito atletas afrodescendentes norte-americanos, seis cubanos, um porto-riquenho e apenas um dominicano. O saque das equipes negras ianques foi de tal ordem que interrompeu a Negro National League. Além do mais, Trujillo ameaçava os jogadores com o pelotão de fuzilamento se jogassem mal. Com essa motivação, o ditador conseguiu que seu time ganhasse o campeonato daquele ano; logo depois, dissolveu o beisebol profissional do país até 1951.
A partir desse momento, o fluxo tornou-se unidirecional. Desde 1947, a integração racial do beisebol norte-americano abrira as portas para os jogadores afro-dominicanos. A Revolução Cubana, por sua vez, fechou-as para o recrutamento norte-americano, fazendo da República Dominicana o principal celeiro de craques. Em 1976, o Toronto Blue Jays instalou o primeiro campo de recrutamento; por volta de 1991, um terço dos jogadores do time era dominicano. Em 1989, havia 15 “academias” regidas por franquias norte-americanas. A mais importante, o Campo Las Palmas, é de propriedade dos Los Angeles Dodgers. Pelo fato de 65 dominicanos jogarem nas Grandes Ligas nos anos 1990 afirmava-se que Santo Domingo e San Pedro de Macorís eram, proporcionalmente, as mais importantes fontes mundiais de talentos do beisebol.
A Nação vencedora?
Além desse panorama sintético de desenvolvimento dos grandes esportes nacionais latino-americanos, existem muitas outras possibilidades esportivas, também vencedoras, em muitos casos, no plano internacional. São exemplos disso as vitórias do argentino Juan Manuel Fangio, entre 1949 e 1958, no automobilismo, repetidas trinta anos depois pelo brasileiro Ayrton Senna e também, embora em menor grau, pelos brasileiros Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet. Inicialmente, o automobilismo teve traços mais democráticos na Argentina, onde surgiu em particular nos povoados e cidadezinhas rurais do interior, das mãos de pequenos comerciantes ou agricultores ligados à mecanização agrícola – caso de Fangio, modesto mecânico de uma aldeia. Esse processo se esgotou nos anos 1960, quando a tecnologia necessária para a alta competição internacional derivou numa seleção econômica “natural” – o caso de Senna, filho da poderosa burguesia paulista. No entanto, a origem de classe dos grandes corredores de Fórmula 1 não impediu a grande popularidade de seus maiores intérpretes: a morte de Ayrton Senna, herói nacional brasileiro, foi uma prova nesse sentido.
Na série dos atletas vencedores não pode faltar a longa lista de boxeadores, desde o argentino Luis Ángel Firpo até o panamenho Roberto “Mano de Piedra” Durán, passando por Éder Jofre e uma enorme quantidade de boxeadores latino-americanos que alcançaram títulos mundiais. A série tem um traço característico: os boxeadores são geralmente membros das classes populares de cada sociedade e descrevem, na carreira, o clássico périplo do herói, da miséria à fama, trajetória que inclui, quase inevitavelmente, a queda ao abismo – outra vez, a pobreza.
Mas também há esportes vencedores da elite, no sentido de que seus processos de popularização nunca alcançaram as dimensões do futebol ou do beisebol, limitando sua prática às classes média e alta. Um caso recente é o tênis na Argentina, no Brasil ou no Chile, e eventualmente no Equador e no Peru. O basquete é um esporte com níveis importantes de popularidade em certos enclaves – aparece mais nas cidades pequenas, onde pode competir com a hegemonia do futebol, por exemplo –, e desenvolveu uma boa qualidade no Brasil, na Argentina, na Venezuela e em Porto Rico. O mesmo ocorre com o vôlei, novamente no Brasil e também em Cuba: ambos são potências mundiais. Algo parecido deu-se com o vôlei feminino peruano nos anos 1960 e 1970.No plano dos Jogos Olímpicos, o momento privilegiado de uma quantificação – o número de medalhas conquistadas – que verifica os avanços esportivos medidos pelas nações, o panorama é de menos importância. Em 1896, nas primeiras olimpíadas modernas, houve apenas um atleta latino-americano, o chileno Luis Subercaseaux. A precoce modernização argentina lhe permitiu competir, com alguma chance, desde 1908 até finais dos anos 1950; a partir da década seguinte, a hegemonia foi brasileira. Desde 1976 (Montreal), a predominância cubana foi indiscutível. No caso das mulheres, seria preciso esperar até 1948, quando a argentina Noemí Simonetti ganhou a medalha de prata em salto a distância; em 1956, a chilena Marlene Ahrens recebeu medalha de prata em dardo. A primeira latino-americana a conquistar uma medalha de ouro foi a cubana María Caridad Colón, no dardo, vinte anos depois. A partir daí, as vitórias femininas continuaram sendo excepcionais, salvo no caso cubano, que estendeu os benefícios de suas políticas esportivas aos dois gêneros.
O mais interessante desse processo são suas consequências em termos do imaginários latino-americanos. O esporte instituiu-se, ao longo do século XX, como um espaço vicário, um lugar onde podiam ser desenvolvidos êxitos em contextos de profundas desigualdades na distribuição da riqueza. O fato de seus protagonistas mais destacados, com as exceções assinaladas, serem atores provenientes das classes populares – com jogadores de futebol, beisebolistas e boxeadores na linha de frente – contribuiu para o estabelecimento de narrativas que se poderia chamar de compensatórias: os heróis populares do esporte repunham uma democratização imaginária do público, o que a política sistematicamente negava. O caso do argentino Diego Armando Maradona é arquetípico. Durante quase duas décadas (entre 1978 e 1994), esse atleta plebeu condensou os significados nacionais argentinos de vitória, enquanto seu país se debatia entre ditaduras militares sangrentas, guerras perdidas, crises econômicas e neoconservadorismos radicalmente excludentes. De maneira similar, a visibilidade de um Pelé ou de um Ronaldo escondia a persistência da discriminação e o racismo brasileiro.
Esses mecanismos, embora às vezes apresentem contradições, foram apropriados com rapidez pelas classes dominantes, que, em geral, se mantiveram afastadas da prática do futebol e refugiadas nos esportes de elite. A ação dos Estados e dos meios de comunicação inclinou-se – e ainda se inclina – a destacar os sucessos provisórios como máximo horizonte do possível. Isso pode ser visto com nitidez em dois contextos ditatoriais: as vitórias no futebol do Brasil em 1970 e da Argentina em 1978, em ambos os casos celebradas pelas respectivas ditaduras como êxitos nacionais e governamentais.
Alternativas: as políticas cubanas
O caso cubano mostra simultaneamente uma continuidade e uma divergência no quadro apresentado. Em Cuba, o esporte profissional foi abolido em 1962, sob a alegação de que “o profissionalismo é um fenômeno típico do capitalismo, enquanto exploração do indivíduo, e consequentemente não tem lugar numa sociedade socialista”. Em 1961, tinha sido criado o Instituto Nacional de Deportes, Educación Física y Recreación (INDER), que se encarregou da organização e da planificação do esporte. Entre outras consequências, isso levou a que a prática e a assistência a eventos fossem, desde então, absolutamente gratuitas. O esporte foi incorporado a outras instituições sociais, além de, obviamente, à escola e à universidade, chegando à fábrica, às Forças Armadas e também à produção rural. O esquema baseia-se numa ampla prática de incentivo à base escolar, na qual se produz um processo de descoberta de talentos, que tem como alvo fundamental o sucesso, o reconhecimento internacional e o prestígio da Revolução.
Seguindo o modelo desenvolvido pela União Soviética a partir dos anos 1950 e praticado epigonalmente na Europa oriental da Guerra Fria, o sucesso esportivo significava colocar em cena, numa arena tão espetacularmente global como as competições internacionais, os benefícios do modo socialista de organização. As consequências dessas políticas em Cuba foram notórias. Nos Jogos Pan-Americanos, o país cresceu das 20 medalhas obtidas em 1959 a 152 em 2003 (com um índice máximo de 275 em 1975, antes da crise do comunismo europeu). Nos Jogos Olímpicos, pulou de uma medalha em 1964 a 29 em 2000. A política de massas também produziu grandes estrelas individuais: Alberto Juantorena, Javier Sotomayor e Teófilo Stevenson. Nesse último caso, a narração heroica alcançou sua plenitude: não apenas se tratava de um boxeador, com a carga mítica da origem humilde, mas de um herói do socialismo. Stevenson, campeão olímpico imbatível de pesos pesados, a máxima categoria do boxe mundial, recusou sistematicamente todas as tentações para profissionalizar-se e competir fora de Cuba, insistindo nas suas convicções revolucionárias.
Houve a tentativa de reprodução do modelo cubano na Nicarágua, com a criação do Instituto de Deportes – menos de dois meses depois do triunfo da Revolução Sandinista – e o estabelecimento de centenas de Comités de Voluntarios Deportivos em todo o país, para desenvolver a prática local e comunitária. A queda do sandinismo provocou o cancelamento da experiência, impedindo que se comprovasse se a política cubana bastava para conduzir à vitória esportiva.
Alternativas: o caso de Yucatán
O desenvolvimento do beisebol na península mexicana de Yucatán, vinculado à economia de enclave (produção do fio de sisal e o peso dos norte-americanos), mas também à fácil relação com Cuba por mar e ao isolamento por terra, é um caso interessante da leitura de uma disputa política particular no esporte latino-americano. Em Yucatán ocorrera um renascimento popular do beisebol nas primeiras décadas do século XX, antes da sua popularização no Distrito Federal, incentivado pelas elites locais. A chegada do governo de Salvador Alvarado a Yucatán, em 1915, trouxe consigo a Revolução Mexicana, e com ela as reformas burguesas (por exemplo, o fim da escravidão rural). Quando, em 1918, Alvarado foi enviado pelo presidente Venustiano Carranza a outro destino, o Partido Socialista del Sureste, chefiado por Felipe Carillo Puerto, numa direção mais radical do que a de Alvarado, apareceu como hegemônico. Isso motivou as perseguições do governo federal de Carranza e o exílio de Carillo Puerto. A chegada dos generais Obregón e Calles ao poder, em 1920, permitiu que, em 1922, Carillo Puerto ganhasse as eleições locais. Entre 1922 e 1924, ele adotou medidas revolucionárias, acelerando a reforma agrária. Sua política mobilizadora contou com o beisebol como eixo: surgiram ligas em toda a península de Yucatán, até mesmo nos pequenos povoados, em torno das quais se desenvolviam atividades políticas e culturais, incluindo as populações maias e contribuindo com o objetivo de integração social. Foram distribuídos 20 mil dólares em luvas, bastões e bolas nas fazendas e comunidades. Durante um período de apenas duas semanas, em 1923, foram criadas 47 novas equipes no interior de Yucatán. Isso incluiu times com nomes maias, como Tixcacaltuyu ou Tacchubchen, ou revolucionários, como Soviet ou Agrarista. Em Mérida y Progreso, Carlos Marx enfrentava Emiliano Zapata, Máximo Gorki ou Los Mártires de Chicago. O governo fornecia passes livres de trens, agora estatais, para os jogadores e o público, ou enviava a banda estatal de música para tocar nos povoados mais afastados, quando havia jogos importantes.
Em janeiro de 1924, os fazendeiros de Yucatán apoiaram a revolução de De la Huerta contra Obregón, e aproveitaram a oportunidade para prender e executar Carrillo Puerto e os seus seguidores. O triunfo das tropas de Obregón repôs o Partido Socialista no poder, mas na sua variante mais reformista: os novos dirigentes cortaram os gastos em políticas sociais e reduziram sua política esportiva. A domesticação do partido implicou a simultânea domesticação do beisebol, que reduziu a sua extensão popular e teve de esperar mais de trinta anos até a construção de um estádio adequado. Uma política radicalmente democratizante havia demonstrado o potencial do esporte como articulador de experiências políticas e culturais, como mobilizador e como metáfora da inclusão e da extensão da cidadania. O fim dessa política mostrou que, em contextos conservadores, essa metáfora se transforma em pura retórica.
Contradições
Os esportes “importados” foram incorporados pelas elites latino-americanas para a reprodução dos modos de vida e organização social das potências imperialistas; no entanto, os mesmos esportes puderam transformar-se em agentes anticolonialistas e anti-imperialistas. Emilio Sabourín, revolucionário cubano apaixonado pelo beisebol, é um bom exemplo. Os processos de popularização ocorridos em todo o continente, de maneira variada e com diferenças nos esportes hegemônicos em cada caso, permitiram que outras alternativas surgissem: por um lado, o gesto democrático do aparecimento dos heróis populares do esporte; por outro, a difusão das narrativas vencedoras que propunham, no plano simbólico, uma relevância – imaginária – das sempre injustas condições de vida nas sociedades latino-americanas.
A situação atual revela a persistência dessas contradições, agravadas pela maximização do espetáculo esportivo global, como mercadoria privilegiada dos meios de comunicação. Nesse contexto, a produção de heróis populares se torna um argumento midiático, um roteiro pré-fabricado. Apesar da importância que “os heróis esportivos” tiveram nas narrativas inclusivas históricas, assiste-se na atualidade ao modelo do star system, que transformou as épicas populares em anedotas do jet set. De modelos populares e de ascensão social, as estrelas do esporte se transformaram em figuras efêmeras, da duração de um programa de televisão.
O esporte latino-americano acompanhou historicamente as narrativas modernas de inclusão dos cidadãos, complementando e às vezes contradizendo as ações estatais, criando a possibilidade de construções épicas nas quais os atores populares apareciam como legítimos nos repertórios nacionais. Pode-se comprovar como nos últimos anos isso se tornou puro discurso, uma operação meramente imaginária, apenas um tópico publicitário. Um neonacionalismo de mercado , no qual a vitória do futebol da Costa Rica sobre os EUA, em 1990 ou 2002, ou do tenista chileno Marcelo Ríos no final da década de 1990, permite o desenvolvimento de uma retórica falsa e, tardiamente, nacionalista.
No entanto, essas mudanças não são uma clausura definitiva. O esporte pode voltar a transformar-se em uma possibilidade democrática inclusiva, mas somente se os mecanismos de inclusão se politizarem, entendendo como política a operação de repor toda ação em um contexto de totalidade que lhe atribua pleno sentido. Isso exige que a ação social, por social e política, não seja um jogo retórico, um simples jogo de narrativas épicas. Para tanto, é imprescindível superar o fato de que o esporte ajudou a construir ou a reforçar identidades locais tribalizadas, radicalizadas até a violência (a oposição costa/serra no Equador, por exemplo, ou porto/interior na Argentina). E que, ao mesmo tempo, o discurso esportivo jornalístico se transformou em um dos principais reprodutores e difusores dos estereótipos excludentes: locais, ao interior de cada caso nacional, mas também internacionais, promovendo as oposições nacionais balcanizadoras : Argentina/Brasil, Peru/Equador, Honduras/El Salvador (que se enfrentaram, numa guerra em 1969, em uma partida rotulada de guerra do futebol) são alguns exemplos. Lamentavelmente, não os únicos. Nem os últimos.
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