A Guerra do Futebol, também conhecida como Guerra das Cem Horas, foi um conflito militar de curta duração – cerca de cinco dias –, envolvendo Honduras e El Salvador, em 1969. A tensão entre os beligerantes remontava a questões internas de ambos os países. Honduras argumentava que a relação econômica com El Salvador se apresentava desigual, na medida em que exportava produtos agrícolas baratos e consumia bens industrializados mais caros. A burguesia hondurenha pressionou o governo militar de Osvaldo López Arellano para que retirasse o país do Mercado Comum Centro-Americano (MCCA). Defendia também o boicote aos produtos salvadorenhos e a não renovação do tratado que permitia a entrada de imigrantes salvadorenhos, o que na prática significava o repatriamento de 11 mil cidadãos de El Salvador. Aplicando a Lei de Reforma Agrária de 1962, o governo hondurenho tomou terras ocupadas por salvadorenhos, distribuindo-as para camponeses de Honduras.
Nesse quadro, as duas partidas das eliminatórias da Copa do Mundo de 1970 entre Honduras e El Salvador acirraram os ânimos. Distúrbios em San Salvador e Tegucigalpa expressaram o grau de tensão entre os dois países, atiçados pelas respectivas mídias que inflamavam sentimentos nacionalistas. Dessa forma, em 14 de julho de 1969, o Exército salvadorenho atacou, avançando rapidamente sobre o território de Honduras.
A imediata resposta da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao evento garantiu a negociação de um cessar-fogo em 20 de julho. No início de agosto, os últimos soldados salvadorenhos deixaram o território de Honduras. Somente em 30 de outubro de 1980, os dois países acertaram as fronteiras entre si e assinaram um tratado de paz, pondo fim ao estado de beligerância.