A Campanha Continental contra a ALCA (CCCA) é o espaço de coordenação continental que agrupa um amplo conjunto de organizações, movimentos sociais e campanhas nacionais e regionais do hemisfério americano com o objetivo de unir forças e desenvolver ações contra a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e o livre-comércio. Procura também fomentar uma integração continental alternativa com base na democracia, na participação e na soberania populares, na igualdade, na solidariedade, no respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos.
A proposta de impulsionar a conformação de uma campanha continental contra a ALCA, orientada a aprofundar, ampliar e fortalecer a articulação de ações e a coordenação dos esforços regionais para o combate a esse acordo, surgiu em 2001 e foi debatida no I Encontro Hemisférico de Luta contra a ALCA (Havana, Cuba). Promovida por um conjunto de organizações sociais e a Aliança Social Continental (ASC), a CCCA foi lançada no II Fórum Social Mundial (FSM, Porto Alegre, Brasil, 2002).
A campanha se propôs a estimular e apoiar a organização popular orientada para a luta contra a ALCA; promover a organização e a coordenação de mobilizações nacionais, regionais e hemisféricas contra esses acordos e o modelo neoliberal; realizar mobilizações e encontros antes e durante as reuniões governamentais de negociação, demandando e promovendo o fim destas; e impulsionar a realização de consultas populares nos diversos países, assim como exigir e pressionar para que se realizem referendos oficiais sobre a ALCA. Como parte dessa iniciativa continental, foram realizadas, entre outras, consultas populares no Brasil (2002, aproximadamente 10 milhões de votantes), Argentina (2003, aproximadamente 2,25 milhões votantes) e Paraguai (2003, aproximadamente 160 mil votantes), organizadas pelas diferentes convergências em nível nacional.
Por outro lado, a Campanha Continental também destinou seus esforços para apoiar e trabalhar em um permanente monitoramento das negociações oficiais, assim como para impulsionar a difusão de informação e produção de material didático sobre o tema e a organização de debates e seminários de análise e formação.
A CCCA conta com uma secretaria operacional permanente. Além disso, concebida como um espaço amplo e aberto à participação das organizações e dos movimentos sociais do continente, tem nos Encontros Hemisféricos de Luta contra a ALCA (Havana, Cuba; 2001-2005) e nas Cúpulas dos Povos (que se realizam paralelamente às Cúpulas de Presidentes das Américas), assim como no decorrer do processo do Fórum Social Mundial, seus espaços privilegiados de debate continental.
A partir de 2002, em face da dinâmica das negociações sobre acordos de livre-comércio e dos intentos de revitalizar as negociações com a Organização Mundial do Comércio (OMC), a CCCA definiu um plano de ação que não se restringia à consideração da ALCA, mas incorporava também a OMC, os Tratados de Livre-Comércio (TLC), os acordos regionais (por exemplo, o Plano Puebla – Panamá), os planos de militarização do continente (por exemplo, o Plano Colômbia) e a problemática do endividamento externo. O bloqueio das negociações da ALCA a partir de 2003 e o impulso que os Estados Unidos deram aos TLC plurilaterais (com o Chile, América Central, República Dominicana, Panamá, Colômbia, Peru e Equador) levaram ao questionamento do “livre-comércio” e dos diferentes instrumentos da estratégia neocolonizadora (militarização, dívida externa etc.), assim como significaram o desafio de promover e apoiar as coordenações regionais em face das negociações dos diferentes TLCs. Nesse processo, e durante os debates ocorridos no IV Encontro Hemisférico de Luta contra a ALCA (Havana, Cuba, 2005), a CCCA afirmou e aprofundou seu questionamento ao neoliberalismo e ao projeto imperial do governo dos Estados Unidos para a região, assim como seus esforços e debates sobre os caminhos de construção de uma integração hemisférica alternativa.