O encontro internacional das esquerdas surgiu inspirado nas manifestações de protesto contra o Fórum Econômico de Davos, realizado anualmente em janeiro, na Suíça. Resolveu-se, a partir de janeiro de 2001, realizar um Fórum próprio, de caráter social. O lema escolhido para caracterizar o movimento foi “um outro mundo é possível”, para contrariar o Consenso de Washington. A escolha de sua sede recaiu sobre Porto Alegre, capital do Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, por estar em um continente globalizado, em um país que dispunha de uma esquerda forte e em uma cidade notabilizada pelas políticas de orçamento participativo, caracteristicamente antineoliberais. A capital gaúcha foi sede permanente do Fórum até 2005. Em virtude da derrota eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT) para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), no Rio Grande do Sul, em 2002, e em Porto Alegre para o Partido Popular Socialista (PPS), em 2004, o encontro de 2006 foi realizado em Caracas, na Venezuela.
Realizado em janeiro de 2001, simultaneamente ao encontro de Davos, o primeiro Fórum Social Mundial reuniu 20 mil pessoas de 117 países, de todos os continentes. Para coordená-lo, foi organizado um comitê composto de seis ONGs brasileiras e dois movimentos sociais – o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Desde então foram realizados sucessivamente vários fóruns em Porto Alegre e um deles em Mumbai, na Índia, sempre em janeiro. Em 2005, decidiu-se que o Fórum ocorreria a cada dois anos, com fóruns regionais alternados. Em janeiro de 2006 foram realizados três fóruns: em Caracas (Venezuela), Bamako (Mali) e Karachi (Paquistão).
O FSM teve grande sucesso ao funcionar como catalisador da resistência dos movimentos sociais e de outras forças populares e cidadãs aos modelos neoliberais. No entanto, avançou menos na formulação de alternativas ao neoliberalismo, porque a predominância de organizações não governamentais na direção impôs fortes limitações nesse sentido.
A primeira dessas limitações foi a de restringir a participação nos Fóruns a organizações da chamada “sociedade civil”, eliminando não apenas as forças políticas, mas também as temáticas políticas, entre elas a democratização do Estado, as estratégias de construção de um poder alternativo e o próprio orçamento participativo – responsável pela escolha de Porto Alegre como sede permanente dos fóruns.
A segunda foi atuar de forma secundária na luta contra as políticas imperiais de guerra levadas a cabo pelos Estados Unidos, ficando ausente de um tema central no mundo depois dos atentados de setembro de 2001, incluindo as guerras do Afeganistão e do Iraque, assim como os conflitos da Palestina e da Colômbia, entre outros.
Essas limitações fazem com que os fóruns venham se repetindo, sempre com grande presença, entusiasmo e enorme espírito de fraternidade e de solidariedade, porém sem avançar na formulação de alternativas. Entre seus organizadores predomina a visão de que o FSM trata mais de eventos de testemunho e de confronto de experiências do que de construção real de propostas globais e de forças sociais, políticas e culturais para sua realização.
No entanto, por ser um espaço de relativa autonomia em relação à hegemonia dos Estados Unidos no mundo, reunindo grande parte de movimentos da América Latina, da Europa ocidental – principalmente –, mas também dos Estados Unidos, da África e da Ásia, o FSM goza de um potencial de organização e de construção de alternativas que mantém seu prestígio e sua capacidade de mobilização.
Em 2005, o Fórum Social Mundial voltou a Porto Alegre e contou com representantes de mais de 130 países. A partir de 2006, as sedes privilegiaram países da África, Ásia e América Latina. Em 2012, o Fórum voltou ao Brasil com o tema “Crise capitalista, justiça social e ambiental” e, em 2013, a Tunísia sediou o evento que discutiu o tema “Dignidade”.