Escola das Américas

Escola de treinamento do Exército dos Estados Unidos, foi fundada em 1946, no Panamá, no início da Guerra Fria, com a finalidade de formar militares da América Latina e do Caribe na doutrina da segurança nacional – cujos desdobramentos militares incluíam os métodos de contrainformação, interrogatório (com métodos de tortura e execução sumária), guerra psicológica, inteligência militar e ação de contrainsurreição. O manual de contrainteligência da escola definia como inimigos os que “pertencessem a organizações sindicais”, “distribuíssem propaganda a favor dos trabalhadores ou de seus interesses”, “simpatizassem com manifestações ou greves” ou ainda fizessem “acusações sobre o fracasso do governo em solucionar as necessidades básicas do povo”. Os Estados Unidos se valiam do controle de parte do território panamenho pelos Tratados do Canal do Panamá para desenvolver cursos que formaram várias gerações de militares do continente.

Entre os formados pela escola estão o general boliviano Hugo Banzer; o general panamenho Manuel Antonio Noriega; o líder do esquadrão da morte de El Salvador, Roberto D’Aubuisson; o general Héctor Gramajo, ex-ministro da Guatemala, acusado por vários massacres nesse país; e o general Leopoldo Galtieri, militar argentino, participante de uma das juntas militares da ditadura. O jornal panamenho La Prensa a chamava de “escola para assassinos”. Jorge Illueca, ex-presidente do Panamá, chamou-a de “base gringa para a desestabilização da América Latina”.

No marco dos acordos Omar Torrijos – Carter, de devolução do Canal do Panamá, assinados em 1977, o governo dos Estados Unidos aceitou retirar do país a Escola, em 1999, no fim dos Tratados do Canal, transferindo-a para Fort Benning, na Geórgia, com o nome de Escola de Treinamento e Doutrina do Exército dos Estados Unidos, o que se deu em 1984. Reeditou-se, com algumas mudanças, o manual de 1963, denominado a partir desse momento de Manual de Treinamento para a Exploração de Recursos Humanos. A escola foi desativada em 2000. No início de 2001, surgiu o Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança (Whinsec), considerado uma certa continuação da Escola das Américas.

A organização não governamental SOA Watch monitora as atividades do Whinsec e luta pelo seu fechamento. Nos últimos anos, Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Nicarágua não têm aceitado ajuda nem parcerias com o Instituto para treinamento militar.