A origem dos piqueteiros está vinculada ao desemprego estrutural de longa duração na Grande Buenos Aires e em diversas localidades do interior, gerado a partir da crise econômica e social que atravessava a Argentina, principalmente, desde 1996, em decorrência da qual se multiplicaram os protestos e as reivindicações econômicas e sociais, tanto pelos piquetes como por outros métodos.
O termo piqueteiros se aplica às pessoas que utilizam o piquete como método de protesto. Esse método consiste na ocupação e no fechamento de ruas, estradas ou pontes, reivindicando planos de ajuda para as pessoas desempregadas, amparo legislativo e melhoras de infraestrutura locais. Os piquetes não são uma novidade no âmbito dos protestos sociais, porém se multiplicaram de forma vertiginosa a partir dos acontecimentos ocorridos entre 20 e 26 de junho de 1996 na cidade de Cutral-Có, no Estado de Neuquén, quando um grupo de trabalhadores, demitidos da YPF, e os moradores da cidade cortaram a estrada 22 protestando pelo fechamento da planta industrial da empresa.
Os piqueteiros estão organizados em agrupamentos zonais que confluem a três blocos: a Central de Trabalhadores Argentinos (CTA), a Corrente Classista e Combativa (CCC) e o Bloco Piqueteiro. Os principais agrupamentos são o Movimento Bairros de Pé, o Polo Operário (PO), o Movimento Teresa Rodríguez (MTR), o Movimento Territorial de Libertação (MTL), a Frente Única de Trabalhadores Desempregados (Futrade), o Movimento Independente de Aposentados e Desempregados (MIJD), o Movimento Sem Trabalho Teresa Vive e a Coordenadoria Aníbal Verón. Em cada grupo, as decisões são tomadas mediante o voto em assembleias, razão pela qual variam suas formas de ação e a intensidade dos piquetes.
A maioria desses agrupamentos tem filiação ou está sob a influência política, em geral, de partidos de esquerda. Por meio deles, os diferentes grupos de piqueteiros recebem, mensalmente, os 128 mil planos de assistência a desempregados que o Estado reparte atualmente e se ocupam de distribui-los entre seus membros. Ocupam-se, além disso, de coordenar as diversas atividades que os piqueteiros realizam, tanto políticas como sociais, já que, como complemento do protesto social, têm sob sua administração refeitórios, enfermarias e numerosos espaços de assistência e contenção social.
Devido a sua forma de ação, os piqueteiros têm uma relação conflitiva com a sociedade, pois parte dela não está de acordo com o método de reivindicação utilizado, tampouco com o outorgamento dos planos de assistência aos desempregados.
No final da primeira década dos anos 2000, o movimento piqueteiro criou uma "outra trincheira de luta": a Barricada TV, uma emissora de televisão comunitária, que transmite em ondas curtas e que também pode ser sintonizada pela internet. A Barricada é uma alternativa ao discurso único da grande imprensa argentina e sua existência se concretizou graças à Ley de Medios, de 2009, que desmontou a concentração dos meios de transmissão audiovisuais no país.