Cantor, compositor e político, Gilberto Gil passou parte da infância em Ituaçu, interior da Bahia. No fim dos anos 1950, fazia parte, como acordeonista, do conjunto musical Os Desafinados. Nessa época, João Gilberto e a bossa nova, gênero musical que apresentou um novo jeito de tocar o samba, influenciado pelo jazz, foram uma referência importante para o artista.
Em 1961, começou a cursar administração de empresas na Universidade da Bahia e adotou o violão como instrumento. Dois anos depois gravou, pela JS Discos, o disco de estreia, Gilberto Gil: sua música, sua interpretação, um compacto duplo com quatro músicas de sua autoria. Nessa época conheceu Caetano Veloso.
Em 1964, ao lado de Maria Bethânia, Gal Costa, Tom Zé e outros, apresentou o show Nós, por exemplo, que inaugurou o Teatro Vila Velha de Salvador. Concluiu o curso de administração de empresas e foi para São Paulo no ano seguinte, para trabalhar como estagiário na Gessy Lever. Conheceu Chico Buarque e fez parcerias com os letristas Capinan e Torquato Neto. Participou, ao lado de Caetano, Gal, Bethânia e Tom Zé, do Arena canta Bahia, espetáculo dirigido por Augusto Boal e encenado no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo.
No ano seguinte, foi contratado pela Philips para fazer o seu primeiro LP. Abandonou o emprego na Gessy Lever e mudou-se para o Rio de Janeiro. Participou de programas como o Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina, na TV Record. Concorreu como compositor no I Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, com “Minha senhora”, uma parceria com Torquato Neto, interpretada por Gal Costa. No II Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, em São Paulo, classificou-se em quinto lugar com a canção “Ensaio geral”, na voz de Elis Regina.
Em 1967, foi contratado pela TV Excelsior, de São Paulo, para fazer o programa Ensaio Geral. Gravou seu primeiro LP, Louvação. Participou do III Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, e sua música “Domingo no parque”, com o acompanhamento dos Mutantes, foi classificada em segundo lugar. No fim dos anos 1960, surgiu o Tropicalismo, movimento de vanguarda da música popular brasileira do qual participaram, além de Gil e Caetano Veloso, Torquato Neto, Capinan, Tom Zé, Gal e os arranjadores Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzella. O marco desse movimento foi o LP Tropicália ou panis et circensis, lançado em 1968. Nesse ano, com a decretação do Ato Institucional nº 5 pela ditadura militar, Gil e Caetano ficaram detidos por dois meses em um quartel do Exército. Depois de soltos, embarcaram para Londres.
Quando voltou do exílio, Gil lançou em 1976 o LP Expresso 2222. Em 1978, participou do famoso Festival de Montreux. Em 1979, lançou o LP Realce, que continha a música “Não chore mais”, uma versão de “No woman, no cry”, de Bob Marley. Seu primeiro disco internacional, Nightlife, produzido por Sérgio Mendes, foi lançado nos Estados Unidos.
Sempre se interessou por política e foi eleito vereador em Salvador, em 1988, ano em que lançou o livro O poético e o político. É ativo integrante do Partido Verde e criou a Fundação Onda Azul. Compôs a trilha dos filmes Quilombo (1984), de Carlos Diegues; Jubiabá (1986), de Nelson Pereira dos Santos; e Um trem para as estrelas (1987), de Diegues.
Nos anos 1990, foi homenageado pelo X Prêmio Shell de Música Brasileira pelo conjunto de sua obra. Lançou o disco Parabolicamará e, em 1993, com Caetano Veloso, o Tropicália 2, para homenagear os 25 anos do Tropicalismo. Em 1997, apareceu o disco Quanta, premiado com o Grammy na categoria World Music. Em 2000, realizou o primeiro trabalho ao lado de Milton Nascimento, o show e o CD Milton e Gil, lançado no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Nesse mesmo ano fez a trilha sonora do filme Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington, baseada na obra de Luiz Gonzaga.
Foi ministro da Cultura entre 2003 e 2008. No período, viabilizou projetos de valorização das comunidades étnicas, especialmente as afro-brasileiras. Reativou a Funarte, incentivou as produções circenses e criou a Caravana de Circulação de Espetáculos, que levou companhias de teatro e de dança para mais de quinhentas cidades brasileiras. Em sua gestão institucionalizou uma política em prol da socialização das novas tecnologias. Criou os Pontos de Cultura, a fim de fomentar modalidades de cultura popular. Em 2015, completou 50 anos de carreira artística. É casado com Flora Gil, com quem teve três filhos, além dos cinco de casamentos anteriores, com Belina de Aguiar e Sandra Gadelha.