Nome oficial |
Saint Vincent |
Localização |
Caribe. Ilha entre o mar do Caribe e o oceano Atlântico norte, ao norte de Trinidad e Tobago |
Estado e Governo¹ |
Parlamentarismo |
Idiomas² |
Inglês (0ficial) e crioulo (de base inglesa) |
Moeda¹ |
Dólar do Caribe oriental |
Capital¹ |
Kingstown |
Superfície¹ |
389 km² (São Vicente 344 km²) |
População² |
109.316 hab. (2010) |
Densidade |
282 hab./km² (2010) |
Distribuição da população⁴ |
Urbana (48,79%) e |
Composição étnica¹ |
Negros (66%), mestiços (19%), indianos do leste (6%), europeus (4%), ameríndios caribenhos (2%), outros (3%) |
Religiões¹ |
Protestantes (75%), católica romana (13%), outras (12%) |
PIB (a preços constantes de 2010)⁵ |
US$ 697,3 milhões (2013) |
PIB per capita (a preços constantes de 2010)⁵ |
US$ 6.375,1 (2013) |
IDH⁶ |
0,719 (2013) |
IDH no mundo |
91° e 17° |
Eleições |
Governador-geral indicado pela rainha da Inglaterra. Legislativo unicameral composto pela Assembleia de 21 membros, sendo 6 indicados e 15 eleitos por sufrágio universal para um mandato de 5 anos. Após as eleições legislativas, o líder do partido majoritário é usualmente nomeado pelo Governador-Geral como primeiro-ministro. |
Fontes:
¹ CIA. World Factbook
² Ethnologue: Languages of the World
³ ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
⁴ ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
⁵ CEPALSTAT
⁶ ONU/PNUD. World Development Report, 2014
O país é formado por um conjunto de ilhas das Pequenas Antilhas, no Caribe. Ao todo são 36, incluindo a maior delas, São Vicente e Granadinas. Situado entre o mar do Caribe e o Atlântico norte, São Vicente fica ao norte de Santa Lúcia; ao sul de Granada; e a leste de Barbados. A superfície das ilhas soma 389 km², e desse total 344 km² correspondem à ilha de São Vicente. O restante divide-se entre as ilhotas conhecidas como Granadinas do Norte. A capital do país é Kingstown.
O país tem 109 mil habitantes. Cerca de 85% da população é formada por descendentes de escravos africanos. Os descendentes dos trabalhadores indianos, trazidos para substituir os escravos negros depois da abolição, representam uma importante minoria étnica (6%). Outros grupos relevantes, ainda que menores, são os descendentes de portugueses – também trazidos como trabalhadores – e os colonizadores ingleses e franceses. Os nativos, ameríndios, são estimados em 2% da população. O idioma oficial é o inglês, mas também é falado no país um dialeto que mistura idiomas africanos com elementos do francês e do inglês.
A ilha de São Vicente teria sido avistada por Cristóvão Colombo em sua viagem de 1498, em 22 de janeiro, dia de São Vicente para os católicos espanhóis. Foram estes que, apesar de não terem se estabelecido na ilha, batizaram-na com o nome do santo de sua devoção. Os primeiros habitantes do conjunto de ilhas foram os índios siboneis, há cerca de 6 mil anos. Muito tempo depois vieram os aruaques, oriundos do norte da atual Venezuela, que se estabeleceram em São Vicente atraídos por seus vales férteis e pelas águas piscosas. Formavam uma sociedade extremamente pacífica, que acabou cedendo lugar, no século XIV, para os belicosos caribes. A miscigenação ocorrida entre os aruaques poupados na conquista e os caribes deu origem aos chamados yellow caribs (caribes amarelos) ou red caribs (caribes vermelhos).
Resistência ativa aos colonizadores
Em 1635, escravos africanos sobreviventes do naufrágio de dois navios espanhóis chegaram a São Vicente, tornando-se o primeiro grupo não americano a fixar-se na ilha. Os black caribs ou garifunas, como foram chamados os descendentes da mistura entre negros e caribes, passaram a diferenciar-se do grupo original, exclusivamente caribe ou yellow carib. Todos esses povos notabilizaram-se pela aguerrida resistência contra os colonizadores europeus – sobretudo os ingleses – que tentaram se instalar ali. As guerrilhas e o canibalismo praticados pelos indígenas ajudavam a difundir o terror entre os que se aventuravam por lá. As plantations inglesas eram, sistematicamente, destruídas e incendiadas.
São Vicente passou a ser alvo das disputas anglo-francesas, como ocorreu com outras ilhas do Caribe. Em 1763, os ingleses finalmente saíram vitoriosos e consolidaram, com o Tratado de Paris, o domínio sobre São Vicente e Granadinas. Entre 1772 e 1773, porém, ocorreram novos conflitos, conhecidos como a Primeira Guerra do Caribe, que obrigaram os ingleses a retroceder. Alguns anos depois, em 1779, com a ajuda dos nativos, uma vez mais os franceses atacaram e ocuparam São Vicente. Em 1783, o Tratado de Versalhes deu aos ingleses a posse definitiva dos territórios, mas os caribes só foram subjugados em definitivo nos últimos anos do século XVIII.
Em 1795, estourou a Segunda Guerra do Caribe, desafiando seriamente o domínio britânico. Depois de sangrentas batalhas, em junho de 1796, os caribes viram-se forçados a desistir da luta. Cerca de 5 mil nativos se renderam durante o processo de negociação. Inicialmente, ficaram aprisionados em péssimas condições, na ilha de Baliceaux, onde quase a metade deles morreu. Os que restaram foram deportados no ano seguinte para a ilha de Roatán, próxima à costa de Honduras, e, posteriormente, espalharam-se por diversos pontos da América Central.
A tenacidade da resistência indígena fez de São Vicente a última das ilhas do Caribe a ser dominada pelos europeus. Ao longo de quase trezentos anos, espanhóis, franceses e ingleses foram desafiados pela ferocidade dos caribes de São Vicente. Sua resistência secular deixou como herança – além dos descendentes diretos, que vivem no norte do país e compõem uma minoria da população –, a cultura garífuna, dos caribes negros, que se espalhou por diversos países da América Central depois da deportação de 1797. O grande chefe caribe Chatoyer, morto em 1795, que liderou a guerra contra os ingleses, foi declarado, em março de 2002, o primeiro herói nacional de São Vicente e Granadinas.
Da cana e de Barlavento à independência
Como outras colônias da região, as ilhas passaram a ser exploradas comercialmente como produtoras de gêneros primários, sobretudo a cana-de-açúcar, o algodão, o café e o cacau. São Vicente também fez parte, desde 1833, do domínio conhecido como Ilhas de Barlavento, com sede do governo da administração britânica em Barbados – posição que seria mantida até 1959. Com a abolição completa da escravidão nas colônias inglesas, em 1834, cerca de 18 mil escravos africanos foram libertados. Gradativamente, foram trazidos para a ilha trabalhadores do subcontinente indiano.
O sufrágio universal foi estabelecido em 1951. Sete anos depois, São Vicente tornou-se membro da Federação das Índias Ocidentais (1958-1962), entidade criada pelos colonizadores ingleses. Desde 1951, sua população havia conquistado o direito de realizar eleições internas e, em 1960, uma nova Constituição concedeu maior autonomia a São Vicente e Granadinas. Durante esse período, Ebenezer Joshua foi a principal liderança política do país. Fundador do Partido Político Popular (PPP), em 1952, primeiro partido político do território, Joshua, um antigo sindicalista militante de ideias socialistas, governou, de 1956 a 1967 como ministro-chefe, cargo equivalente ao de um primeiro-ministro de um país independente. Apoiava a luta contra o colonialismo na região e contra a oligarquia dos plantadores que submetiam os camponeses a terríveis condições de trabalho.
Os passos em direção à independência foram gradativos. Em 1969, a ilha ganhou dos britânicos a condição de estado associado, o que lhe garantiu autonomia de governo para assuntos internos. O PPP e Joshua foram perdendo importância no cenário político do país no decorrer da década de 1970, até o partido ser dissolvido, em 1984. A nova situação colocou no comando o Partido Trabalhista de São Vicente (PTSV), liderado por Milton Cato, eleito ministro-chefe em 1967. As Ilhas de São Vicente e Granadinas tornaram-se oficialmente independentes da Grã-Bretanha em 27 de outubro de 1979. Como a maioria das ex-colônias britânicas do Caribe, o país já fazia parte da Comunidade Britânica (Commonwealth).
Depois da independência
Milton Cato, que já havia assumido a direção da política interna de São Vicente antes da independência, saiu novamente vitorioso em dezembro de 1979, quando foram realizadas as primeiras eleições do país recém-libertado. O quadro político da nova nação selou o virtual desaparecimento dos socialistas do PPP de Joshua (2,4% dos votos) em dezembro de 1979 e a consolidação de James Mitchell – antigo líder independente, que chegara ao poder em 1972, como ministro-chefe – na liderança do Partido Novo Democrático (PND).
Logo após as eleições, houve uma rebelião de grupos rastafáris (seguidores do rastafarianismo, seita de origem jamaicana), qualificada por Cato como tentativa de golpe de estado. Na verdade, além do resultado eleitoral, os rebeldes protestavam contra a exploração da pesca por companhias estrangeiras e a falta de atenção do governo do país. Em 1981, ocorreram grandes manifestações contra o governo, em meio à grave crise econômica e social. O estopim foi um projeto de lei que previa a pena de prisão por qualquer “ato que tivesse efeito adverso sobre o processo democrático”. Cerca de 15 mil pessoas saíram às ruas, houve greve geral e o governo recuou. Na sequência da crise, Randolph Russel fundou, naquele mesmo ano, o Partido Democrata Progressista (PDP). O novo partido nasceu com a intenção de liderar o movimento de oposição ao governo do PTSV, de Milton Cato.
Cato, que sempre assumira postura favorável aos interesses dos Estados Unidos na região, apoiou a invasão americana em Granada, chegando a enviar um simbólico contingente policial para a ação militar. A economia das ilhas encontrava-se à mercê de empresas estrangeiras, que dominavam as plantações de banana, a nascente indústria do turismo e o centro financeiro. São Vicente passou a competir com outras ilhas do Caribe como paraíso fiscal, com isenção fiscal para investimentos financeiros.
Em 1983, o primeiro-ministro decidiu antecipar as eleições, confiante na popularidade de que desfrutava em razão do apoio à invasão de Granada. No entanto, acabou derrotado pelo conservador James Mitchell, do PND, politicamente alinhado com a plataforma liberal de não intervenção do Estado. Em 1989, Mitchell foi reeleito, mantendo-se no poder por todas as eleições seguintes, até outubro de 2000, quando renunciou depois de grandes manifestações populares de protesto contra seu governo. Foi substituído por Arnhim Eustace, do mesmo partido, e, na sequência, Ralph Everard Gonsalves, do Partido Trabalhista Unido (PTU), de centro-esquerda, assumiu o governo em 2001 e até dezembro de 2015 exercia o cargo de primeiro-ministro.
Economia
O cultivo da banana continua a responder por cerca de um terço das riquezas produzidas pelo país, apesar das tentativas dos governantes de reduzir a dependência agrícola e ampliar o setor de serviços, principalmente por meio da exploração das atividades de turismo. Cerca de 80% dos produtores possuem propriedades que variam de dois a cinco acres de terra. A banana ocupa a metade da força de trabalho local e responde por cerca de 60% das exportações do país.
A exportação da banana sempre encontrou mercado protegido na Grã-Bretanha, o que permite alta lucratividade para os produtores da região, privilégio que tem sido contestado nos últimos anos no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Desde 1992, os países membros da União Europeia não se mostram dispostos a continuar subsidiando as exportações agrícolas dos países membros da Commonwealth britânica. Outra dificuldade permanente são as tempestades tropicais, que devastam a região e danificam ou destroem as plantações.
O país também é o principal produtor da araruta, matéria-prima importante na fabricação de um papel utilizado pela indústria eletrônica e de computação. A planta já era conhecida e utilizada pelos caribes como auxiliar no tratamento de feridas causadas por flechas e em picadas de cobras e insetos venenosos. Também é a base para a fabricação de um amido muito apreciado na culinária.
Boa parte da população dedica-se à ancestral atividade pesqueira, vendendo frutos do mar aos grandes complexos hoteleiros das vizinhas Santa Lúcia e Martinica. Por sua disposição em forma de colar, as ilhas Granadinas formam um espaço de águas protegidas e de rara beleza, que tem atraído, cada vez mais, turistas e navegadores de todo o mundo. Por outro lado, as catástrofes naturais já fizeram parte do cotidiano das ilhas. O vulcão La Soufrière entrou em erupção duas vezes, em 1812 e 1902, devastando grandes extensões de terra. A última erupção deixou um saldo de cerca de 2 mil mortos.
Dados Estatísticos
Indicadores demográficos e econômicos
de São Vicente e Granadinas
1950 |
1960 |
1970 |
1980 |
1990 |
2000 |
2010 |
2020* |
|
População |
67 |
81 |
90 |
101 |
108 |
108 |
109 |
110 |
• Sexo masculino (%) |
47,05 |
46,88 |
47,30 |
48,43 |
49,71 |
50,36 |
50,50 |
... |
• Sexo feminino (%) |
52,95 |
53,12 |
52,70 |
51,57 |
50,29 |
49,64 |
49,50 |
... |
Densidade demográfica |
173 |
209 |
233 |
259 |
277 |
278 |
282 |
282 |
Taxa bruta de natalidade |
49,47 |
46,27 |
38,25 |
29,22 |
23,97 |
18,64 |
16,4* |
13,9 |
Taxa de crescimento |
1,86 |
1,20 |
1,11 |
0,78 |
0,11 |
0,16 |
0,01* |
0,04 |
Expectativa de vida |
51,08 |
60,81 |
65,86 |
68,43 |
70,51 |
70,72 |
74,7* |
73,5 |
População entre |
49,35 |
49,60 |
49,72 |
43,71 |
37,95 |
31,45 |
26,51 |
23,0 |
População com mais |
3,87 |
4,04 |
4,79 |
5,75 |
6,19 |
6,93 |
6,74 |
8,5 |
População urbana (%)¹ |
21,71 |
25,94 |
30,68 |
35,87 |
41,41 |
45,19 |
48,79 |
52,28 |
População rural (%)¹ |
78,30 |
74,06 |
69,32 |
64,13 |
58,59 |
54,81 |
51,22 |
47,72 |
Participação na população |
0,04 |
0,04 |
0,03 |
0,03 |
0,02 |
0,02 |
0,02 |
0,02 |
Participação na população |
0,003 |
0,003 |
0,002 |
0,002 |
0,002 |
0,002 |
0,002 |
0,001 |
PIB (em milhões de US$ a |
… |
… |
… |
… |
376,8 |
512,4 |
681,2 |
... |
Participação no PIB |
… |
… |
… |
… |
0,014 |
0,014 |
0,014 |
... |
PIB per capita (em US$ |
… |
… |
… |
… |
3.504,9 |
4.748,7 |
6.231,7 |
... |
Exportações anuais |
… |
… |
… |
21,1 |
85,4 |
51,8 |
45,0 |
... |
Importações anuais |
… |
… |
… |
51,9 |
120,4 |
144,4 |
297,7 |
... |
Exportações-importações |
… |
… |
… |
-30,8 |
-35,0 |
-92,6 |
-252,7 |
... |
Matrículas no |
… |
… |
... |
... |
... |
19.183 |
14.435 |
... |
Matrículas no |
… |
… |
... |
… |
... |
9.679 |
11.426 |
... |
Matrículas no |
... |
... |
... |
259 |
677 |
... |
... |
... |
Índice de Desenvolvimento |
… |
… |
… |
… |
… |
… |
0,717 |
... |
Fontes: ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados de ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
² UNESCO. Institute for Statistics.
³ UNDP. Countries Profiles
* Projeção. | ** Estimativas por quinquênios. | *** Inclui o Caribe.
Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventuais mudanças) são encontradas na base de dados ou no documento indicados.
Mapas
Bibliografia
- DEFREITAS, Michael. St. Vincent: Modern Outlook, Antique Style. In: Americas. v. 42, março-abril de 1990. p. 44.
- MEDITZ, Sandra W.; HANRATTY, Dennis M. Islands of the Commonwealth Caribbean: a regional study. Washington, DC: Federal Research Division, Library of Congress, 1989.
- MUILENBURG, Peter T. Black carib bastion of freedom. In: Americas. v. 51, maio de 1999. p. 16.
- http://lcweb2.loc.gov/frd/cs/cxtoc.html
- http://www.georgetown.edu/pdba/Parties/Resumen/Vincent/desc.html
- http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/2345.htm
- http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/country_profiles/1210689.stm
- http:/www.svgtourism.com/
- http://www.garifuna.com/