Nome oficial |
Barbados |
Localização |
Caribe. Ilha no Oceano Atlântico |
Estado¹ |
Monarquia constitucional, tendo como chefe de Estado a rainha da Inglaterra, com sistema parlamentar de governo. |
Idiomas |
Inglês e bajan |
Moeda |
Dólar de Barbados |
Capital¹ |
Bridgetown |
Superfície¹ |
430 km² |
População² |
280,3 mil (2010) |
Densidade |
652 hab./km² |
Distribuição da população³ |
Urbana (32,06%), |
Composição étnica¹ |
Negros (92,4%), brancos (2,7%), mestiços (3,1%), indianos do leste (1,3%), outros (0,2%), não especificada (0,2%) (2010) |
Religiões¹ |
Protestantes (66,3%), católica romana (3,8%), outras cristãs (5,4%), rastafarianos (1%), outras (1,5%), nenhuma (20,6%), não declarada (1,2%) (2010) |
PIB (a preços constantes de 2010)⁴ |
US$ 4,5 bilhões (2013) |
PIB per capita |
US$ 15.778,8 (2013) |
IDH⁵ |
0,776 (2013) |
IDH no mundo |
59° e 6° |
Eleições¹ |
O governador-geral é indicado pela rainha da Inglaterra. O primeiro-ministro é eleito pelo Legislativo bicameral, composto pela Assembleia de 30 membros e o Senado de 21 membros, eleitos a cada 5 anos. |
Fontes:
¹ CIA. World Factbook
² ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
³ ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
⁴ CEPALSTAT
⁵ ONU/PNUD. World Development Report, 2014
Ex-colônia britânica e independente desde 1966, Barbados ocupa historicamente uma posição de liderança entre os chamados miniestados do Caribe. O país é anfitrião frequente de reuniões de caráter regional e internacional e sede de diversos organismos regionais e de representações da Organização dos Estados Americanos (OEA) e das Nações Unidas (ONU); muitas vezes com jurisdição sobre a maioria dos países do Caribe oriental. Tem participação ativa no Caricom – bloco político e econômico criado em 1973 para integrar os países caribenhos no processo de globalização. A população de Barbados em 2010 atingia 280 mil habitantes e seu Produto Interno Bruto (PIB), em 2013, foi de US$ 4,5 bilhões.
Em conjunto com a Jamaica e Trinidad e Tobago, seu governo reviu o Tratado de Chaguaramas, que criou o bloco, com o objetivo de intensificar o processo de integração e estabelecer a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais. O acordo, conhecido como Economia e Mercado Comum do Caricom, estipulou a entrada no acordo de outros onze países a partir de janeiro de 2006. Estavam previstas tarifas alfandegárias uniformes, legislação comercial semelhante, mais agilidade no reconhecimento de diplomas profissionais e padronização de normas de produção manufatureira.
Há quem avalie como arriscadas as opções de Barbados. O problema evidentemente não é a integração com Estados vizinhos, mas o recorte neoliberal assumido por esse processo – a total abertura da economia, a atração de fluxos de capitais internacionais e o compartilhamento da soberania nacional com instituições multilaterais. Uma questão recorrente entre os analistas mais críticos é esta: que futuro no mercado competitivo global terá um país que possui parcos recursos naturais e importa cinco vezes mais do que exporta (proporção com base em dados de 2002)?
Tradição e estabilidade
A posição de líder regional sustentada por Barbados pode ser explicada pela história de estabilidade política do país, uma característica rara no Caribe. A chamada Casa da Assembleia, do sistema bicameral local, foi fundada em 1639, apenas alguns anos após a chegada dos primeiros colonizadores ingleses. É um dos mais antigos Parlamentos do Ocidente e o terceiro mais antigo da Comunidade Britânica, antecedido apenas pelos da Inglaterra e de Bermudas.
Quando a ilha foi dividida em onze regiões administrativas, no ano de 1645, cada uma delas apontava dois representantes para o Legislativo, num pleito cujos eleitores eram ainda definidos por suas posses e rendas. Diante das dificuldades de relacionamento mútuo e de inserção na comunidade internacional dos miniestados caribenhos, uma tendência associativa se difundiu na região. Barbados sempre foi líder desse processo. Quando ainda era colônia, o governo barbadiano, com a aprovação britânica, liderou a criação da Federação das Índias Ocidentais, em 1958. A união das colônias de língua inglesa representava a tentativa de formação de um único Estado, que mais tarde se tornaria independente da metrópole.
O barbadiano Grantley Adams foi o primeiro a ocupar o cargo de primeiro-ministro do novo grupo. Mas, diante da intensificação dos conflitos internos, a Federação entrou em colapso e se desfez em 1962. Deixou, porém, os genes para o lançamento da Associação de Livre-Comércio do Caribe (1965-1972) e do Caricom.
Origens comuns
Um dos fatores que estimularam a aproximação entre Barbados e as nações vizinhas foi a identidade cultural. Em geral, são ex-colônias de metrópoles europeias que implantaram um sistema de produção agrícola monocultor orientado para a exportação – as plantations. O principal produto explorado era a cana-de-açúcar, introduzida em 1630 juntamente com a prática do trabalho escravo.
Após um período em expansão, uma série de reveses prejudicou a produção de açúcar no século XVII, entre elas um ataque de pragas em 1663 e um furacão de grandes proporções que devastou a ilha em 1667. Em 1720, Barbados tinha pouco destaque no mercado do açúcar se comparado a outras colônias caribenhas. O sistema de plantation se desestruturou ainda mais a partir de 1803, quando o tráfico de escravos foi proibido. A abolição aconteceu em 1834, mas foi definido um período de transição no qual os negros teriam de trabalhar 45 horas por semana para seus antigos donos. Por esse motivo, apenas em 1838 os negros comemoraram a liberdade, colocando 70 mil pessoas em festa nas ruas. Entre as músicas cantadas na celebração, uma dizia que “a rainha vem da Inglaterra para nos pôr em liberdade”.
Apesar disso, as estruturas do poder pouco se alteraram. Os negros passaram a participar discretamente do mundo político barbadiano. Muitos estudaram, migraram para as áreas urbanas e se empregaram em setores antes restritos aos brancos. Mas os ricos produtores rurais continuaram no comando da colônia. Eles não tinham condições, porém, de alterar etnicamente a composição e o destino do país. Barbados, nos dias atuais, é um país de afrodescendentes, em que nove em cada dez indivíduos são negros.
Direitos civis
As coisas só começaram a mudar a partir de 1930, quando a economia mundial ainda sofria com o abalo trazido pela queda da Bolsa de Nova York. Líderes negros oriundos da classe trabalhadora conseguiram se articular e criar uma liga para defender seus interesses junto ao governo e aos donos dos meios de produção. A principal novidade dessa época, ocorrida em 1938, foi a fundação do Partido Trabalhista de Barbados (PTB). Da sua pauta não constavam apenas a luta contra os baixos salários, a escassez de oportunidades econômicas e a ausência de direitos trabalhistas; o PTB queria também que as classes populares pudessem participar do poder.
Grantley Adams, o primeiro dirigente da Federação das Índias Ocidentais, era também o líder do novo partido, que dominou a política de Barbados pelas três décadas seguintes. Apesar de o comando do Poder Executivo da colônia ainda estar nas mãos da Inglaterra, a existência de um Legislativo bem estruturado permitiu que reformas de vários níveis fossem realizadas. Adams teve papel de destaque ao participar de comitês executivos autorizados pela metrópole. Foram realizadas reformas para beneficiar as mulheres – consideradas, até então, cidadãs de segunda categoria –, regular salários e criar uma legislação trabalhista.
Mas a grande mudança veio em 1951, quando o sufrágio universal foi adotado na ilha. Nas eleições, o PTB obteve 15 das 17 cadeiras e ainda conseguiu eleger a primeira mulher para a Casa da Assembleia. Em 1954, a luta por mais autonomia conquistaria mais uma grande vitória: Adams tornou-se o primeiro premiê de Barbados, ainda que sob a bênção da Inglaterra.
Trabalhistas versus democratas
Ainda na década de 1950, um racha no PTB deu origem ao Partido Trabalhista Democrático (PTD). Seu líder, na época, era Errol Walton Barrow, ex-piloto da Real Força Aérea durante a Segunda Guerra Mundial. Com a vitória conquistada em 1961, o PTD indicou Barrow, então parlamentar, como primeiro-ministro da colônia. Foi ele que liderou as negociações pacíficas com a Inglaterra para que Barbados se tornasse uma nação independente, o que foi garantido pelo Parlamento inglês, em 1966. Mas os vínculos com a Inglaterra permaneceram na cultura, na língua, nos esportes – o criquete é um dos favoritos – e principalmente no sistema político. Como parte da comunidade britânica, Barbados adotou o sistema da Monarquia Parlamentar, no qual a chefia do Estado fica nas mãos da rainha Elizabeth II, que indica o governador-geral barbadiano. Este nomeia o primeiro-ministro, geralmente o líder do partido ou da coalizão majoritária.
Indicado para o governo, Errol Walton Barrow ganhou fama por incentivar o processo de diversificação da agricultura da ilha, então muito dependente da decadente indústria do açúcar. Também iniciou a exploração do potencial turístico local, cujos mar azul e dias ensolarados servem de inspiração desde os primeiros colonizadores. Ele permaneceu no poder até 1976 – quando foi criticado por intervir no Judiciário e perdeu popularidade e as eleições legislativas para o PTB, que voltou à chefia do governo.
Ao longo dos anos, os dois partidos mantiveram a alternância de poder, como protagonistas da política nacional. Dessa forma, o Partido Nacional de Barbados (PNB), de viés conservador, jamais conseguiu superar sua condição de terceira força partidária.
Desafios
Em setembro de 1994, Owen Seymour Arthur assumiu a chefia de governo aos 44 anos, tornando-se o mais novo primeiro-ministro a assumir o país. Formado em economia e história, iniciou sua vida profissional na Jamaica, primeiro na Universidade das Índias Ocidentais e depois na Agência Nacional de Planejamento, ainda nos anos 1970. Na década seguinte, voltou a Barbados e entrou para a vida pública. Foi membro indicado do Senado, presidente do PTB e líder da oposição até 1993.
Arthur manteve seu partido no poder apesar dos sucessivos choques externos da década de 1990. Em 1994, o PTB obteve 19 das 28 cadeiras da Casa da Assembleia: o PTD, então no poder, ficou com apenas 8, e o pequeno Partido Democrático Nacional ficou com 1. No pleito de 1999, o domínio do partido de Arthur aumentou: obteve 26 assentos e os democratas apenas 2. Em em 2003, o número total de cadeiras passou para 30 e o PTB conquistou 23, enquanto o PTD ficou com as outras sete. John Howard Thompson, do PTD, foi indicado primeiro-ministro depois que seu partido obteve a maioria nas elelições de 2008. Thompson governou até outubro de 2010, quando faleceu devido a um câncer no pâncreas. Foi substituído por Freundel Stuart.
Indicadores demográficos e socioeconômicos de Barbados
1950 |
1960 |
1970 |
1980 |
1990 |
2000 |
2010 |
2020* |
|
População |
211 |
231 |
239 |
249 |
259 |
267 |
280 |
294 |
• Sexo masculino (%) |
45,97 |
44,80 |
47,00 |
47,62 |
48,10 |
49,77 |
49,87 |
... |
• Sexo feminino (%) |
54,03 |
55,20 |
53,00 |
52,38 |
51,90 |
50,23 |
50,13 |
... |
Densidade demográfica (hab./km²) |
491 |
537 |
555 |
579 |
603 |
621 |
652 |
... |
Taxa bruta de natalidade |
34,45 |
29,16 |
20,50 |
17,55 |
15,34 |
13,24 |
12,7* |
12,0 |
Taxa de crescimento populacional** |
1,47 |
0,38 |
0,58 |
0,44 |
0,29 |
0,47 |
0,50* |
0,42 |
Expectativa de vida |
57,21 |
62,17 |
66,03 |
69,12 |
71,65 |
73,57 |
75,3* |
76,9 |
População entre |
33,18 |
38,08 |
37,09 |
29,40 |
23,98 |
21,90 |
19,32 |
18,3 |
População com mais |
5,69 |
6,78 |
8,23 |
10,67 |
10,03 |
11,51 |
10,41 |
13,1 |
População urbana (%)¹ |
36,05 |
36,78 |
37,54 |
39,58 |
32,65 |
33,83 |
32,06 |
31,36 |
População rural (%)¹ |
63,95 |
63,22 |
62,46 |
60,42 |
67,35 |
66,17 |
67,94 |
68,64 |
Participação na população |
0,13 |
0,10 |
0,08 |
0,07 |
0,06 |
0,05 |
0,05 |
0,04 |
Participação na |
0,008 |
0,008 |
0,006 |
0,006 |
0,005 |
0,004 |
0,004 |
0,004 |
PIB (em milhões de US$ |
… |
… |
… |
… |
3.649,8 |
4.053,8 |
4.433,7 |
... |
• Participação no PIB |
… |
… |
… |
… |
0,138 |
0,113 |
0,089 |
... |
PIB per capita (em US$ |
… |
… |
… |
… |
14.073,8 |
15.172,0 |
15.812,3 |
... |
Exportações anuais |
… |
… |
47,5 |
228,9 |
219,0 |
274,9 |
424,9 |
... |
• Exportações de produtos |
… |
… |
30,70 |
45,50 |
43,30 |
47,10 |
71,70 |
... |
• Exportações de produtos |
… |
… |
69,30 |
54,50 |
56,70 |
52,90 |
28,30 |
... |
Importações anuais |
… |
… |
… |
483,6 |
627,6 |
1.030,0 |
1.398,0 |
... |
Exportações-importações |
… |
… |
… |
-254,7 |
-408,6 |
-755,4 |
-973,1 |
... |
Matrículas no |
… |
... |
... |
31.299 |
28.516 |
24.475 |
22.659 |
... |
Matrículas no |
… |
… |
... |
29.816 |
24.004 |
... |
… |
... |
Matrículas no |
… |
... |
... |
... |
4.242 |
8.074 |
13.232 |
... |
Médicos |
… |
77 |
… |
212 |
294 |
2.979 |
… |
... |
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)⁴ |
… |
… |
… |
0658 |
0,706 |
0,745 |
0,779 |
... |
Fontes: ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados da ONU.World Urbanization Prospects, the 2014 Revision
² Se incluem as reexportações, menos no ano de 1990
³ UNESCO Institute for Statistics
⁴ Fonte: UNDP. Countries Profiles
* Projeção. | ** Estimativas por quinquênios. | *** Inclui o Caribe.
Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventuais mudanças) são encontradas na base de dados ou no documento indicados.
Mapas
Bibliografia
- BECKFORD, George L. Persistent poverty: Underdevelopment in Plantation Economies of the third world. 2. ed. Kingston: University of the West Indies Press, 1999.
- BOXILL, Ian. Ideology and caribbean integration. Kingston: University of the West Indies Press, 1997.
- IMF (2005) – Barbados: Article IV consultation report – Country report n° 05/297 (Disponível em: www.imf.org).
- MCGREGOR, Ducan; BARKER, David; EVANS, Sally Lloyd. Resource sustainability and caribbean development. Kingston: University of the West Indies Press, 1997.
- THOMPSON, Alvin. The hauting past: politics, economics and race in caribbean life. Nova York: M. E. Sharpe, 1997.