Historiador, sociólogo e filósofo, Sergio Bagú foi um dos mais influentes pensadores da América Latina, devido à sua interpretação da história da conquista do continente a partir do enfoque do desenvolvimento do capitalismo. Deu aulas na Argentina, no Chile, nos Estados Unidos, na Venezuela, no Peru e no Uruguai. Deixou seu país em 1966, devido a perseguições políticas e, em 1974, tornou-se professor e pesquisador da Universidade Autônoma do México (UNAM). Morreu nesse país aos 91 anos de idade.
Desde a publicação de Economía de la sociedad colonial (1949), Bagú questionou o pretenso passado feudal da América Latina. Segundo sua concepção, as colônias espanholas e portuguesas constituíam um capitalismo colonial. Ele também destacou o papel do colonialismo e do tráfico de escravos na acumulação primitiva de capital. Essas ideias influenciariam diversos intelectuais, dentre eles os brasileiros Caio Prado Júnior e Florestan Fernandes.
Outro trabalho importante, Estructura social de la colonia (1952), ajudou a quebrar o isolamento entre as diferentes ciências sociais na América Latina. Bagú reconhecia a pluralidade de variáveis políticas, sociais e econômicas presentes no contexto histórico da região. Para ele, a busca do sociólogo por uma perspectiva histórica de sua análise, bem como a do historiador que se volta para uma análise sociológica de uma conjuntura, permite atravessar a fronteira da especialidade, enriquecendo a própria capacidade analítica.
Autor de Marx–Engels: diez conceptos fundamentales. Génesis y proyección histórica (1972), Bagú desenvolveu em seus textos um marxismo e um socialismo latino-americanos, tendo como uma de suas principais referências o peruano J. C. Mariátegui. Dessa forma, não se limitou a importar ideias do marxismo: buscou entender a América Latina para então dialogar dialeticamente com o ideário marxista, apontando para a transformação do continente. Foi essa a perspectiva de Argentina 1875-1975: población, economía, sociedad (1983).
Essa trajetória valeu a Sergio Bagú o reconhecimento internacional. Em 1990 ganhou, no México, o Prêmio Universidad Nacional. Em 1993, na Argentina, o prêmio Aníbal Ponce. Também foi homenageado pelo Conselho de Cooperação com a Cultura e a Ciência de El Salvador, com o Prêmio Especial Roque Dalton. E a Universidade de Buenos Aires lhe conferiu, em 2001, o doutorado honoris causa .