Puig, Manuel

General Villegas (Argentina), 1932 - Cuernavaca (México), 1990

Com a publicação do romance La traición de Rita Hayworth, em 1968, após três anos de espera diante da censura velada das editoras, o escritor argentino imprimiu um traço de originalidade à história da literatura hispano-americana. Todo escrito em diálogos, o livro inicia a estética de uma nova forma de narrar, porque entremeia à narrativa fragmentos de radionovelas, diários, diálogos telefônicos, produzindo um efeito de leitura que intenta despertar no leitor a sensação de ouvir os relatos narrados. Esse efeito Puig, como o denominou o compatriota Ricardo Piglia, é a marca que se perpetua por toda a obra composta de romances, roteiros de cinema e peças de teatro.

Sua prosa também é permeada pela temática do erotismo, do universo cinematográfico focado na trajetória ficcional de estrelas hollywoodianas, da psicanálise e do folhetim (Los ojos de Greta Garbo, 1993).

Quase toda a sua produção literária foi realizada fora da Argentina, depois de ir para a Europa, nos anos 1960, estudar cinema. Morou no Rio de Janeiro e estabeleceu profundas ligações com o Brasil, das quais resultaram o romance Sangue de amor correspondido (1982) e a adaptação de El beso de la mujer araña (1976) para o cinema pelo diretor argentino-brasileiro Hector Babenco.

O estilo paródico com que desenvolve as tramas, contextualizando personagens com traços de estética kitsch em mundo fantasioso e pop, obteve da crítica péssima recepção no início dos anos 70. Foi depois da publicação de La traición que apareceram elogios de nomes como os de Emir Rodríguez Monegal, Severo Sarduy e Juan Goytisolo.

A exemplo do brasileiro Roberto Drummond, retrata o mundo sob um viés estético político que incorpora ao plano literário as linguagens dos meios de comunicação de massa. Outras obras: Boquitas pintadas (1969); Pubis angelical (1979).