A Ação Global dos Povos (AGP) é uma rede mundial de movimentos sociais, responsável pela invenção dos “dias de ação global”. Foi criada para combater o livre-comércio e a Organização Mundial do Comércio (OMC). Não é uma organização formal, com sócios, membros regulares ou porta-vozes oficiais, mas uma rede de comunicação e coordenação de lutas em escala global, baseada apenas em princípios comuns: a rejeição ao capitalismo e a todas as formas de dominação e opressão. Tem uma filosofia organizacional fundamentada na descentralização, na autonomia, na desobediência civil e na ação direta.
A organização da AGP se limita a um secretariado rotativo e a um grupo de convocantes, também rotativos, encarregados de lançar os chamados para os dias de ação global, que se tornaram famosos pelas siglas compostas da inicial do mês, em inglês, e do dia das manifestações. Alguns desses dias foram especialmente bem-sucedidos, como o J18 (de junho de 1999), quando mais de cinquenta cidades se manifestaram contra a reunião do G-7 em Colônia, na Alemanha; o N30, por ocasião das manifestações contra o encontro da OMC em Seattle, nos Estados Unidos, em novembro de 1999; e, principalmente, o S26, quando mais de cem cidades em todo o mundo, diversas delas latino-americanas, protestaram contra o encontro do FMI e do Banco Mundial em Praga, na República Tcheca, em setembro de 2000. O S26 provavelmente significou o ponto mais alto do movimento antiglobalização e dos dias de ação global.
A AGP foi concebida por representantes de dez “novos” movimentos sociais que participavam do II Encontro Intercontinental pela Humanidade e contra o Neoliberalismo, promovido pelos zapatistas, na Espanha, em 1997. Sua fundação efetiva ocorreu em uma conferência com mais de trezentos delegados de 71 países, realizada em Genebra, na Suíça, em fevereiro de 1998.
Os encontros da AGP, além de servir para o intercâmbio de experiências entre movimentos como o dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil, são momentos de reflexão mais aprofundada sobre a natureza, os objetivos e as táticas de ação da rede. Desde a fundação da AGP, em 1998, foram realizados dois encontros globais: em Bangalore, na Índia, em 1999, e em Cochabamba, na Bolívia, em 2001. Um encontro no Nepal, marcado para 2005, teve de ser cancelado por problemas de conjuntura política local. Os encontros da AGP deram sequência às reuniões globais de movimentos sociais que tiveram início com o I Encontro Intercontinental pela Humanidade e contra o Neoliberalismo, realizado pelos zapatistas em Chiapas, em 1996, e precedeu os encontros anuais do Fórum Social Mundial (FSM), que tiveram início em 2001.