Santos, Nelson Pereira dos

Santos, Nelson Pereira dos

São Paulo (Brasil), 1928

Diretor de 35 filmes, entre longas e curtas-metragens. Formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP), ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1945. Trabalhou em vários jornais como crítico de cinema e revisor, fez teatro amador em São Paulo e, nos anos 40 e 50, militou em associações de classe e participou de congressos, encontros e manifestações em prol do cinema brasileiro. Seu primeiro curta foi o documentário Juventude (1950), em 16 mm. Foi assistente de direção de Rodolfo Nanni em O saci; de Alex Vianny em Agulha no palheiro; e de Paulo Wanderley em Balança mas não cai, todos de 1953. Por meio de um sistema de participação por cotas, com recursos escassos e influência do neorrealismo italiano, dirigiu Rio, 40 graus (1955), painel urbano da então capital federal do Brasil, com várias histórias intercaladas – esse painel prosseguiu com Rio, zona norte (1957). Afastou-se do PCB e, em 1958, produziu O grande momento (direção de Roberto Santos). Montou Barravento (direção de Glauber Rocha, 1962), dirigiu Mandacaru vermelho (1961), Boca de ouro (1963) –­ adaptado da peça de Nelson Rodrigues e seu primeiro êxito de bilheteria – e Vidas secas (1963), transposição do clássico romance homônimo de Graciliano Ramos, sobre o drama da família de retirantes do Nordeste brasileiro atingida pela seca, recebendo vários prêmios no Brasil e no exterior. O golpe militar de 1964 obrigou-o a trabalhar no Jornal do Brasil e a fazer documentários sob encomenda. Em 1967, dirigiu El justicero e, em 1968, Fome de amor. Azyllo muito louco (1971) foi adaptado de O alienista, de Machado de Assis. Como era gostoso o meu francês (1972) recuperou a história de Hans Staden, náufrago alemão prisioneiro dos portugueses e dos índios tupinambás, e alcançou excelente resultado de público. É de 1973 Quem é Beta? (Pas de violence entre nous). O amuleto de Ogum (1975), por sua vez, tematizou a criminalidade e a umbanda. Tenda dos milagres (1977) e Jubiabá (1987) basearam-se em romances de Jorge Amado. Estrada da vida (1981) focalizou os cantores sertanejos populares Milionário e José Rico. Em 1984, estreou Memórias do cárcere, da obra de Graciliano Ramos. Voltou a filmar apenas em 1994 (A terceira margem do rio), valendo-se do personagem de Guimarães Rosa. A partir de livro da historiadora Silvia Oroz e financiado pelo British Film Institute, dirigiu Cinema de lágrimas (1995). Realizou também projetos para a televisão, destacando-se os do escritor Gilberto Freyre (Casa grande & senzala, 2001) e do compositor Zé Kéti (Meu compadre Zé Ketti, 2001, curta). Seus dois filmes mais recentes são os longas Raízes do Brasil (2004), adaptado do livro homônimo do historiador Sérgio Buarque de Holanda, e Brasília 18% (2006). Foi professor de cinema em várias instituições a partir de meados dos anos 60, quando ingressou na Universidade de Brasília (UnB).

Conteúdo relacionado
Cinema
Brasil
Rocha, Glauber