Cardoso, Fernando Henrique

Cardoso, Fernando Henrique

Rio de Janeiro (Brasil), 1931

Fernando Henrique Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, filho de um general do Exército que havia ingressado no Partido Comunista. Mudou-se aos oito anos para São Paulo, onde passou a viver. Formou-se em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP), tornando-se professor de sociologia e assistente de Florestan Fernandes. Com o golpe militar de 1964, foi excluído da universidade e se exilou no Chile e, posteriormente, na França (onde, como professor da Sorbonne, assistiu à explosão do maio de 1968). É autor de importantes obras sobre economia, política e sociedade brasileiras e, com o chileno Enzo Faletto, cocriador da teoria da dependência, consagrada no livro Dependência e desenvolvimento na América Latina (1969). Lançou, em 1972, O modelo político brasileiro, em que fala do “Estado autoritário” no país, mesmo alvo de Autoritarismo e democracia (1975).

Retornou ao país no final dos anos 1960 para fundar um centro privado de pesquisa, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Ingressou então no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição à ditadura militar. Elegeu-se suplente de senador em 1978 e assumiu a cadeira no Senado em 1983. Candidato à prefeitura de São Paulo (1985), foi derrotado pelo ex-presidente Jânio Quadros. Elegeu-se senador em 1986 e reelegeu-se em 1988. Foi um dos artífices da dissidência do MDB que deu origem ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), do qual foi fundador.

No governo de Itamar Franco, depois da queda de Fernando Collor de Mello, tornou-se ministro das Relações Exteriores, transferindo-se posteriormente para o Ministério da Fazenda. Nesse cargo, lançou o Plano Real, plano de estabilização econômica de caráter neoliberal. Baseado no êxito monetário do plano, que conteve a inflação, elegeu-se, em 1994, presidente da República por uma coalizão entre seu partido e o conservador Partido da Frente Liberal (PFL), derrotando Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, já no primeiro turno.

Promoveu o maior processo de privatizações que o país havia conhecido. Toda a indústria siderúrgica foi entregue à iniciativa privada, assim como as telecomunicações e parte do setor elétrico. Quebrou o monopólio estatal do petróleo em 1997 e manteve nas mãos da União apenas 51% das ações com direito a voto na Petrobras (36% do capital total). Reprimiu greves – como a dos petroleiros, de 1995 – e mobilizações pela reforma agrária, como as do MST.

Reelegeu-se presidente em 1998, depois de conseguir que o Congresso alterasse a regra constitucional sobre reeleição. Porém, como consequência de sua política econômica liberal, que o fez manter o valor do dólar congelado e supervalorizado em todo o primeiro mandato, o país sofreu, em 1999, uma grave crise cambial, que o obrigou a uma forte desvalorização da moeda, a uma elevação estratosférica dos juros (foram a 49% anuais para conter a fuga de capitais) e a ter de recorrer a novo empréstimo do FMI. Não conseguiu eleger seu sucessor – José Serra, então ministro da Saúde, foi derrotado por Lula nas eleições presidenciais de 2002. É presidente do Instituto Fernando Henrique Cardoso e presidente de honra do PSDB.