Amado, Jorge

Amado, Jorge

Itabuna, 1912 - Salvador (Brasil), 2001

Bacharel em Direito, em 1935 (Reprodução)
À militância de esquerda creditam-se as várias nuanças que a vasta obra do escritor baiano adquire a partir do romance de estreia, O país do carnaval (1931), quando era calouro do curso de direito. E justifica a apreensão dos livros Cacau (1933) e Capitães de areia (1937) e a prisão em novembro desse mesmo ano de 1937. O envolvimento de Jorge Amado com o Partido Comunista do Brasil (PCB) aumentava, o que o levou a exercer o cargo de deputado federal de 1945 a 1947 pela legenda. Ao ser declarada a ilegalidade do partido, deixou o Brasil e percorreu vários países da Europa, como a Tchecoslováquia (onde morou de 1950 a 1952), e da América Latina e os Estados Unidos.

Ao longo desse período de exílio itinerante, entre 1937 e 1952, dedicou-se à temática política, como se constata em ABC de Castro Alves (1941), O cavaleiro da esperança (1942), biografia de Luiz Carlos Prestes, escrita durante a estada entre o Uruguai e a Argentina, Seara vermelha (1946) e na trilogia Os subterrâneos da liberdade (1954) (Os ásperos tempos, Agonia da noite e A luz no túnel).

A partir de 1955, quando retornou ao Brasil, afastou-se da militância política, mas sem deixar os quadros do Partido Comunista. Foi a partir de Gabriela, cravo e canela: crônica de uma cidade do interior (1958) que surgiu outra das nuanças exploradas pelo escritor de acordo com a visão socialista, a de escrever para grandes massas. Nessa fase, alterou o foco em sua literatura. “Despolitizando-a, expurgando-a de pressupostos ideológicos e tentações pedagógicas, abrindo de par em par para outras manifestações da vida, começando pelo humor e terminando nos prazeres do corpo e nos jogos do intelecto”, como afirma o peruano Mario Vargas Llosa, autor com o qual sua obra mantém diálogos.

Seguiu-se uma série de títulos em que se elaboravam personagens populares − beatas, prostitutas, coronéis latifundiários, biscates –, envolvidos em tramas com toques ora melodramáticos, ora marcados por manifestações sincréticas religiosas de um cenário único, o Brasil. Literatura infantil, contos, teatro, poesia, textos autobiográficos e biográficos somavam-se à produção do escritor, que atuava como jornalista e tradutor. Ingressou na Academia Brasileira de Letras em 1961. A sua obra alcançou êxitos de venda dentro e fora do Brasil.

Nas inúmeras premiações, incluem-se Stalin da Paz (União Soviética, 1951), Pablo Neruda (Rússia, 1989), Luís de Camões (Brasil-Portugal, 1995), Jabuti (Brasil, 1959, 1997) e Ministério da Cultura (Brasil, 1997). Recebeu o título de doutor honoris causa de dez universidades de países diferentes, sendo o último da Sorbonne, na França, em 1998. Outras obras: Tieta do agreste (1977); O gato malhado e a andorinha sinhá: uma história de amor (1995).

A caso do escritor no bairro de Rio Vermelho, em Salvador, transformada em memorial (Valter Pontes/Agecom Salvador)