Ferreira Gullar

Ferreira Gullar

São Luís, 1930 - Rio de Janeiro (Brasil), 2016

A história desse poeta, tradutor, ensaísta, pintor e jornalista conta a realidade brasileira do final do século XX. Lançou-se com o livro de poemas A luta corporal (1954), que o colocava ao lado do concretista Haroldo de Campos, de Mário Chamie e de José Paulo Paes.

Pouco depois, em 1956, rompia com a poesia concreta e definia novos rumos para a vanguarda, do que resultou o Manifesto Neoconcreto, assinado também pelos artistas plásticos Lygia Clark e Amilcar de Castro. A partir da sua nomeação, em 1961, para a direção da Fundação Cultural de Brasília, reviu o experimentalismo que até então marcara sua obra e assumiu a literatura participante com textos de cordel como Cabra marcado pra morrer.

Propôs a criação do Museu de Arte Popular e ingressou no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), do qual foi presidente em 1963. Daí em diante, produziu uma obra de dimensão social como a de Thiago de Melo, por não ignorar a necessidade de o intelectual atu­ar na vida política nacional. Foi redator na sucursal carioca de O Estado de S.Paulo .

Filiou-se no dia do golpe militar, 1º de abril, ao Partido Comunista, e fundou o Grupo Opinião com Oduvaldo Vianna Filho e sua primeira mulher, Thereza Aragão. Em 1968, a peça que escreveu com Dias Gomes, Dr. Getúlio, sua vida e sua glória, foi montada, levando-o à prisão pelos órgãos de repressão junto com Paulo Francis. Viveu no exílio até 1977, e escreveu – em 1975, na Argentina – uma de suas principais obras: Poema sujo. Da época de militância no Brasil são seus mais importantes ensaios, “Cultura posta em questão” e “Vanguarda e subdesenvolvimento”, relançados em 2002.

Cultivando sua marca de revolucionário das letras, em 1993 provocou polêmica com o livro Argumentação contra a morte da arte. Em 2002, foi indicado para o Nobel e recebeu o Prêmio Príncipe Claus, da Holanda, por ter contribuído para mudar a sociedade, a arte e a visão cultural do Brasil. Outras obras: Toda poesia (1980); O menino e o arco-íris (2001). 

Em 2010, foi agraciado com o Prêmio Camões. Em 2011, conquistou o Prêmio Jabuti com o livro de poesias Em alguma parte alguma. Em 2014, tomou posse da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.  Faleceu em 4 de dezembro de 2016, no Rio de Janeiro, aos 86 anos.