Ziraldo Alves Pinto é o mais importante desenhista de humor da segunda metade do século XX no Brasil. Dono de um estilo inconfundível, as raízes de seu traço podem ser buscadas nos trabalhos de Candido Portinari e Aldemir Martins, bem como nos cartuns do romeno André François. Riscos que tendem ao geometrismo e composições quase construtivistas fazem do trabalho de Ziraldo uma das grandes marcas das artes gráficas brasileiras.
Cartunista, caricaturista, chargista, autor de histórias em quadrinhos, teatrólogo, poeta, roteirista de televisão, artista gráfico, publicitário e showman, Ziraldo tem uma presença marcante na cena cultural brasileira. É também um dos mais populares autores de livros infantis brasileiros da atualidade. O seu O menino maluquinho (1979) já passa de dois milhões de exemplares vendidos, tendo sido também adaptado para teatro e cinema, além de gerar uma série de outros produtos.
Nos quadrinhos, Ziraldo criou personagens baseados no folclore brasileiro, como A turma do Pererê (1959), aliando grande qualidade estética a expressivo sucesso popular.
Chargista destacado, Ziraldo colaborou com os principais órgãos da imprensa brasileira e internacional. Durante o regime militar teve destacada atuação crítica, não só através dos trabalhos para a imprensa, mas também por sua colaboração em campanhas como as da Anistia e das Diretas Já, bem como para inúmeras entidades populares.
Talvez a fase mais marcante de sua carreira tenha sido justamente essa, cujo ponto alto foi a criação do semanário humorístico Pasquim (1969), em companhia de Millôr Fernandes, Jaguar, Fortuna, Tarso de Castro, Ivan Lessa e Paulo Francis. Capas, almanaques, textos, pôsteres, entrevistas, ilustrações e paródias – não havia setor do jornal sobre o qual seu talento não se espalhasse.
Mesmo nos anos 1990 e nos seguintes, Ziraldo mantém sua teimosia na criação de uma imprensa popular de humor. Lançou em poucos anos Palavra (1998), Bundas (1999) e Pasquim 21 (2002), sem conseguir tornar as novas publicações estáveis.
Em 2008, recebeu o VI Prêmio Ibero Americano de Humor Gráfico Quevedos, na Espanha. Publicou, entre outros, os livros Uma menina chamada Julieta (2009), O menino da terra (2010), Os dez amigos (2011), O grande livro das tias (2012), Um menino chamado Raddysson (2014). Em 2012, aos 80 anos, foi tema da escola de samba Tradição do Rio de Janeiro.