Virgens dos Estados Unidos, Ilhas
Virgens dos Estados Unidos, Ilhas

Virgens dos Estados Unidos, Ilhas

 

Nome oficial

Virgin Islands of the United States

Localização

Caribe. Ilha entre o mar do Caribe
e o oceano Atlântico, a leste de Porto Rico

Estado e Governo¹

Território dos
Estados Unidos da América

Idiomas¹

Inglês (71,6%), espanhol ou crioulo de base espanhola (17,2%), francês ou crioulo de base francesa (8,6%), outras (2,5%) (2010)

Moeda¹

Dólar norte-americano

Capital¹

Charlotte Amalie
(52 mil hab. em 2014)

Superfície¹

1.910 km²

População¹

103.574 hab. (2015)

Densidade
demográfica

299 hab./km² 
(2015)

Distribuição da população²

Urbana (94,59%) e
rural (5,41%) (2010)

Composição étnica¹

Negros (76%), brancos (15,6%), asiáticos (1,4%),outros (4,9%), mestiços (2,1%). Dos respondentes 17,4% auto-identificaram-se como latinos (2010)

Religiões¹

Protestantes (59%), católica romana (34%), 
outras (7%)

PIB (PPP)¹

US$ 3,792 bilhões (2013)

PIB per capita (PPP)¹

US$ 36.100 (2013)

Eleições¹

Governador eleito e vice-governador eleitos conjunta e diretamente por voto popular para mandatos de 4 anos, com direito à reeleição. Legislativo unicameral (Senate) composto por 15 membros, que cumprem mandatos de 2 anos com direito à reeleições. Também é eleito diretamente por maioria simples, para um mandato de 2 anos, um representante para a Câmara dos Deputados dos EUA (House of Representatives), contudo com poderes limitados de votação.

Fontes:

¹ CIA. World Factbook.
² ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision.

Com população estimada de 103 mil pessoas, 76% das quais negras ou descendentes, as Ilhas Virgens dos Estados Unidos são um território norte-americano localizado no mar do Caribe, a aproximadamente mil milhas de Miami. O território do arquipélago compreende diversas ilhas, as maiores das quais são Saint Thomas – onde fica a capital, Charlotte Amalie –, Saint John e Saint Croix. Sua relação com Washington é mediada pelo Ministério do Interior. Como se trata de um território não incorporado, as Ilhas Virgens são regidas por um estatuto semelhante ao de Porto Rico, ou seja, possuem um representante sem direito a voto na Casa dos Representantes dos EUA e a elas não corresponde uma estrela na bandeira norte-americana. Na virada para o século XXI, entre os ilhéus, eram crescentes a sensação de desconforto com essa condição e as reivindicações por maior representação política.

A administração municipal e os membros do Legislativo local são eleitos pelos residentes desde 1936, ano em que entrou em vigor o Organic Act, aprovado pelo Congresso norte-americano, que reconheceu os habitantes do arquipélago como cidadãos norte-americanos e estabeleceu o princípio do sufrágio universal, eliminando os critérios patrimoniais para o voto. Rothschild Francis e Hamilton Jackson­ são considerados os heróis locais em virtude da luta pelos direitos civis.

O primeiro governador negro, William Henry Hastie, indicado pelo governo norte-americano, foi empossado em 1946. A partir de 1970, o governador passou a ser eleito. A disputa entre os partidos espelha parcialmente o ambiente político norte-americano. Além de democratas e republicanos, desde 1974, o Movimento dos Cidadãos Independentes (MCI) (ICM, em inglês) participa ativamente das eleições.

Em 11 de outubro de 1993, foi realizado um referendo sobre a independência. Dos 39.046 eleitores aptos a votar, 10.732 compareceram às urnas. Destes, somente 4,9% votaram pela “remoção da soberania dos Estados Unidos”; 13,2% opinaram em favor da integração completa aos EUA e 80,4% pela manutenção do estatuto atual.­ A questão, contudo, permaneceu em aberto, pois a convocação do escrutínio estabelecia que a opção majoritária deveria ter metade mais um dos votos válidos e o comparecimento foi inferior a 30%.

História e tráficos de escravos

O desbravamento das atuais Ilhas Virgens dos Estados Unidos começou em 1493, durante a segunda viagem de Cristóvão Colombo ao continente. As florestas exuberantes e o mar azul fizeram com que Colombo se inspirasse na legendária beleza de Santa Úrsula e de suas 11 mil virgens para batizar tanto o arquipélago quanto as também atuais Ilhas Virgens Britânicas. Os índios nativos foram usados pelos espanhóis nas viagens de reconhecimento e para a construção de um forte militar. Atualmente, restam poucos remanescentes da população original, a maioria confinada em reservas.

A partir do século XVII, com a decadência do império espanhol, as ilhas do Caribe passaram a ser disputadas por franceses, ingleses e dinamarqueses. Saint Croix, a maior ilha do território, chegou a ser ocupada pela Inglaterra e pela Dinamarca.­ Baseados em Porto Rico, os espanhóis conseguiram retomá-la, mas acabaram finalmente derrotados pelos franceses. Em 1733, depois de insistente assédio, a França acabou vendendo Saint Croix à Companhia da Índia Ocidental da Dinamarca, que já dominava Saint Thomas desde 1665 e Saint John, desde 1694. A Dinamarca reuniu, então, as três principais ilhas do arquipélago sob administração única.

O governo dinamarquês assinou, em 1685, um tratado com os holandeses de Brandemburgo, autorizando a Companhia Americana de Brandemburgo a estabelecer uma base para o comércio de escravos africanos em Saint Thomas, que acabou sendo a base da economia até o século XIX. Os escravos trabalhavam nas grandes plantações de cana-de-açúcar e algodão existentes em todo o Caribe, inclusive em Saint John e Saint Croix.

A literatura do arquipélago registra diversas revoltas de escravos. Em 2 de julho de 1848, após uma rebelião em Saint Croix, cerca de 5 mil negros conquistaram a liberdade. O governador liberal Peter Von Scholten, contrariando determinações vindas da Dinamarca, decidiu libertar todos os escravos em julho daquele ano. O fim da escravidão coincidiu com o declínio das atividades açucareiras no Caribe, a partir do início do século XIX.

Ecossistema ameaçado

Com a ascensão dos EUA e sua transformação em grande potência mundial, a vida no Caribe passaria por significativas mudanças. Em 1917, a Dinamarca vendeu o território ao governo norte-americano por 25 milhões de dólares. As razões da compra foram geopolíticas: em plena Primeira Guerra Mundial, os EUA temiam que a Alemanha construísse bases navais na região.

A política de estabilização financeira, o new deal do governo de Franklin Roosevelt, começou a surtir frutos na época do Organic Act, de 1936, quando se iniciou um novo ciclo de crescimento nas Ilhas Virgens dos Estados Unidos, graças principalmente ao turismo, que até os dias atuais é o polo dinâmico da economia e responde por pelo menos 70% do PIB local. As Ilhas Virgens dos Estados Unidos recebem cerca de 2 milhões de turistas por ano. Em 1996, o Congresso norte-americano autorizou a abertura de cassinos no território. Logo depois, um grande hotel, com ampla estrutura para jogos, começou a ser construído em Saint Croix. O avanço do turismo dos jogos de azar, marcado por grandes complexos hoteleiros e intenso fluxo de pessoas, faz com que atualmente uma parte da opinião pública e da mídia temam pelo comprometimento do ecossistema do arquipélago.

Vista panorâmica da ilha São Tomas nas Ilhas Virgens dos Estados Unidos (Sunil Pereira/Wikimedia Commons)

O Edifício da Legislatura (esquerda) e Forte Christian (direita) no distrito histórico de Charlotte Amalie (Smallbones/Wikimedia Commons)

Navios cruzeiros no porto de São Tómas na cidade de Charlotte Amalie, capital das Ilhas Virgens dos Estados Unidos (OldPine/Wikimedia Commons)

 

Dados Estatísticos

Indicadores demográficos das llhas Virgens dos Estados Unidos

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

2020*

População 
(em mil habitantes)

27

33

64

98

103

109

106

107

• Sexo masculino (%)

49,04

49,49

49,87

48,04

48,43

47,80

47,79

...

• Sexo feminino (%)

50,96

50,51

50,13

51,96

51,57

52,20

52,21

...

Densidade demográfica 
(hab./km
²)

77

94

185

284

298

313

307

308

Taxa bruta de natalidade 
(por mil habitantes)**

34,14

41,69

38,69

24,41

21,22

14,43

15,2*

12,6

Taxa de crescimento 
populacional**

1,83

8,38

5,84

1,23

0,72

-0,14

-0,10*

-0,14

Expectativa de vida 
(anos)**

59,24

64,55

68,72

72,17

75,47

78,12

80,0*

82,0

População entre 
0 e 14 anos (%)

39,11

39,68

36,10

35,97

28,89

25,92

20,68

20,6

População com mais 
de 65 anos (%)

7,53

6,67
 

3,66

4,58

5,98

8,57

13,70

20,4

População urbana (%)¹

58,34

56,48

69,59

80,15

87,69

92,59

94,59

95,89

População rural (%)¹

41,66

43,52

30,41

19,85

12,32

7,41

5,41

4,11

Participação na população 
latino-americana (%)***

0,02

0,01

0,02

0,03

0,02

0,02

0,02

0,02

Participação na 
população mundial (%)

0,001

0,001

0,002

0,002

0,002

0,002

0,002

0,001

Fonte: ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database.
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados de ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision. 

* Projeção. | **Estimativas por quinquênios. | *** Inclui o Caribe.

Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventual mudança) são encontradas na base de dados indicada.

 

Mapas

 

Bibliografia

  • HAUENSCHILD, Gerhard Von. Attitudes and perceptions towards casino gambling in Caribbean destinations: Bahamas, Puerto Rico, Barbados, US Virgin Islands. Barbados: Caribbean Tourism Research and Development Centre, 1982.
  • MOOLENAAR, Ruth. Profiles of outstanding Virgin Islanders. St. Thomas, Virgin Islands: Departamento de Educação, 1992.
  • WILLOCKS, Harold W. L. The umbilical cord: the history of the United States Virgin Islands from Pre-Columbian Era to the Present. St. Croix, Virgin Islands: The author, 1995.