Diplomada em matemática na Universidade de Lisboa, em 1953, Maria da Conceição de Almeida Tavares migrou para o Brasil em 1954 para escapar da repressão do regime fascista português. Durante o governo de Juscelino Kubitschek, requereu a nacionalidade brasileira e matriculou-se no curso de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se graduou em 1960. Foi professora de várias gerações de economistas no atual Instituto de Economia da UFRJ e no Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).
Maria da Conceição foi uma das criadoras da pós-graduação em economia no Brasil. Exerceu atividades de pesquisa em instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL). Sua obra foi muito influenciada pelos grandes economistas da CEPAL e do BNDES, como Raúl Prebisch, Celso Furtado e Aníbal Pinto. Seus escritos demonstram a preocupação permanente em pensar a América Latina.
Um dos ensaios mais importantes de Maria da Conceição, “Auge e declínio do processo de substituição de importações”, publicado em 1972, foi marco no estudo do processo de industrialização do Brasil e tornou-se clássico na literatura especializada. Seus livros e suas dezenas de artigos sobre a economia brasileira fizeram dela uma das principais estudiosas do desenvolvimento nacional, e são leitura obrigatória para os pesquisadores da economia brasileira.
A militância em defesa da democracia e contra a política econômica da ditadura militar brasileira levou Maria da Conceição a exilar-se no Chile. Quando retornou, militou no Movimento Democrático Brasileiro, antecessor do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Seu prestígio acadêmico contribuiu para sua eleição na Câmara Federal, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) do Rio de Janeiro, em 1994. No Parlamento, durante a legislatura de 1995 a 1999, destacou-se como crítica da política econômica implantada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, chamando a atenção dos colegas parlamentares para os riscos da política cambial e da destruição do patrimônio público nacional.
Entre seus principais livros, destacam-se: Da substituição de importações ao capitalismo financeiro (1972), Acumulação de capital e industrialização no Brasil (1986), A economia política da crise (1982), (Des)ajuste global e modernização conservadora, com José Luís Fiori (1993), e Poder e dinheiro, também com José Luís Fiori (1997).