Kubitschek, Juscelino

Kubitschek, Juscelino

Diamantina, 1902 - Rio de Janeiro (Brasil), 1976

Presidente que executou o mais ousado programa de desenvolvimento econômico do século XX e transferiu a capital do Rio de Janeiro para Brasília, Juscelino Kubitschek foi o estadista mais marcante do curto período democrático entre o Estado Novo (1930-1945) e a ditadura militar (1964-1985). A história política de JK começou logo depois do levante militar antigetulista da oligarquia paulista (a chamada Revolução Constitucionalista de 1932). Médico, foi convocado para dar assistência às forças de Minas Gerais na guerra contra São Paulo. Na frente de batalha, tornou-se amigo de Benedito Valadares, que mais tarde seria nomeado por Getúlio Vargas interventor em Minas Gerais.

Com traquejo para dialogar com a população pobre, candidatou-se a deputado federal em 1934, vencendo com grande número de votos. Legislou até 1937, quando Vargas deu o golpe que instituiu o Estado Novo e fechou a Câmara. Só voltaria à carreira política em 1940, ao ser nomeado, novamente por Valadares, prefeito de Belo Horizonte. No cargo, investiu em projetos de infraestrutura, abriu avenidas, canalizou rios e construiu pontes que integraram zonas distantes ao centro da capital mineira.

Deixou a prefeitura de Belo Horizonte em 1945, com Valadares e Vargas, após o fim do Estado Novo. Em seguida, elegeu-se deputado federal constituinte. Sua vida política atingiu o ápice na década seguinte, quando venceu as eleições para o governo de Minas Gerais, em 1950, e para a presidência da República, em 1955. Eleito presidente pelo Partido Social Democrático (PSD), tinha como slogan de campanha “cinquenta anos em cinco”: cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo.

O presidente Juscelino Kubitschek na construção de Brasília (Mário Fontenelle/Arquivo Público do Distrito Federal)

Durante seu governo, a ideologia desenvolvimentista ganhou forma no Plano de Metas, que visava acelerar o processo de industrialização. Diante da recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que fizesse corte nos gastos públicos, JK optou pelo rompimento com o FMI e chegou a defender a retomada das relações brasileiras com a União Soviética e outros países do bloco socialista, a fim de angariar novos mercados. Desgastado com as críticas, Juscelino não conseguiu eleger seu sucessor, o general Henrique Lott, do PSD, que perdeu as eleições presidenciais de outubro de 1960 para Jânio Quadros, da conservadora União Democrática Nacional (UDN).

O idealizador de Brasília, no entanto, deixou sua gestão com credibilidade su­ficiente para concorrer no pleito de 1965 – o que foi impedido pelo golpe militar de 1964. Na carta de despedida de seu governo, redigida de próprio punho em 1961, JK dirigiu-se ao povo brasileiro para exaltar o que para ele teria sido um feito maior: a execução do plano que culminou, cinco anos após seu início, com o cumprimento da “meta democrática”, ou seja, eleições livres para a definição de seu sucessor.

Sem poder se candidatar à reeleição, em 1960 concorreu ao Senado, obtendo uma cadeira. Mas o golpe militar de 1964 lhe cassou o mandato e JK seguiu para o exílio na Europa. Em 1966, ao lado do ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, e do ex-presidente João Goulart, participou da criação da Frente Ampla, de oposição ao regime, iniciativa que se extinguiria em 1968 com o aumento da repressão. O fim do movimento também marcou o encerramento de sua vida política. O homem que dizia que governar era construir estradas morreu em agosto de 1976, em um desastre automobilístico na Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.

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