Nos anos 1950 e na primeira metade da década seguinte, o cenário da música “tropical” foi dominado pelas orquestras de dois músicos latinos de mesmo nome e nascidos no mesmo ano, ambos timbaleiros, excelentes arranjadores e inspirados compositores: o nuyorican Tito Puente e o porto-riquenho Tito Rodríguez. Os dois cultivaram uma estimulante e enriquecedora rivalidade que contribuiu para a difusão midiática de suas composições.
Antes de formar sua própria orquestra, Tito Puente foi curtido nas big bands de Machito, Noro Morales e, no fim dos anos 40, de Tito Rodríguez, mas teve também uma sólida formação musical na Julliard. Sua orquestra combinou desde o começo a música tradicional dançante com as inovações do jazz, o que levou seu rival Rodríguez a experimentar também tal combinação. Enquanto Puente produzia Dancemania 2 (1960), Rodríguez respondia com Returns live at birdland (1963). Ao começar a popularizar-se a pachanga, Rodríguez lançou Live at the Palladium (1960), e Puente produziu Pachanga com Puente (1961).
As orquestras dos dois Titos alcançaram o nível máximo das big bands “tropicais” pré-salsa. Na de Puente se apresentaram ou se formaram alguns dos melhores cantores da época: os porto-riquenhos Bobby Capó, Gilberto Monroig e Santitos Colón, entre outros, e os cubanos Rolando Laserie, Vicentico Valdés e as fabulosas Celia Cruz e La Lupe. Nelas desfilaram muitos dos melhores instrumentistas tanto da música “tropical” dançante como do jazz latino.
As composições de Puente “¡Oye como va!” e “Para los rumberos” tornaram-se famosas nas versões roqueiras do mexicano Carlos Santana, em Woodstock, no fim dos anos 1960. Mas Puente alcançou sua maior notoriedade após a morte prematura de Rodríguez, em 1973. Puente viveu quase trinta anos mais e, livre da rivalidade daquele grande vocalista, concentrou-se na música instrumental. Não abandonou de todo a música “tropical” cantada, e logrou grandes produções com o cantor panamenho Camilo Azuquita, entre outros. No entanto, dedicou seus maiores esforços às descargas dançantes e ao jazz latino, no qual conseguiu joias insuperáveis como Tito Puente’s golden jazz all stars, que Nat Chediak, no Diccionario del jazz latino (1998), considera “a melhor gravação dos anos 90 e possivelmente de todos os tempos”.