Miranda, Carmen

Marco de Canaveses (Portugal), 1909 - Beverly Hills (Estados Unidos), 1955

A Pequena Notável, como era chamada nos anos 30, chegou ao Brasil com menos de um ano de idade. Filha de um barbeiro e de uma dona de casa, teve cinco irmãos. Começou a trabalhar aos quinze anos em uma loja de gravatas para ajudar nas despesas familiares. Posteriormente, foi funcionária de uma loja de roupas na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, onde aprendeu a fazer chapéus. Pouco tempo depois, abriu seu próprio negócio e ganhou um bom dinheiro na confecção desse adereço.

Popular pelos turbantes na cabeça, as roupas coloridas e o jeito alegre de cantar e dançar, foi na música que teve o seu maior sucesso. O escritor Ruy Castro, autor de uma biografia de Carmen, disse que ela institucionalizou a alegria brasileira. Em 1928, conheceu o compositor Josué de Barros, que a levou para trabalhar na rádio Sociedade Professor Roquete Pinto. No ano seguinte, gravou sua primeira música, o samba “Não vá simbora”, de autoria de Josué de Barros.

Seu grande sucesso veio com a música “Pra você gostar de mim (Taí)”, com 35 mil cópias vendidas. Carmen também atuou no cinema e no teatro nos anos 30. Entre seus filmes destacam-se Alô Alô Brasil , ao lado de sua irmã Aurora, companheira em outros trabalhos, e Estudantes. Em 1936, estreou na rádio Tupi, tornando-se a cantora de rádio de maior salário do Brasil.

Em 1939, usou pela primeira vez o traje de baiana no filme Banana da Terra, cantando a música de Dorival Caymmi chamada “O que é que a baiana tem”. Essa imagem serviu como símbolo de um Brasil tropical. Nesse ano, acompanhada pelo conjunto Bando da Lua, foi para os Estados Unidos. Seu sotaque e sua pronúncia errada da língua inglesa conquistaram os norte-americanos. Cantava em programas sucessos como “Mamãe eu quero”, “Tico-tico no fubá”, tornando-se a segunda estrela mais bem paga de Hollywood.

Nos anos 40, veio ao Brasil e ficou decepcionada com os comentários de que estava americanizada. Em 1947, casou-se com David Alfred Sebastian, que conheceu durante as filmagens do filme Copacabana. Nessa época fazia muitos shows nos Estados Unidos e em outros países. Carmen sofreu de depressão, teve problemas conjugais, e vivia uma rotina estafante para dar conta dos inúmeros compromissos profissionais.

Faleceu em 1955, vítima de um ataque cardíaco. Embora ainda seja reverenciada em diferentes áreas, Carmen Miranda passou por um período de esquecimento nas décadas posteriores ao seu falecimento. Caetano Veloso afirmou no seu livro Verdade tropical (de 1997) que ela era mais uma ausência do que uma referência nas conversas sobre música popular no Brasil pós-bossa nova.

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