Guillén, Nicolás

Camagüey, 1902 - Havana (Cuba), 1989

Filho de ativista político, dedicou vida e obra à luta pela justiça social e econômica, que se evidenciava de maneira cada vez mais acentuada a partir dos poemas publicados em West Indies, Ltd (1934). Consagrado poeta nacional, recebeu influências da música cubana, cuja origem rítmica recriou na sua produção literária.

Depois de desconcertar a crítica com seu primeiro livro, Motivos de son (1930), por engendrar um novo tipo de vanguardismo, assentado na fala popular e oral, o escritor anti-imperialista encontrou, segundo Nancy Morejón, uma “expressão poética nacional com uma nova atitude diante da língua”. Tal posicionamento levou-o a assumir a condição de homem negro, maturada ao longo de sua trajetória, segundo valores étnicos e conceitos culturais, o que o coloca ao lado da poesia de Emilio Ballagas.

O ano de 1937 foi significativo para sua formação, pois participou do congresso organizado pela Liga dos Escritores e Artistas Revolucionários do México, viajou à Espanha, que enfrentava a guerra civil, e relacionou-se com León Felipe, César Vallejo, Ernest Hemingway, entre outros artistas importantes do período. Também nesse ano ingressou no Partido Comunista.

Até a Revolução Cubana, em 1959, desenvolveu intensa atividade política, jornalística e cultural. Ao conhecer países da antiga União Soviética e da América Latina, elaborou uma clara perspectiva sobre a identidade negra latino-americana, lida em seus poemas, artigos e crônicas (Prosa de prisa, 1962). Com o triunfo comunista, deu voz à onda patriótica popular e participou diretamente da vida pública cubana, de que derivam alguns de seus mais conhecidos textos, como Cuatro canciones para el Che (1969), assassinado na Bolívia dois anos antes.

Em 1981, sua obra poética foi compilada em dois volumes. Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura em Cuba (1983), que fez jus à importância de sua trajetória intelectual. Outra obra: Todas las flores de abril (1993).