Líder indígena nascida em Cayambe, província de Pichincha, Dolores Cacuango dedicou a vida à defesa do direito de seu povo à terra e à língua quíchua. Trabalhou durante alguns anos em Quito e depois regressou à sua província para formar sindicatos agrícolas em Pesillo e em comunidades próximas. Em 1944, juntamente com Tránsito Amaguaña, Nela Martínez e Jesús Gualavisí, fundou a primeira organização indígena do Equador – a Federação Equatoriana de Indígenas (FEI).
Em 1945, sem contar com reconhecimento ou apoio oficial, criou a primeira escola bilíngue (quíchua-espanhol), graças ao respaldo e ao aporte econômico de María Luisa Gomes de la Torre, sua companheira no Partido Comunista. Mas, em 1963, por pressão dos latifundiários e com o argumento de que as escolas indígenas eram focos comunistas, a junta militar proibiu o ensino da língua quíchua nas escolas do país.
Chamada por muitos de Mama Dulu, morreu em 1971, sem vislumbrar a realização de seu projeto. Mas continua presente, como se a própria Pachamama (divindade inca, “mãe da terra”) anunciasse que sua última fala está se tornando realidade: “Se morro, morro, mas outros hão de vir para prosseguir, para continuar”.
Em 1989, o Ministério da Educação criou a Direção de Educação Indígena Bilíngue Intercultural (Dineib), com a proposta de resgatar o quíchua e a cultura indígena. Em 1998, a Assembleia Nacional Constituinte reconheceu o direito de as nacionalidades indígenas contarem com o sistema de educação intercultural bilíngue. Atualmente, a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) decidiu fortalecer a Dineib e a educação intercultural bilíngue. A Federação Equatoriana de Indígenas Evangélicos (FEINE) também participa desse projeto.
A primeira Escola de Mulheres Líderes da Ecuarunari (organização indígena do desfiladeiro interandino) leva o nome de Dolores Cacuango.