Apesar de sua formação acadêmica canônica – graduou-se arquiteto na Escola de Belas Artes de Paris (1928) –, Villanueva foi o líder da renovação arquitetônica venezuelana na década de 1930. Regressou ao país em 1929 e suas primeiras obras – realizadas durante a ditadura de Juan Vicente Gómez – ainda conservaram componentes historicistas: a mourisca Praça de Touros, em Maracay (1933), e o clássico Museu de Belas Artes, em Caracas (1935). Com a morte de Gómez, o regresso à democracia deu origem a múltiplas iniciativas urbanísticas e arquitetônicas: uma delas foi o convite a Maurice Rotival para elaborar o plano diretor de Caracas, de cuja equipe Villanueva participou. Ele também desenhou com Luis Malaussena o pavilhão neocolonial da Venezuela na Exposição Internacional de Paris (1937). Em 1939, construiu a escola Gran Colombia, primeiro exemplo de racionalismo ortodoxo em Caracas. O presidente Medina Angarita decidiu erradicar um subúrbio insalubre no centro da capital e Villanueva foi encarregado do projeto de urbanização El Silencio (1941), obra que sintetizou os enunciados do movimento moderno e ao mesmo tempo estabeleceu o vínculo com a cidade tradicional e conseguiu absorver a dinâmica funcional popular dominante na área central. Em 1944, com a iniciativa de construir a Cidade Universitária de Caracas, solicitou-se a ele a proposta do plano mestre e o projeto dos primeiros edifícios, como o Hospital Clínico. Ao completar-se a totalidade dos edifícios do conjunto, nos anos 1950, Villanueva propôs uma mudança radical no traçado rígido do esquema original. Nos novos projetos assumiu a linguagem “brutalista” do concreto armado aparente, de influência lecorbusierana; introduziu o uso da cor como elemento identificador das diferentes escolas; criou um sistema de galerias cobertas para os pedestres e convidou os artistas abstratos mais prestigiosos, locais e estrangeiros, a realizar a “integração das artes” no campus. Participaram Jesús Rafael Soto, Alejandro Otero, Wifredo Lam, Henri Laurens, Jean Arp, Fernand Léger, Antoine Pevsner, Victor Vasarely, entre outros. O clímax do conjunto foi alcançado na praça seca da Aula Magna, cujo interior contém os cromáticos pratos voadores de Alexander Calder (1955). A espetaculosidade dessa obra valeu-lhe o título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido pela Unesco, em 2000. Ao lado de Brasília (1987), é uma das duas únicas obras modernas selecionadas na região. Durante a ditadura de Marcos Pérez Jiménez (1948-1958), o governo levou a cabo um ambicioso plano de construção de habitações, que beneficiou, em Caracas, quase duzentos mil habitantes. Villanueva chefiou o projeto dos conjuntos habitacionais formados por blocos de apartamentos, espalhados pelas colinas da cidade em que foram desalojadas as habitações precárias: El Paraíso, Cerro Piloto, 23 de Enero. Mesmo que do ponto de vista social tenham surgido problemas de adaptação, o desenho respondia aos paradigmas da vanguarda arquitetônica internacional. Nos anos 60, Villanueva completou novos edifícios da Cidade Universitária, projetou a ampliação do Museu de Belas-Artes (1966) e o abstrato pavilhão da Venezuela na Expo 67 de Montreal. Recebeu múltiplos reconhecimentos nacionais e estrangeiros pelas obras realizadas ao longo de sua vida.
Villanueva, Carlos Raúl
Londres (Inglaterra), 1900 - Caracas (Venezuela), 1975