UNC

Universidade Nacional de Córdoba

A educação superior na Argentina tem suas origens em 1613, quando a Diocese de Córdoba, dirigida pelo bispo Hernando de Trejo y Sanabria, passou a manter os cursos de latim, artes e teologia ministrados pela ordem jesuíta no Colégio Máximo. A bula de 8 de agosto de 1621 do papa Gregório XV, confirmada pelo rei Felipe IV, em 2 de fevereiro de 1622, autorizou o colégio a conferir grau, significando, formalmente, a inauguração da universidade.

Por ordem de Carlos III, os jesuítas foram expulsos da Argentina em 1767. A administração foi transferida para a congregação franciscana. O vice-rei Juan José de Vértiz, em 1783, outorgou novo estatuto e passou a nomear o reitor da universidade.

Até o final do século XVIII, a Universidade de Córdoba exercia atividades restritas à formação filosófica e teológica. O vice-rei Nicolás Antonio Arredondo autorizou o funcionamento de estudos das leis (Cátedra de Institura ) em 1791, contribuindo para o nascimento da futura Faculdade de Direito. Em 1800 a Universidade de Córdoba passou a se chamar Real Universidad de San Carlos y de Nuestra Señora de Monserrat. Gregorio Weinberg, em sua obra “Ilustración” y educación superior en Hispanoamerica: siglo XVIII (Buenos Aires: Academía Nacional de Educación, 1997. p. 77), afirma que

diferente é o caso argentino, pois em seu território funcionava a Universidade de Córdoba, cujos primeiros estatutos são de 1664 […] A primeira inovação em matéria de estudos teológicos – lembre-se que era uma típica instituição da Contrarreforma – foi a criação da “Cátedra de Institura” (1791).

No caminho da secularização, em 1820, a Universidade foi estadualizada pelo governador general Juan Bautista Bustos. Em 1856, com a unificação do Estado e a consolidação da República, a Universidade tornou-se nacional. Note-se que até meados do século XIX o país tinha duas universidades, ambas provinciais, a Universidade de Córdoba e a Universidade de Buenos Aires (UBA) (fundada em 1821 e nacionalizada em 1881).

O primeiro foco da reforma universitária na América Latina teve lugar nos sopés da Sierra de Córdoba, em 1918. A Reforma de Córdoba caracterizava-se pelas propostas de cogestão (administração compartilhada entre professores, estudantes e egressos), não obrigatoriedade de frequên­cia às aulas, liberdade e periodicidade de cátedra e estabelecimento de concursos para professores. A gratuidade do ensino, apesar de não ter sido aprovada como proposta no Congresso dos Estudantes de 1918, foi instituída no primeiro governo de Juan Domingo Perón, em 1947.

Nos debates sobre a modernização das universidades latino-americanas é comum a referência à Reforma de Córdoba de 1918. Como Prometeu, no mito grego, que presenteou a humanidade com o controle do fogo, o movimento estudantil de Córdoba fez nascer o espírito de luta pela democratização da universidade. Simbolicamente, a comunidade acadêmica das universidades latino-americanas tem uma dívida histórica com o movimento dos estudantes de Córdoba.

Essas conquistas estimularam a comunidade acadêmica a resistir às ditaduras, como a de Juan Carlos Onganía (1966) e a da Junta Militar (1976), bem como aos governos privatizantes, como o foi, na década de 1990, o de Carlos Saúl Menem, que empreendeu no domínio da política econômica um liberalismo ortodoxo e, no plano universitário, com o financiamento do Banco Mundial, o Programa de Reforma da Educação Superior (PRES).

Segundo a própria universidade, a UNC tinha, em 2014, 111.329 alunos. A administração é colegiada. A Assembleia Geral e o Conselho Superior, presididos pelo reitor, são compostos de representantes dos professores, estudantes e egressos. Cada uma das onze faculdades possui um Conselho Diretivo, presidido por um decano eleito em sufrágio direto.

O Pavilhão da Argentina na UNC, em Córdoba (Romina Santarelli/Ministerio de Cultura de la Nación)