Em 1977, atores brasileiros compraram uma velha lona, armaram um circo e ocuparam o terreno e as salas abandonadas de um antigo convento franciscano em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. Clandestinamente, criaram uma escola de teatro, dança, música, capoeira e outras veredas afins. Foi assim, num ato político, que nasceu a Escola Piollin. No ano seguinte, o grupo apresentou seu primeiro espetáculo, Os pirralhos. Encenado por Luiz Carlos Vasconcelos, tratava de crianças de diferentes classes sociais que tinham por utopia viajar até o Sol.
O Grupo Piollin sempre se moveu pelo desejo de transformação social por meio da arte e da educação. Sua grande repercussão nacional e internacional ocorreu anos depois da fundação, com o espetáculo Vau da Sarapalha, que estreou em 27 de março de 1992, no Dia do Circo no Brasil, homenagem a Abelardo Pinto (1897-1973), o palhaço Piolin, nascido na mesma data.
A primeira apresentação, encenada por Everaldo Pontes, Nanego Lira, Soia Lira, Servílio Gomes e Escurinho, aconteceu num galpão na área da escola. A intenção era convertê-lo em teatro, obra que a prefeitura prometia havia onze anos. Foi a maneira de pressionar por recursos. Até hoje o teatro não existe. Devido às precárias condições da arquitetura do galpão, o projeto agora é adaptar um casarão do mesmo terreno.
Vau da Sarapalha é uma adaptação de Vasconcelos, também diretor, para o conto “Sarapalha”, que faz parte do livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa. O premiado espetáculo, inspirado pelas teorias da Antropologia Teatral de Eugenio Barba, com uma impressionante pesquisa de ritmos musicais e cênicos, continua em repertório, sendo continuamente convidado para apresentações internacionais. Por conta de sua repercussão, atores do grupo foram convidados para outros projetos, como a montagem de Woyzeck (2002), de Georg Büchner, dirigida por Cibele Forjaz, e o filme Carandiru (2003), com direção de Hector Babenco.
Em 2006, estreou, com direção de Haroldo Rego, o espetáculo A gaivota (alguns rascunhos), releitura do texto de Anton Tchekhov. Em 2013, foi a vez de A pá, inspirada no personagem principal do filme iraniano Gosto de cereja.
O Centro Cultural Piollin se localiza no centro da capital paraibana e oferece cursos, oficinas e eventos diversos, promovendo atividades que envolvem jovens, crianças e adolescentes.