Pagu

Pagu

São João da Boa Vista, 1910 - Santos (Brasil), 1962

A vida da desenhista, poeta, romancista, militante de esquerda, jornalista, professora e tradutora Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, foi tão agitada quanto poderia ser o exercício de todos esses ofícios por uma mulher brasileira nos primeiros anos do século XX. Aos três anos de idade, Pagu foi morar na cidade de São Paulo. Aos quinze, iniciou sua colaboração em jornais, atividade que exerceria por toda a vida. Em 1928, o poeta modernista Raul Bopp – que lhe deu o apelido de Pagu por achar que seu nome fosse Patrícia Goulart – apresentou-a ao também poeta e modernista Oswald de Andrade e à sua esposa, a pintora Tarsila do Amaral. Dois anos depois, Pagu casou-se com Oswald, com quem já tinha um filho, Rudá de Andrade. Em 1931, ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e foi presa em Santos por participar de um comício durante uma greve de estivadores.

No ano seguinte, passou a morar e trabalhar numa vila operária do Rio de Janeiro. Doente, foi socorrida por Oswald. Publicou, em 1933, o romance Parque industrial, considerado a primeira novela socialista brasileira, precursora do “romance social”. Nele, escreveu: “[…] em todos os países do mundo capitalista ameaçado há um Brás” (bairro paulistano onde havia, na época, grande concentração de fábricas). Em 1935, foi presa novamente, acusada de participação no malsucedido levante comunista liderado por Luiz Carlos Prestes, permanecendo quatro anos reclusa. Nessa época separa-se de Oswald.

Libertada, casou-se pela segunda vez em 1940, com Geraldo Ferraz. Da união nasceu Geraldo Galvão Ferraz. Em 1949 tentou suicidar-se pela primeira vez. No ano seguinte, candidatou-se a deputada estadual pelo Partido Socialista Brasileiro. Em 1962, passou por uma operação malograda em Paris e tentou outro suicídio. Morreu, vítima de câncer, nesse mesmo ano.

Publicou dois romances (Parque industrial e A famosa revista, em 1945), um panfleto político, e diversos poemas e artigos na imprensa. Seu último poema, publicado três meses antes de sua morte, na véspera da viagem à Paris, dizia: “Nada nada nada/ Nada mais do que nada/ […] / Abri o meu abraço aos amigos de sempre/Poetas compareceram/ Alguns escritores/ Gente de teatro/ Birutas no aeroporto/ E nada”.