Amaral, Tarsila do

Amaral, Tarsila do

Capivari, 1886 - São Paulo (Brasil), 1973

Filha de uma rica família de São Paulo, Tarsila do Amaral estudou inicialmente em colégios paulistanos e depois, em 1902, no Sacré-Coeur, de Barcelona, na Espanha, onde fez suas primeiras experimentações com cópias de pinturas. Após seu retorno ao país, em 1904, casou-se pela primeira vez. Dedicou-se à modelagem, em 1916, no ateliê do escultor sueco radicado em São Paulo, William Zadig. No ano seguinte, estudou pintura com o acadêmico Pedro Alexandrino e inaugurou seu primeiro ateliê, em São Paulo. Em 1920, foi a Paris, na França, para estudar na Académie Julian com Emile Renard. Dois anos depois, apresentou sua tela Passaporte no Salon Officiel des Artistes Français, naquela cidade.

Por intermédio de sua amiga e também pintora Anita Malfatti, Tarsila inteirou-se dos acontecimentos da Semana de Arte Moderna e, de volta ao Brasil, teve contato com os artistas desse evento, em especial com Oswald de Andrade, com quem passou a viver, no ano seguinte, quando ambos voltaram à Paris. Na capital francesa, estudou com André Lhote, depois com Albert Gleizes e com Fernand Léger, estreitando relações com o poeta Blaise Cendrars e muitos outros artistas da vanguarda parisiense.

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O quadro Abaporu (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires/Reprodução)
Nessa época, pintou telas famosas, como Caipirinha e A negra. Retornou a São Paulo, em 1924, visitou várias cidades históricas de Minas Gerais – em companhia de Oswald de Andrade, Blaise Cendrars e outros –, experiência que permitiu que sua obra fosse do cubismo em direção ao trabalho de cores e de “vital brasilidade”. Ainda em 1924 Tarsila ilustraria o Manifesto Pau-Brasil – marco da nova fase do Modernismo brasileiro –, os livros de Blaise Cendrars, Feiulles de Route e Le Formose. Em 1926, ano em que se casou com Oswald, realizou sua primeira exposição individual em Paris. Seu quadro mais famoso, Abaporu, de 1928 (que atualmente se encontra na Coleção Constantini, em Buenos Aires), inspirou o Manifesto antropofágico, de Oswald de Andrade. Da fase antropofágica de Tarsila destacam-se, entre outras obras, O sono e Urutu.

Em 1929, ano em que se separou de Oswald, seus trabalhos foram apresentados em grandes exposições no Rio de Janeiro e em São Paulo e, no ano seguinte, foram expostos em Paris e no Roerich Musem de Nova York, nos Estados Unidos. Dois anos depois, já engajada na esquerda brasileira (militância que a levou à prisão em 1932), expôs em Moscou, na então União Soviética, no Museu de Arte Moderna Ocidental, e em Paris, no Salon des Surindépendants. Em 1933, concluiu dois famosos quadros de temática social, Operários e Segunda classe (que foram apresentados, em 1934, no I Salão Paulista de Belas Artes). Participou da I Exposição de Arte Moderna da SPAM – Sociedade Pró-Arte Moderna –, em São Paulo, e expôs no Palace Hotel, no Rio de Janeiro.

Em 1936, começou a escrever colunas sobre arte e comportamento para jornais. Seus quadros seguiam participando de exposições: Exposição Latino-Americana de Artes Plásticas no Riverside Museum de Nova York; em 1939, na coletiva de artistas brasileiros feita em Londres, Inglaterra, na Royal Academy of Arts; em 1944, na exposição 20 artistas brasileños, em Montevidéu (Uruguai), Buenos Aires e La Plata (Argentina); e, em 1945, evento que deu origem ao livro La pintura brasileña contemporânea, do crítico argentino Jorge Romero Brest. No ano seguinte expôs também no Chile, nas cidades de Santiago e Valparaíso.

O óleo sobre tela Operários faz parte do acervo do governo do Estado de São Paulo (Reprodução)

Em 1950, o crítico Sérgio Milliet organizou uma retrospectiva da artista no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Participou da I Bienal (1951), à qual voltou em 1953; depois teve uma sala especial na VII Bienal, em 1963, e voltou a figurar na XII, em 1973, na “Bienal Nacional” de 1974, na XV, em 1979, na XIX, em 1987, e na XXIV, em 1998. Seus trabalhos estiveram presentes também na exposição Arte Moderno en Brasil, em 1957, no Museu Nacional de Belas Artes, em Buenos Aires. Em 1963, teve suas obras levadas para a mostra norte-americana Art of Latin America Since Independence, na Yale University Art Gallery e no University of Texas Art Museum. Em 1964, participou da XXXII Bienal de Veneza, na Itália, e, em 1969, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugurou uma grande exposição de sua obra: Tarsila: 50 Anos de Pintura, organizada por sua biógrafa, a crítica Aracy Amaral.