Um dos principais pianistas brasileiros, Arthur Moreira Lima teve sua carreira marcada pela tentativa de superação da distinção entre música erudita e popular. Aluno de Lúcia Branco, que também foi professora de Tom Jobim, Moreira Lima começou a estudar piano aos seis anos. Depois de estudar na França e na União Soviética, ganhou o segundo lugar no mais prestigiado concurso internacional de piano do mundo, o Frédéric Chopin, em Varsóvia, em 1965. Iniciou então uma brilhante carreira de concertista internacional a partir de Viena. Foi solista da primeira audição do Concerto n. 1 de Heitor Villa-Lobos no Japão, na Rússia, na Áustria e na Alemanha.
De volta ao Brasil, na década de 1970, iniciou a gravação de mais de cinquenta discos (dos mais de cem de toda sua carreira) que mudariam o conhecimento do grande público em relação às obras instrumentais, eruditas e populares, brasileiras. Gravou Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Noel Rosa, Villa-Lobos, Radamés Gnattali, Turíbio Santos, Paulo Moura, Elomar e Heraldo do Monte, entre outros nomes da música instrumental brasileira. Definitivos são seus trabalhos de recuperação da obra de Ernesto Nazareth e Francisco Mignone. Em 1997, gravou obras do argentino Astor Piazzolla transcritas para piano.
Nos últimos anos, Arthur Moreira Lima tem se dedicado a executar concertos de piano em lugares populares como favelas, periferias, cidades do interior e escolas públicas, tendo realizado centenas de apresentações. Nesses concertos é extinta a fronteira entre popular e erudito: Pixinguinha convive com Beethoven, Nazareth com Mozart, sem nenhuma diferença de apuro, rigor ou empenho por parte deste erudito pianista popular.
Em 2010, o jornalista Marcelo Mazuras lançou O piano e a estrada, uma reportagem biográfica sobre o pianista. O livro cobre a carreira de Moreira Lima e suas apresentações em um caminhão-teatro, que percorreu 128.000 quilômetros levando música erudita a cerca de 250 cidades do interior do Brasil.