Jobim, Tom

Jobim, Tom

Rio de Janeiro (Brasil), 1927 - Nova York (EUA), 1994

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim – compositor, pianista, arranjador e diretor musical – foi um dos criadores do movimento da Bossa Nova, em fins da década de 1950, no Rio de Janeiro. Figura fundamental da música popular brasileira, mereceu de Chico Buarque de Holanda o epíteto de “maestro soberano”, em uma música gravada em 1993 (“Paratodos”), o que revelava na verdade o respeito que Jobim angariou entre os músicos brasileiros. Sua atividade profissional teve início nos anos 1940, marcados pela influência do jazz no Brasil, atuando como pianista em casas noturnas. Na década seguinte foi trabalhar em uma gravadora, como auxiliar do compositor, arranjador e pianista Radamés Gnattali. O primeiro grande sucesso como autor se deu com o lançamento, em 1954, de “Teresa da praia”, tendo como parceiro o compositor Billy Blanco (1924 - 2011). Começou a ser reconhecido como compositor e arranjador, chegando a ser diretor artístico de uma gravadora.

Um marco em sua carreira foi ter composto diversas músicas e realizado arranjos para uma peça teatral do poeta Vinicius de Moraes intitulada Orfeu da conceição, que estreou em 1956. A peça foi depois transformada em filme (Orfeu Negro, 1958; lançado também como Orfeu do Carnaval), sob direção do francês Marcel Camus, premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, França, em 1959, e com o Oscar, nos EUA, de melhor filme estrangeiro, o que deu grande notoriedade à parceria Tom/Vinicius. A época estava realmente favorável para a dupla, pois em 1958 também foi lançado um LP da cantora Elizeth Cardoso (1920-1990), intitulado Canção do amor demais, com canções de Jobim e Vinicius, que tinha em uma das faixas a música “Chega de saudade”, da dupla, com acompanhamento, ao violão, do posteriormente famoso cantor João Gilberto, com a sua conhecida “batida” (forma de acompanhamento) de violão, “de Bossa Nova”. A gravação é considerada historicamente um marco da Bossa Nova. Depois, nesse mesmo ano, o próprio João Gilberto gravou a música, acompanhando-se ao violão, com a interpretação característica que o legitimou como um dos iniciadores do novo estilo.

A projeção da música popular brasileira, por meio da Bossa Nova, no âmbito internacional, se deu de forma consagradora nos anos 1960, notadamente após o seu reconhecimento nos Estados Unidos logo no início dessa década. Muitos foram os músicos norte-americanos renomados, sobretudo jazzistas, que se encantaram pela Bossa Nova e passaram a gravar músicas desse repertório, sobretudo a partir de um show de brasileiros realizado no Carnegie Hall (Nova York) em 1962. Tom Jobim, participante do show, consagrou-se, recebendo inclusive um prêmio como arranjador. Tornou-se um ídolo nos Estados Unidos e suas composições foram gravadas por cantores como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald, respectivamente em 1967 e 1981.

Dezenas são as suas músicas que têm notório reconhecimento, com regravações e execuções constantes, entre as quais se incluem: “Desafinado” (1958), e “Samba de uma nota só” (1960), com Newton Mendonça; “Garota de Ipanema” (1962), com Vinicius de Moraes; “Retrato em branco e preto” (1968), com Chico Buarque; Wave (1969); “Águas de março” (1972) e tantas mais. Muitas delas fazem parte do repertório básico de ensino em escolas de música. O compositor, porém, não foi somente autor de sambas bossa-nova, pois em sua produção incluem-se os mais diversos gêneros, como canções, valsas, frevos e outros. Além disso, embora a temática mais conhecida da sua produção seja a lírico-amorosa, Jobim foi também um importante defensor e exaltador da natureza, da ecologia, sobretudo na última fase de sua vida.