O compositor cubano mais conhecido internacionalmente de todos os tempos destacou-se também como pianista e maestro. Representa a grande tradição de versatilidade da música popular hispano-caribenha, destacando-se em diversos gêneros, incluindo a música “clássica”. Seu conjunto de danças afro-cubanas para piano é provavelmente a mais estilizada melodização de diversos ritmos da herança afro-americana: a conga, a dança lucumí e, sobretudo, a célebre Comparsa.
As composições de Lecuona foram gravadas em épocas distintas e nos mais diversos formatos. Entre as peças marcadas pelo legado africano também podemos mencionar seus clássicos “Siboney”, “Canto karabalí”, “Tabu e Babalú” (erroneamente atribuída a sua sobrinha Margarita, cantora), entre muitas outras. Compôs também algumas das canções “espanholas” mais conhecidas de todos os tempos, como “La malagueña” e “Andalucía” (que a companhia de direitos autorais BMI testemunha ter sido interpretada em mais de um milhão de ocasiões). Também valsas célebres como “Crisântemo”, habaneras, mazurcas e danças cubanas; além das mais conhecidas zarzuelas caribenhas – “Maria la O” e “El cafetal” –, operetas, balés e música para uma dezena de produções da indústria cinematográfica no México, em Buenos Aires, Havana, e Hollywood (em 1942, foi indicado para o Oscar de melhor canção).
Lecuona formou com Gonzalo Roig a Orquestra Sinfônica de Havana e mais adiante uma das primeiras orquestras populares latino-americanas a alcançar sucesso nos Estados Unidos e na Europa: os Lecuona Cuban Boys, que causaram furor durante os anos 1930. “Rapsodia negra” é sua composição orquestral mais conhecida. Por causa da Revolução Cubana exilou-se em Nova York. Sua ambivalência entre “o clássico” e “o popular”, sua condição de exilado e suas inclinações homossexuais dificultaram o reconhecimento de sua enorme importância para a sonoridade tropical.