Os países da América Latina e do Caribe devem receber, durante a primeira década do século XXI, cerca de US$ 400 bilhões com as remessas de dólares por trabalhadores emigrantes residentes nos Estados Unidos. Esse dinheiro representa cerca de 31% dos US$ 103 bilhões movimentados anualmente por imigrantes oriundos dos países em vias de desenvolvimento para seus Estados de origem.
Os resultados de uma enquete realizada em 2004 pelo Fundo Multilateral de Investidores (FOMIN, sigla em espanhol) – organismo pertencente ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – entre latino-americanos residentes em 37 estados e no distrito de Columbia, indicam que 24% dos entrevistados eram cidadãos norte-americanos, 39% residentes ilegais e 32% não tinham documentos.
Segundo a investigação, dos 16,7 milhões de adultos nascidos na América Latina que vivem nos Estados Unidos, cerca de 10 milhões enviam dinheiro periodicamente às suas famílias, na maioria dos casos de baixa renda. O México é o principal beneficiário, com um ingresso de remessas de cerca de US$ 10 bilhões, quase um terço das transferências enviadas para a América Latina e o Caribe. A América Central obteve US$ 5,5 bilhões; os países caribenhos, US$ 5,45 bilhões; e os andinos, US$ 5,4 bilhões por ano (informação relativa a 2004). Pelo informe do BID, os fluxos financeiros relativos a essas remessas estão aumentando a uma média ponderada de 7,05% ao ano.
Os recursos enviados superam amplamente toda a assistência externa doada pelas nações industrializadas aos países em desenvolvimento. Em alguns casos, representam mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países destinatários, o que equivale a quase a metade dos investimentos estrangeiros diretos recebidos pela região.
O envio de remessas a partir dos Estados Unidos para os países latino-americanos constitui um fenômeno financeiro que envolve mais de 100 milhões de transações individuais ao ano, realizadas a um custo de 13% sobre o montante transferido, o que causa enormes prejuízos aos usuários. Se os valores das transações fossem reduzidos a 5%, as famílias mais humildes do México e da América Central poderiam poupar em torno de um bilhão de dólares ao ano, aproximadamente US$ 12 bilhões em uma década.
Em média, os imigrantes latino-americanos enviam a seus países remessas mensais que oscilam entre US$ 150 e US$ 250. Quase oito em cada dez pessoas que transferem dinheiro para os países da América Latina utilizam empresas de remessas. Outros recorrem aos correios informais, conhecidos como viajeros, ou aos bancos e às caixas de crédito. Apenas a metade dos imigrantes latino-americanos residentes nos Estados Unidos tem conta bancária.
A resposta de muitos governos dos países “exportadores de mão de obra”, considerando a crescente importância dos migrantes e de suas remessas, tem sido pensar em políticas vinculadas à sua “diáspora”, a fim de estimular as contribuições, economias e investimentos no país de origem. Para os países da América Central e do Caribe, principalmente, os imigrantes representam um dos setores econômicos mais dinâmicos, já que têm contribuído não só para estabilizar a balança de pagamentos, mas também para impulsionar o mercado interno. Ao mesmo tempo, nos países da região, vem sendo gerado um consenso cada vez mais crítico acerca das potencialidades das remessas, as quais, se podem ser fontes para o bem-estar de muitas famílias, comunidades e regiões, não deveriam jamais substituir as políticas públicas e não podem ser concebidas como fonte para o desenvolvimento.
Enquanto bilhões de dólares fluem para o sul das fronteiras dos Estados Unidos, um estudo do BID, realizado em 2004, também revela que os imigrantes latino-americanos contribuem com cerca de US$ 450 bilhões para a economia norte-americana, valor que representaria a terceira economia latino-americana, logo abaixo da brasileira e da mexicana.