Nome oficial |
Land Curaçao |
Localização |
Mar do Caribe, |
Estado e Governo |
Estado autônomo integrante |
Idiomas |
Papiamento, holandês e inglês (oficiais) |
Moeda |
Florin das Antilhas Holandesas |
Capital |
Williemstad |
Superfície |
444 km² * |
População |
148.406 (2015)* |
Densidade |
342 hab./km² ** |
Distribuição da população |
Urbana (89,3%) e |
Religiões |
Católicos (72,8%), pentecostais (6%), |
PIB per capita |
US$ 15,000 (2004 est.)* |
Eleições |
O chefe de Estado, o rei Willem-Alexander, nomeia seu representante, o governador-geral. As eleições legislativas acontecem a cada quatro anos para o parlamento unicameral composto por 21 assentos. O partido que obtém maioria indica o primeiro-ministro. |
Fontes:
* CIA. World Factbook
** Banco Mundial
Em outubro de 2010, as Antilhas Holandesas foram dissolvidas como entidade política autônoma unificada. As cinco ilhas que as constituíam passaram a desfrutar de uma nova situação político-administrativa. Foi assim que Curaçao, e também St. Maarten, se tornou um estado autônomo. As três ilhas menores, Bonaire, Saba e São Eustáquio, ganharam o status de municípios independentes. Todos, porém, permaneceram integrantes do reino dos Países Baixos.
Curaçao teve um papel protagonista entre as ilhas-irmãs desde que eram conhecidas como Índias Ocidentais. A região foi povoada em seus primórdios pelos índios caquetíos, da família linguística aruaque, predominante no Caribe. Foram eles que travaram o primeiro contato com o espanhol Alonso de Ojeda, que ali aportou em 1499.
Portugueses, ingleses, franceses e holandeses navegaram pela região aproveitando o relativo desinteresse espanhol pelas ilhas e sua maior preocupação com Hispaniola (onde estão situados o Haiti e a República Dominicana).
Em 1636, durante o período de luta pela independência da Holanda diante da Espanha, as ilhas foram incorporadas ao império colonial holandês. O ingresso da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais marcou o início da efetiva exploração econômica.
Instalados em Curaçao em 1642, os administradores da companhia se preocuparam em tornar as Índias Ocidentais um posto produtor de bens que atendesse aos anseios do comércio holandês. Foram introduzidas as landhuizen – estruturas habitacionais até hoje comuns na região. E com o conhecimento adquirido nos territórios conquistados dos portugueses no Nordeste brasileiro, teve início um processo ainda mais importante, o da cultura açucareira.
Além disso, as Índias Ocidentais -- especialmente Curaçao --, tornaram-se um importante entreposto do tráfico negreiro, abastecendo o Caribe com escravos africanos.
A expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro, em 1654, resultou na migração de judeus que abandonaram Recife (Brasil) e se fixaram em Curaçao, formando uma das mais antigas comunidades judaicas do continente. No início do século XVIII, a população judia em Curaçao remontava a cerca de 2 mil pessoas. Em 1732, foi erguida a primeira sinagoga em Willemstad (principal cidade de Curaçao e então capital das Índias Ocidentais), que ainda se encontra em funcionamento.
Nas décadas seguintes, as Índias Ocidentais tornaram-se um dos mais importantes entrepostos comerciais caribenhos e Curaçao passou a ser parada obrigatória nas rotas entre Caribe, México e Europa. Essa posição estratégica fez da região um alvo de franceses e ingleses durante o período das guerras napoleônicas. Entre 1805 e 1815, os ingleses se apossaram das Índias Ocidentais, devolvendo-as à Holanda com o fim do conflito contra a França. Recuperada das guerras na Europa, a Holanda conheceu uma nova fase de expansão e iniciou seu processo de industrialização. Essa nova lógica econômica se transferiu para as colônias holandesas, que se adaptaram aos dinamismos do mercado capitalista. Foi esse o contexto para a abolição da escravidão nas Índias Ocidentais, em 1863.
O fim do século XIX foi marcado pela retração econômica da região, que só recobraria forças com o advento do petróleo. A descoberta de jazidas em Maracaibo, na Venezuela, favoreceu a construção de refinarias em Curaçao e Aruba, revitalizando a economia local.
Rumo à independência
Em 1936, a Holanda autorizou mecanismos limitados de autogoverno para as Índias Ocidentais, que, em 1948, passaram a ser designadas como Antilhas Holandesas. Surgiram nessa época as primeiras organizações políticas locais, como o Partido Democrata (PD), o Partido Nacional do Povo (PNP), entre outros.
Em 1949, foi eleito como primeiro-ministro das Antilhas Holandesas, Moises Frumencio da Costa Gómez, do PNP. Esse partido manteve por longo tempo a supremacia política na região, em especial após 1954, quando as Antilhas Holandesas tornaram-se parte integrante do Reino da Holanda.
A ruptura no estatuto colonial trouxe novas questões para a região. Uma das mais tensas se traduziu no fluxo migratório de população das Antilhas Holandesas para a Holanda, em busca de melhores condições de vida. Essa situação afetou profundamente a economia local, com a perda de mão de obra qualificada. A migração se aprofundou com a crise do petróleo de 1973, gerando tensões raciais na Holanda diante da ampliação dessa mão de obra barata. Nas Antilhas Holandesas, a questão da força de trabalho foi, em parte, resolvida com o ingresso de milhares de dominicanos que abandonaram o seu país, castigado tanto pela crise econômica quanto pela repressão imposta pelo governo ditatorial.
Apesar da crise e diferentemente do que sucedeu em Aruba, Curaçao continuou a manter suas refinarias petrolíferas, atendendo aos interesses de empresas como a Royal Dutch Shell. Além disso, estimulou-se a indústria turística com investimentos na construção de complexos hoteleiros, que se transformaram em resorts de alto luxo para europeus e norte-americanos.
No ano de 2004, uma comissão conjunta antilhana e holandesa rediscutiu o estatuto das Antilhas na Holanda. A avaliação da comissão resultou em um relatório que sugeriu a formação de duas novas entidades políticas na região: uma formada por Curaçao e St. Maarten, com maior autonomia, e outra, vinculada diretamente à Holanda, composta de Bonaire, Saba e São Eustáquio.
Apesar disso, em 8 de abril de 2005, em referendo realizado em Curaçao, a população optou por uma maior autonomia diante da Holanda com vistas à independência plena. Após o referendo, negociações foram realizadas com a Holanda visando à total separação de Curaçao, que se concretizou em outubro de 2010.
Mapas
Bibliografia
- EDIE, Carlene J. Democracy in the Caribbean: myths and realities. Westport, CT: Praeger Publishers, 1994.
- KNIGHT, Franklin W. The modern Caribbean. Chapelo: University of North Carolina Press, 1989.
- MAINGOT, P.; PARRY, J. H.; SHERLOCK, P. M. A short history of the West Indies. London: Macmillan, 1987.