Bermudas
Bermudas

Bermudas

Nome oficial

Bermudas

Localização

América do Norte. Oceano Atlântico norte, a leste da Carolina do Sul (EUA)

Estado e Governo¹

Território de Ultramar da Grã-Bretanha

Idiomas¹

Inglês (oficial) e português

Moeda¹

Dólar de Bermudas

Capital¹

Hamilton 
(10 mil hab. em 2014)

Superfície¹

54 km²

Populaçã

64,9 mil (2010)

Densidade 
demográfica²

1.226 hab./km² (2010)

Distribuição da população³

Urbana (100%)(2010)

Composição étnica¹

Negros (53,8%%), brancos (31%),
mestiços (7,5%), outros (7,1%) (2010)

Religiões¹

Protestante (46,1%), católica romana (14,5%), testemunhas de Jeová (1,3%), outras cristãs (9,1%), islâmica (1%), outras (3,9%), nenhuma (17,8%), não especificada (6,2%) (2010)

PIB¹

US$ 5,2 bilhões (2013)

PIB per capita (PPP)¹

US$ 85.700 (2013)

Eleições¹

O governador-geral é indicado pela rainha da Inglaterra. O primeiro-ministro é escolhido pelo Legislativo bicameral composto de uma Câmara dos Deputados com 36 membros, eleitos por voto direto a cada 5 anos, e um Senado com 11 membros, sendo 5 indicados pelo primeiro-ministro, pelo líder da oposição e pelo governador-geral. O primeiro-ministro nomeia o gabinete com a aprovação do governador-geral. Eleições a cada 5 anos.

Fontes:

¹ CIA. World Factbook
² ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database
³ ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision

Arquipélago composto de sete ilhas principais e mais de uma centena de ilhotas de coral no Atlântico Norte, Bermudas é um território ultramarino britânico. Sua população, estimada em cerca de 64,9 mil pessoas (2010), distribui-se em uma superfície de 54 km². Trata-se, por esse motivo, de uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, com cerca de 1.200 habitantes por km² . Na maior das ilhas – chamada Bermuda, Grande Bermuda ou Ilha Principal –, fica a capital, Hamilton, com cerca de 10.000 habitantes (2014). As outras ilhas importantes do arquipélago são Somerset, Boaz, Ireland (do Norte e do Sul), Saint George e Saint David’s. O ponto mais próximo do continente situa-se 946 km a oeste, na costa da Carolina do Norte (Cabo Hatteras), nos Estados Unidos. A população é composta basicamente de afrodescendentes (53,8%) e brancos (31%). O idioma oficial é o inglês.

Colonização

Coube ao navegador espanhol Juan Bermúdez – que deu origem ao nome das ilhas – o primeiro contato com o arquipélago, em 1503. A ocupação começou no século seguinte, em 1609, com a chegada de um contingente de colonos britânicos naufragados em viagem rumo à costa da Virgínia, na América do Norte. O episódio foi conhecido por Shakespeare, que o utilizou em sua obra A tempestade. Durante algum tempo, as ilhas foram chamadas de Ilhas Somers, em referência ao Almirante Sir George Somers, que chefiava a expedição naufragada em 1609. Poucos anos depois, mediante carta régia, o arquipélago passou ao controle da Virginia Company.

Ao longo de todo século XVII, a presença britânica consolidou-se com a chegada de dissidentes políticos e religiosos. Em 1684, as ilhas foram adquiridas da Companhia Colonial pela Coroa britânica e passaram a ser administradas diretamente pela metrópole, que instalou um Parlamento no local (o primeiro de todo o continente americano). Desde essa época, tornou-se a sede de todos os governos coloniais britânicos instaurados no Caribe.

A atual capital, Hamilton, foi fundada em 1790 e converteu-se em sede do governo local em 1815. As primeiras atividades econômicas desenvolvidas nesses territórios concentravam-se na construção de navios – com os recursos florestais abundantes, principalmente o cedro – e no comércio do sal. Ao longo do século XIX, passaram a produzir gêneros tropicais para exportação, seguindo o modelo dos demais territórios coloniais americanos.

Os escravos africanos rapidamente se tornaram a maioria da população, mas a participação política – escolha de representantes no Parlamento – reservava-se apenas aos plantadores brancos. Em 1834, foi formalmente abolida a escravidão em todas as colônias britânicas.

Século XX

Bermudas permaneceu como comunidade agrária relativamente isolada até o fim da Segunda Guerra Mundial. Antes disso, porém, as autoridades locais já haviam começado a investir no turismo para dotar a economia local de uma fonte de renda expressiva.

Durante a Segunda Guerra Mundial, introduziram-se mudanças que acarretaram o principal surto de modernização do território. Por sua localização estratégica, em meio ao Atlântico Norte, as ilhas transformaram-se em importante base aérea e naval dos Estados Unidos (desativada em 1995). O arrendamento de expressiva área de Bermudas foi negociado diretamente entre os governos dos EUA e da Grã-Bretanha, em acordo secreto, sem o conhecimento da população ou das lideranças locais.

Em 18 de novembro de 1940, anunciou-se que metade da ilha de Saint David’s (e outras ilhotas próximas) haviam sido emprestadas, por 99 anos, aos Estados Unidos para a construção da maior base aérea e naval da região. Principal peça do sistema de defesa dos EUA no Atlântico contra ameaças à sua costa leste, a base passou a servir, no pós-guerra, também como terminal aéreo civil. Isso contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do turismo e da economia locais.

Segregação e independência

A primeira organização social importante formada nas ilhas foi a central sindical, União Industrial de Bermuda (UIB). Dela originou-se o Partido Trabalhista Progressista (PTP), fundado em 1963. Ambos defendiam a independência total do território, a cobrança do imposto de renda como meio de combater a desigualdade social, mais investimentos sociais e fim da discriminação racial. O Partido Unido das Bermudas (PUB) – de caráter oficial e conservador – foi criado um ano depois pela elite branca e votante, visando exatamente combater as propostas do PTP.

Em junho de 1968, em meio a pressões autonomistas, os britânicos concederam uma nova Constituição, que garantiu o autogoverno interno de Bermudas. Apesar das concessões metropolitanas, as eleições desse ano foram realizadas em um clima de violência generalizada, que se expressava, sobretudo, em questões políticas e raciais. As eleições deram vitória aos conservadores do PUB, graças a algumas particularidades e restrições presentes nos mecanismos eleitorais em funcionamento.

Até 1968, além dos critérios de propriedade para poder votar, os mais jovens (menores de 21 anos), majoritariamente inclinados ao PTP, ficavam excluídos das eleições. Outras distorções no sistema eleitoral das ilhas permaneceram em vigor por mais tempo, como o voto dos não bermudenses e a proporcionalidade de representação, que beneficiava as pequenas paróquias dominadas pelos brancos e proprietários.

Na década de 1970, explodiram os conflitos raciais em Bermudas. Após as eleições de 1976, que ratificaram a permanência dos conservadores do PUB no poder, o clima de revolta recrudesceu. No ano seguinte, foram condenados à morte dois militantes anticolonialistas do movimento Black Cadre, que haviam assassinado o governador e outras pes­soas ligadas ao sistema colonial em 1972 e 1973. A condenação gerou uma grande onda de protestos, que obrigou o envio de fuzileiros britânicos para a repressão aos manifestantes.

As lutas ganharam nítidos tons de confrontação racial, na medida em que brancos e estrangeiros com interesses nas ilhas apoiavam decididamente o governo conservador. Já o PTP – desde a fundação – era formado e apoiado basicamente por afrodescendentes. A segregação da população negra de alguns setores da vida social e sua alocação nos empregos subalternos geravam constantes tensões, apaziguadas, entretanto, pelas novas oportunidades econômicas do pós-guerra. A elite branca confrontada alardeava que as condições de vida dos afrodescendentes bermudenses eram muito superiores às verificadas nos países do Caribe (onde o turismo não era tão desenvolvido e próspero) e, até mesmo, às dos trabalhadores negros norte-americanos.

Diante da crise, organizou-se, em 1979, a Conferência Constitucional de Bermudas, com o objetivo de introduzir mudanças na Constituição, mas os resultados foram tímidos, principalmente pelo desacordo de posições entre os dois principais partidos. Apesar de avanços importantes obtidos no Parlamento pelo oposicionista PTP, o PUB permaneceu hegemônico até 1998.

Em 1995, teve lugar um plebiscito sobre a independência, cujo resultado deu a vitória à manutenção dos laços coloniais com a Grã-Bretanha. No pleito, 58% dos votantes foram às urnas e, desses, apenas 25% apoiaram a proposta de independência. Em 1998, pela primeira vez na história, o PTP venceu as eleições. Desde 2003, o território tornou-se um membro associado à Comunidade do Caribe (Caricom). Um novo governo do PTP pró-independência, eleito em 2003, reabriu as discussões em torno da questão da autonomia política das ilhas. Na época, as pesquisas de opinião apontavam a preferência de 65% pela manutenção dos laços coloniais com os britânicos, contra 20,1%, que pretendiam a independência.

O PTP governou até dezembro de 2012, quando perdeu a maioria para a Aliança Única por Bermuda (OBA, sigla em inglês), partido criado em 2011 por representantes saídos do PUB e da Aliança Democrática por Bermuda. Indicado primeiro ministro, Craig Cannonier ocupou o cargo até 2014, quando renunciou. Em seu lugar assumiu Michael Dunckley.

Economia

Um dos principais centros financeiros offshore do mundo, o arquipélago de Bermudas tem nesse setor sua principal atividade econômica. Ao contrário do que ocorre em outros paraísos fiscais localizados no Caribe, a legislação que regula o setor em Bermudas tem recebido a aprovação dos organismos internacionais de combate à lavagem de dinheiro. É um dos principais centros mundiais de companhias de seguros.

O turismo é a segunda principal fonte de renda – quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) –, com cerca de 500 mil visitantes por ano, sobretudo norte-americanos. Especialmente voltado para um público de alto poder aquisitivo, esse setor da economia sofreu sério abalo após os atentados terroristas de setembro de 2001 nos EUA. No entanto, o mesmo episódio gerou grande impulso aos negócios operados pelas seguradoras, o que, em parte, compensou a queda dos ingressos. Apesar da diminuição do fluxo de visitas norte-americanas ao território, que já representou 83,9% das chegadas de avião em 1990, a afluência estadunidense continua a ser a base do turismo local. Em 2003, foi responsável por 78% dos desembarques aéreos.

Cerca de 90% da economia concentra-se no setor de serviços. Da reduzida pauta de produtos de exportação, destacam-se os gêneros semitropicais, o combustível para aeronaves e navios e os produtos farmacêuticos. Os EUA – país mais próximo –­ desempenham papel central na economia de Bermudas. Muitas empresas norte-americanas procuram as isenções fiscais concedidas pela legislação bermudense, e cerca de 8 mil cidadãos dos EUA vivem atualmente no território. De tudo o que é importado por Bermudas, 76% vêm desse país. As atividades financeiras e o turismo levaram o território a ostentar um padrão de vida semelhante ao das regiões mais prósperas dos EUA, com renda per capita de US$ 85,7 mil (2013), uma das mais altas do mundo.

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Front Street, na cidade de Hamilton, capital das Bermudas (JoeyBagODonuts/Wikimedia Commons)

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Vista do centro de Hamilton (Wikimedia Commons)

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A cidade histórica de Saint George e suas fortificações são parte do Patrimônio Mundial da UNESCO (Captain-tucker/Creative Commons)

Indicadores demográficos de Bermudas

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

2020*

População
(em mil habitantes)

37

45

52

57

61

64

64

61

Densidade demográfica 
(hab./km
²)

745

899

1.046

1.140

1.219

1.281

1.279

1.213

População urbana (%)¹

37

45

52

56

60

63

65

66

População rural (%)¹

63

55

48

44

40

37

35

34

Participação na população
na America do Norte (%)**

0,022

0,022

0,023

0,022

0,022

0,020

0,019

0,016

Participação na
população mundial (%)

0,013

0,001

0,001

0,001

0,001

0,001

0,001

0,001

Fontes: ONU. World Population Prospects: The 2015 Revision Database
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados de ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision 

* Projeção. | ** Inclui Bermudas, Groelândia e Saint-Pierre e Miquelon.

Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventuais mudanças) são encontradas na base de dados indicada.

 

Mapas

Bibliografia

  • ROYLE, Stephen A. Economic and political prospects for the british atlantic dependent territories. The geographical journal. London: The Royal Geographic Society. v. 161, ed. 3, 1995.
Sites
  • http://www.gov.bm/portal/;
  • http://www.cia.gov/cia/publications/factbook/geos/bd.html;
  • http://www.fco.gov.uk/