USP

Universidade de São Paulo

A Universidade de São Paulo, a mais prestigiosa e conhecida instituição de ensino e pesquisa do Brasil, foi criada em 25 de janeiro de 1934, por meio do Decreto Estadual n° 6283, assinado pelo governador Armando de Salles Oliveira, como parte do projeto político das oligarquias paulistas de formação de uma elite dirigente preparada intelectual, científica, artística e culturalmente. A comissão encarregada de implantá-la era presidida por Júlio de Mesquita Filho, diretor do jornal O Estado de S. Paulo, e tinha como relator Fernando de Azevedo.

A instituição, inicialmente, era composta de dez unidades de ensino e pesquisa, das quais sete já existiam: a Faculdade de Direito (fundada em 1827), a Escola Politécnica (1894), a Faculdade de Farmácia e Odontologia (1899), a Escola Superior de Agricultura (1899), a Faculdade de Medicina (1913), a Escola de Medicina Veterinária (1928) e o Instituto de Educação (1933). As três novas eram a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (a FFCL, hoje Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH –, criada pelo Decreto n° 6283), o Instituto de Ciências Econômicas e Comerciais e a Escola de Belas Artes, que deveriam ser instaladas posteriormente.

Para os fundadores da USP, a FFCL simbolizava a concepção de universidade como um espaço do “espírito crítico e objetivo”, “do universal”, “da cultura livre e desinteressada” e onde seriam formados os novos quadros de dirigentes. Ela seria uma espécie de universidade dentro da universidade, ditando para as demais escolas, faculdades e institutos os novos padrões de ensino e pesquisa e realizando a integração dos cursos e atividades acadêmicas. O modelo concebido originalmente para a faculdade, porém, jamais se implementou e, nas décadas seguintes, vários de seus ramos tornaram-se autônomos, como os Institutos de Física, Matemática, Psicologia, Química e Biociências.

Entre as décadas de 1940 e 1960 ocorreram fortes modificações e ajustes institucionais, com o projeto de modernização da USP, que introduziu parcialmente o sistema departamental, o início da construção da Cidade Universitária e a transformação da universidade em uma autarquia, com o fortalecimento de sua autonomia administrativa.

Nos anos 60, a USP foi sacudida por debates internos contrários à implantação de modelos de ajuste à nova realidade econômica mundial, como o decorrente do acordo entre o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e a United States Agency for International Development (USAID) e de propostas para a participação de professores, funcionários e mesmo estudantes na eleição de reitores, diretores e na gestão acadêmica. Os choques de ideias, conflitos ideológicos e doutrinários provocaram a mobilização de todos os setores universitários, mas foram brutalmente interrompidos em 13 de dezembro de 1968, com a edição do Ato Institucional n o 5, o famigerado AI-5 da ditadura militar, a aposentadoria compulsória e a cassação dos direitos políticos de dezenas de professores, entre eles os sociólogos Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso, este futuro presidente da República, e a promulgação da Lei da Reforma Universitária (4.024/68).

Entre as décadas de 1970 e 2000, a USP passou por uma série de transformações, ampliando continuamente a oferta de vagas em cursos de graduação e pós-graduação, abrindo novos cursos e serviços de extensão à comunidade e consolidando uma pesquisa científica de padrão internacional. Simultânea e gradativamente, foram instaladas fundações privadas no interior da universidade e ampliada a captação de recursos externos. Os poderes dos dirigentes universitários e de alguns órgãos colegiados foram concentrados, ao mesmo tempo que ocorriam mudanças nos planos de carreira e eram reduzidas a estabilidade e a liberdade dos docentes.

A partir de 1989 tanto a USP quanto as outras mais importantes instituições estaduais de ensino superior, como a Universidade de Campinas (Unicamp) e a Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), adquiriram autonomia de gestão financeira. As três universidades passaram a receber percentuais diferenciados e repasses contínuos do Tesouro do Estado de São Paulo, calculados como cotas-parte do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Atualmente a USP é a maior e mais importante universidade pública brasileira, com 36 unidades de ensino e pesquisa distribuídas em onze campi: São Paulo (três), Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto, Santos e São Carlos. Em 2005 foram inaugurados dois novos campi, um na cidade de São Paulo, a USP Leste, e o outro na cidade de São Carlos, o Campus II. No primeiro foi implantada a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), que oferece dez novos cursos e 1.020 vagas. O segundo passou a oferecer trezentas novas vagas nos cursos de engenharia ambiental e engenharia aeronáutica. Em 2011, foi inaugurado o campus de Santos.

No total, a USP tem 59 mil alunos de graduação e 30 mil de pós-graduação (mestrandos e doutorandos) matriculados, 6 mil professores, 17 mil funcionários (2010) e um orçamento de 5 bilhões de reais (2014). É a instituição com maior número de diretórios de pesquisadores do CNPq (1.400) e responsável por mais de 25% da produção científica brasileira, segundo o Institute of Scientific Information (ISI).

Vista da Cidade Universitária da USP, em São Paulo (Hector Carvalho/Wikimedia Commons)