Suassuna, Ariano

Suassuna, Ariano

João Pessoa, 1927 - Recife (Brasil), 2014

Romancista, dramaturgo, poeta e ensaísta, idealizador do Movimento Armorial, um dos principais nomes da literatura brasileira, defensor da cultura popular e, em especial, um divulgador incansável da cultura nordestina.

Filho de João Suassuna, governador da Paraíba entre 1924 e 1928, e de Rita de Cássia Vilar, tinha três anos quando seu pai foi assassinado por motivações políticas, às vésperas da Revolução de 1930. Ariano foi casado com Zélia de Andrade Lima, sua primeira namorada e companheira por toda a vida. Tiveram seis filhos.

Em 1942 mudou-se para o Recife e, no ano seguinte, escreveu Uma Mulher Vestida de Sol, sua primeira peça, que foi apresentada no Teatro do Estudante de Pernambuco, vencendo a competição. Formou-se em Direito em 1950 e dedicou-se a advogar, sem, no entanto, interromper sua intensa produção literária. Em 1955 escreveu para o teatro um dos seus trabalhos de maior sucesso, o Auto da Compadecida, que conquistou a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais e que já foi traduzido e adaptado para nove idiomas. 

Ariano criou o Movimento Armorial, que tem como objetivo produzir arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro. O movimento foi lançado no Recife, em 1970, com o concerto “Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial”. Eleito para Academia Brasileira de Letras em 1990, ocupou a cadeira 32. Também foi membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Paraibana de Letras.

Foi dele a ideia de construir um santuário ao ar livre na Serra do Catolé, em São João do Belmonte, sertão de Pernambuco. A região foi palco, no início do século 20, de um movimento de fanáticos liderados pelo autoproclamado “rei” João Antônio dos Santos. A história inspirou o livro O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, publicado por Ariano em 1971. O santuário tem 16 esculturas gigantes feitas de pedra, que representam o sagrado e o profano, com imagens de Jesus, Nossa Senhora, personagens do movimento de fanáticos e do romance do escritor.

Ariano deu aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco, foi secretário estadual de Cultura na gestão de Miguel Arraes (1994 a 1998), e no primeiro mandato de seu sobrinho, o governador Eduardo Campos (2007 a 2011). Em 2011, foi nomeado chefe da Assessoria Especial de Eduardo Campos. Definia as posições políticas dizendo: “Quem coloca a ênfase na justiça, é de esquerda. Quem a coloca na eficácia e no lucro, é de direita.” Nas eleições de 2014 declarou apoio a Dilma Rousseff, apesar da candidatura a presidente do sobrinho.

No dia 18 de julho de 2014, apresentou a sua célebre aula-espetáculo no 24ª Festival de Inverno de Garanhus (PE). Cinco dias depois, em 23 de julho, morreria em decorrência de complicações de um AVC (acidente vascular cerebral). Ele tinha 87 anos.

Outras obras: teatro/ Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa (1948); Os homens de barro (1949); Auto de João da Cruz (1950); Torturas de um coração (1951); O arco desolado (1952); O castigo da soberba (1953); O Rico Avarento (1954); O casamento suspeitoso (1957); O santo e a porca (1957); O homem da vaca e o poder da fortuna (1958); A pena e a lei (1959); Farsa da boa preguiça (1960); A caseira e a Catarina (1962); As conchambranças de Quaderna (1987); Romance/ A História de amor de Fernando e Isaura (1956); História d'O Rei Degolado nas caatingas do sertão - Ao sol da Onça Caetana (1976); Poesia/ O pasto incendiado (1945-1970); Ode (1955); Sonetos com mote alheio (1980); Sonetos de Albano Cervonegro (1985); Poemas (antologia) (1999); Os homens de barro (1949).

 
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