Fray Mocho

O Centro de Estudos e Representações de Arte Dramática Teatro Popular Independente Fray Mocho foi fundado em 1950, na Argentina, por Oscar Ferrigno, egresso do Conservatorio Nacional de Arte Escénico, após retornar de uma viagem à Europa, onde teve contato com grupos da vanguarda teatral francesa. Impedido de realizar cursos internos de capacitação para os atores do Teatro de La Máscara, do qual fazia parte, ele decidiu fundar o Fray Mocho, grupo de orientação marxista voltado para a experimentação e pesquisa de uma dramaturgia moderna.

Auxiliado por Esther Becher, Estela Obarrio, Augustín Cuzzani, Mírko Alvarez, Elena Berni, Raquel Kronental e Salvador Santángelo, Ferrigno estabeleceu uma nova conduta para os integrantes do grupo: um ano de ensaios e estudos intensos antes das primeiras apresentações públicas, feitas ainda em caráter experimental, em diferentes locais. Somente após esse período de experimentação, o grupo alugou um amplo galpão em Buenos Aires. O local transformou-se em sala de espetáculos para sua estreia oficial, que alcançou grande ressonância popular.

Além de um repertório universal moderno que permitiu a experimentação de novas propostas cênicas, o grupo interessou-se por autores nacionais ou da região rio-platense. Os programas alternavam espetáculos como La gota de miel, de Leon Chancerel, e El decubrimiento del Nuevo Mundo, de Lope de Vega, segundo a versão livre de Morvan Lebesque, com peças de autores argentinos como Moneda falsa, de Florencio Sánchez, e Los disfrazados, de Carlos Mauricio Pacheco, dando-se especial importância para jovens autores como Osvaldo Dragún. Dele foram encenadas La peste viene de Melos, de 1956, sobre a invasão da Guatemala, Historias para ser contadas  Historia de mi esquina e Túpac Amaru, de 1959.

Preocupado com a formação dos integrantes do grupo, Ferrigno organizou cursos e oficinas voltados para problemas específicos da atividade teatral. Foram editados os Cuadernos de Arte Dramático e os Suplementos de Estudio, dedicados à documentação e ao desenvolvimento de estudos sobre a obra de Konstantin Stanislavski, George Pitoeff, Jaques-Dalcroze, Copeau, Bertolt Brecht, Charles Dullin, entre outros.

Em 1961, o grupo foi desalojado de sua sede e tentou ainda prosseguir com suas atividades de capacitação e apresentações, porém, sem a organização mantida até então, dissolveu-se no ano seguinte.

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