Carpentier, Alejo

Carpentier, Alejo

Havana (Cuba), 1904 - Paris (França), 1980

O êxito literário das suas obras repetiu-se em ensaios, fundadores de conceitos para pensar a arte latino-americana. Formulou as bases teóricas do “Realismo maravilhoso”, que adotou em grande parte dos textos, nos quais afirma temáticas nacionalistas, revolucionárias e mestiças, como em O reino deste mundo (1948), no qual conta a história da independência do Haiti do ponto de vista de um ex-escravo. Os passos perdidos (1953) engendra o confronto entre o europeu e o latino e os impasses entre atraso e modernidade, aspectos retomados no romance O século das luzes (1963), em que procura abarcar a influência do imaginário francês no Caribe.

Participou do movimento surrealista do qual foi também crítico. Exerceu a atividade jornalística enquanto viveu no exílio e participou do Grupo Minorista, junto com Nicolás Guillén. Depois da Revolução, retornou a Cuba, onde ocupou importantes cargos no regime socialista. Intelectual de larga envergadura, logrou construir o romance histórico, pautado em questões da formação da literatura crioula, através do Barroco, estilo que afirmava ser o único a fazer jus à monumental natureza americana.

Formou gerações de escritores, entre outros, a conterrânea Nancy Morejón, que destrinçam em outros projetos o que se pode ler no seu Guerra do tempo (1958), centrado na elaboração de um romance que procura interpretar um período. Lido por alguns críticos como escritor de romances filosóficos, A consagracão da primavera (1978) coloca a concorrência entre duas categorias temporais, a do homem e a da história.

Interessado em elaborar ambientes universais e arquétipos de época, sua preocupação com a história desaguou em narrativas minuciosas como Concerto barroco (1974), em que reconstrói a viagem de um criollo pela Europa. O recurso do método (1976) dialoga com o tradicional romance de ditador da América Latina, escrito por ficcionistas de que reconhecia receber influência, como, entre outros, Gabriel García Márquez, Augusto Roa Bastos e Mario Vargas Llosa. Também publicou Literatura e consciência política na América Latina (1969).

Carlos Rafael Rodríguez, Blas Roca, Alejo Carpentier e Fidel Castro (Reprodução/www.fundacioncarpentier.cult.cu)