Havelange, João

Havelange, João

Rio de Janeiro (Brasil), 1916 - 2016

De origem belga, Jean Marie Faustin Godefroid Havelange dedicou a maior parte de sua vida aos esportes, como atleta e dirigente. Competiu duas vezes nos Jogos Olímpicos, primeiro como nadador, em 1936, e mais tarde como membro da equipe de polo aquático, em 1952. Posteriormente foi chefe da delegação brasileira nos Jogos de Melbourne, em 1956. Recebeu numerosas condecorações pelos serviços prestados ao esporte, entre elas a de Cavaleiro da Legião de Honra (França), a Ordem de Mérito Especial de Esportes (Brasil) e a Grande Cruz de Isabel, a Católica (Espanha). Foi eleito presidente da FIFA na sucessão de sir Stanley Rous em 1974, tornando-se o primeiro latino-americano a comandar a entidade. Depois de cinco sucessivas reeleições deixou o cargo em 1998, fazendo de Joseph Blatter seu sucessor.

Entre as ações mais importantes da FIFA sob a direção do brasileiro se registrou o aumento de times na Copa do Mundo, de 16 a 24 (na Espanha, 1982) e mais tarde a 32 (na França, 1998). Além disso, Havelange, no comando da FIFA, promulgou a criação de campeonatos mundiais juvenis em 1977 (para os jogadores menores de vinte anos) e do campeonato sub-17 em 1985, e também fomentou o desenvolvimento do futebol feminino e das competições de futsal. Nos anos 1970, Havelange estabeleceu programas de desenvolvimento do futebol nos países do Terceiro Mundo. Os bons resultados obtidos pelas equipes africanas e asiáticas nas Copas do Mundo mostram o êxito desses esforços. Em 1988, foi selecionado para o Prêmio Nobel da Paz. No entanto, houve suspeitas de corrupção em sua atividade no comando da FIFA, que privilegiou sempre o êxito comercial à ética esportiva.

A presidência de Havelange na FIFA coincidiu com o período de explosão do futebol visto como um negócio, em nível global. Em 1978, ele apoiou a realização da Copa do Mundo na Argentina, apesar da presença da ditadura militar nesse país, e foi tido como suspeito de apoiar os negócios ilícitos do contra-almirante argentino Carlos Alberto Lacoste, a quem depois nomearia vice-presidente da FIFA. Em 1993, teve uma grande disputa com Pelé, quando o ex-jogador brasileiro denunciou a corrupção na Confederação Brasileira de Futebol (dirigida por Ricardo Teixeira, genro de Havelange). Por essa razão, proibiu a participação do maior ídolo da história do futebol brasileiro no sorteio da Copa do Mundo de 1994. Havelange é acionista da Viação Cometa, uma das três maiores empresas de ônibus do Brasil, e da indústria química ORWEC.

Em 2011, renunciou ao posto de membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) para evitar a conclusão das investigações que envolviam seu nome ao escândalo de pagamento de propinas pela agência de marketing esportivo ISL. Em 2013, pelo mesmo motivo, renunciou ao cargo de presidente honorário da FIFA.

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