Anguila
Anguila

Anguila

Nome oficial

Anguilla

Localização

Caribe

Estado¹

Território de Ultramar da Grã-Bretanha

Idioma

Inglês (oficial)

Moeda

Dólar do Caribe Oriental

Capital¹

The Valley (1.000 hab. em 2014)

Superfície¹

91 km²

População²

13,7 mil (2010)

Densidade 
demográfica²

151 hab./km² (2010)

Distribuição 
da população³

Urbana (100%) (2010)

Analfabetismo³

5% (1984)

Composição étnica¹

Negros (90,1%), mestiços (4,6%), 
brancos (3,7%) e outros (1,5%) 

Religiões¹

Protestantes (83,3%), católica romana (5,7%), 
outras (6,6%), nenhuma (4%),
não especificada (0,3%)

PIB¹

US$ 175,4 milhões (2009)

PIB per capita¹

US$ 12.200 (2008)

Eleições¹

Governador-geral indicado pela rainha da Inglaterra. Parlamento unicameral com onze membros, sendo sete eleitos diretamente para um mandato de cinco anos, dois indicados pelo governador-geral e dois membros ex officio, o Procurador-geral e o Vice-governador. Após as eleições, o líder do partido majoritário é usualmente nomeado pelo governador-geral como ministro-chefe. O conselho executivo é nomeado também pelo governador-geral, escolhido entre os membros eleitos ao Parlamento.

Fontes:

¹ CIA.World Factbook.
² ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database.
³ ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision.

Território britânico no Caribe com menos de 13 mil habitantes, Anguila tem como capital a cidade de The Valley e uma extensão de apenas 91 km². É formada pelas ilhas de Anguila e Sombrero e por diversas outras ilhotas desabitadas. Curiosamente, não teve a metrópole europeia como alvo principal de sua luta pela autodeterminação. O inimigo histórico dos anguilenses é outra antiga colônia britânica, São Cristóvão e Névis, que respondeu, entre 1824 e 1980, pela sua administração. O auge do conflito foi em 1967, com a chamada Revolução Anguilense. Em 27 de fevereiro desse ano, a Grã-Bretanha empreendeu uma reforma administrativa em seu sistema colonial e concedeu a São Cristóvão e Névis, e também a Anguila – até esse momento unidas por uma administração comum, mas desde então separadas – o estatuto de Território Ultramarino à comunidade britânica.

Baía dos Porquinhos

Sob a liderança de James Ronald Webster, hoje herói nacional, os anguilenses aproveitaram o momento de mudança e, em 30 de maio, expulsaram a força policial de São Cristóvão, que estava lotada na ilha. A estratégia pró-separatismo ainda contou com um referendo em 11 de julho, quando 1.813 pessoas votaram a favor e apenas cinco, contra.

A instabilidade política resultou na intervenção da metrópole. Em dezembro de 1967, a Grã-Bretanha conseguiu firmar um acordo provisório com os líderes revolucionários e designou Anthony Lee para trabalhar com Webster pela pacificação dos laços entre Anguila e São Cristóvão. Mas em 8 de janeiro de 1969, quando o prazo do acordo provisório terminou, as relações entre as duas ilhas ainda não haviam se normalizado. Em 6 de fevereiro, foi realizado um novo referendo, e 1.739 anguilenses votaram a favor da separação, com apenas quatro votos contrários.

Anguilla1.jpg
Soldados britânicos em Anguila, em 1969 (Reprodução/Mike Gore/www.hmsminerva.info)
Em 11 de março, a Grã-Bretanha enviou outro representante, William Whitlock, com o objetivo de criar um governo interino sob domínio britânico, o que não foi aceito. Diante do impasse, a metrópole decidiu invadir a ilha. Em 19 de março, duas fragatas, HMS Minerva e HMS Rothesay, chegaram à costa de Anguila com pelo menos três centenas de homens para “restabelecer a ordem”. A população recebeu bem o regimento britânico. Muitos chamam esse episódio de Baía dos Porquinhos, uma ironia basea­da na malsucedida invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, realizada em 1961 por anticastristas organizados pela CIA.

O enviado britânico Anthony Lee retornou ao local para participar de uma nova administração. A revolução havia obtido sucesso. Um acordo interino permitiu a proclamação de uma nova Constituição em 12 de fevereiro de 1976, culminando em 19 de dezembro de 1980 com a definitiva separação entre São Cristóvão e Névis – que permaneceram unidas – e Anguila, que passou a ser Estado associado à comunidade britânica.

Colonização e estagnação econômica

Para os anguilenses, a vitória do colonialismo foi a da autodeterminação. Até então, acreditava-se que a manutenção do vínculo com São Cristóvão impedia o seu desenvolvimento.

Assim como em outras ilhas caribenhas, a colonização em Anguila iniciou-se em meados do século XVII pelos ingleses, que desejavam desenvolver a agricultura com vistas à exportação. Mas as condições climáticas e de solo menos favoráveis do que as de outras colônias próximas determinaram que as culturas da cana-de-açúcar, do algodão e do tabaco não tivessem sucesso. Quando a escravidão foi abolida, em 1838, a população de Anguila não passava de 2 mil pessoas. Nessa época, muitos ingleses brancos optaram por voltar à metrópole e venderam suas terras aos antigos escravos. Foram esses novos agricultores independentes que expandiram a produção agrícola para o restante da ilha.

Apesar da estagnação econômica, a Coroa inglesa teve de enfrentar seguidas investidas da França contra a ilha. Por volta de 1666, poucos anos após a chegada dos primeiros colonizadores ingleses, forças francesas invadiram Anguila, em mais um capítulo da disputa das duas metrópoles pelo controle do Caribe. O Tratado de Breda, em 1667, trouxe de volta Anguila para o jugo britânico. Foi a partir de uma reforma administrativa realizada pela Grã-Bretanha em sua colônia, em 1824, que Anguila foi vinculada a São Cristóvão, ilha próxima de maior extensão física e poderio político. A mudança desagradou a muitos anguilenses, para os quais houve perda relativa de autonomia uma vez que não viam entre os administradores vizinhos qualquer interesse em investir no desenvolvimento local. Esse foi o início de um descontentamento que persistiria até o século seguinte e só seria resolvido com a definitiva secessão.

Forma de governo

Com a Constituição de 1976 e a secessão em 1980, consolidou-se o sistema de governo de Webminster no território. O chefe de Estado foi designado pela realeza da Grã-Bretanha. Eleições livres elegeram sete dos doze representantes da Assembleia Legislativa, e o líder do partido ou da coalizão vencedora tornou-se o ministro-chefe.

Nas eleições de 1976, o Partido Progressista do Povo (PPP), conseguiu eleger seis dos sete deputados e Ronald Webster se tornou o ministro-chefe. Mas seu governo durou pouco, até fevereiro de 1977, quando a Assembleia aprovou um voto de desconfiança. O estilo centralizador de Webster desagradava até seus colegas. A representação britânica na ilha resolveu indicar, então, Emile Gumbs, da Aliança Nacional de Anguila (ANA), para o cargo de ministro-chefe. Ele governou até 1980, quando foi derrotado novamente por Webster, que logo em seguida fundou um novo partido – o Movimento Anguila Unida (MAU).

A disputa continuou intensa e, em 1984, Gumbs conseguiu voltar ao poder. Ele governou até 1994, quando se aposentou. As eleições nesse ano foram vencidas pelo Partido Democrata de Anguila (PDA) e pelo Partido Anguila Unida (PAU), que indicaram Hubert Hughes para a chefia do governo. Em 2000, os democratas fecharam acordo com a ANA para criar a Frente Unida de Anguila (FUA), e saíram vitoriosos. Osbourne Fleming foi indicado ministro-chefe. Nas eleições de fevereiro de 2005, seu grupo, novamente vitorioso, reconduziu-o ao cargo. Em 2010, Hubert Hughes voltou a ser indicado para a chefia do governo, cargo que ocupava em 2015. 

Sem muitos recursos naturais, a economia local depende sobretudo do turismo, de atividades bancárias offshore, da pesca da lagosta e do envio de recursos pelos imigrantes. Em 1995, o país sofreu um grande baque com o furacão Luís, que afugentou os turistas por vários meses e abalou a economia. A partir da recuperação, no ano seguinte, o setor expandiu-se.

Vista de Cala Anguila (Steffen Löwe/Wikimedia Commons)

A praia de Cap Juluca, com típicas águas translúcidas (tiarescott/Wikimedia Commons)
 

Mapas

Quadros Estatísticos

Indicadores demográficos de Anguila

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

2020*

População 
(em mil habitantes)

5

6

6

7

8

11

14

15

Densidade demográfica
(hab./km²)

56

64

70

74

92

122

151

 

Taxa de crescimento
populacional**

2,13

0,84

0,71

-0,11

3,26

2,65

...

...

População urbana (%)¹

100

100

100

100

100

100

100

100

População rural (%)¹

0

0

0

0

0

0

0

0
 

Participação na população 
latino-americana (%)***

0,003

0,003

0,002

0,002

0,002

0,002

0,002

0,002

Participação na
população mundial (%)

0,0002

0,0002

0,0002

0,0002

0,0002

0,0002

0,0002

0,0002

Fontes: ONU. World Population Prospects: The 2012 Revision Database.
¹ Dados sobre a população urbana e rural retirados de ONU. World Urbanization Prospects, the 2014 Revision. 
* Projeções. | ** Estimativas por quinquênios. | *** Inclui o Caribe.

Obs.: Informações sobre fontes primárias e metodologia de apuração (incluindo eventuais mudanças) são encontradas na base de dados indicada.

 

Bibliografia

  • CARTY, Brenda; PETTY, Colville. Anguilla: tranquil isle of the Caribbean. Northampton/MA: Interlink, 1997.
  • WESTLAKE, Donald E. Under an English heaven. London: Hodder and Stoughton, 1972.