Tlatelolco, Massacre de

Episódio ocorrido em 2 de outubro de 1968, na Cidade do México, quando tropas militares cercaram e dispararam nos estudantes que se concentravam na Praça das Três Culturas para protestar contra a invasão militar do campus da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). O número de mortos e feridos foi calculado entre 150 e 500 pessoas.

O massacre de Tlatelolco relacionou-se com a escalada repressiva por parte do governo para conter, às vésperas dos jogos olímpicos – marcados para começar em 12 de outubro –, os desdobramentos de maio de 1968 no México, que encontravam eco na organização de passeatas e protestos estudantis.

Em 27 de agosto, 200 mil estudantes marcharam pelo centro da cidade e ocuparam o Zócalo, praça central do Distrito Federal, sendo reprimidos pela polícia e pelo Exército mexicanos. Para abortar novos protestos, o governo de Gustavo Diaz Ordaz ordenou a ocupação do campus da UNAM, enfrentando a resistência do movimento estudantil e prendendo vários de seus integrantes. Como resultado dessa ação, o reitor Javier Barrios Sierra renunciou ao cargo em 23 de setembro de 1968. Os estudantes organizaram uma greve de protesto e, no dia 2 de outubro, 15 mil jovens marcharam pela cidade para protestar contra a ocupação. À noite, 5 mil estudantes e trabalhadores concentraram-se na Praça das Três Culturas. Tropas do Exército os cercaram com carros blindados, abriram fogo contra eles e os perseguiram durante a madrugada nos edifícios adjacentes.

Em 1997, o Congresso Mexicano instalou uma comissão para investigar o caso. Em 2003, documentos publicados pelo governo dos Estados Unidos – disponíveis no site do National Security Archive – revelaram a articulação do governo mexicano com a CIA e o Pentágono para reprimir o movimento estudantil. O então ministro do Interior, Luís Echeverría Álvarez, desempenhou papel de destaque nesse esquema. Mais tarde, durante o mandato presidencial de Echeverría, ocorreu outro massacre: o halconazo ou massacre de Corpus Christi, em 10 de junho de 1971, quando uma manifestação estudantil foi reprimida e atacada por um grupo de paramilitares, Los Halcones, resultando em um número de mortes que, segundo as fontes, oscila entre 12 a 45.

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