Silva, Miguel Otero

Barcelona, 1908 - Caracas (Venezuela), 1985

Miguel Otero Silva foi um dos líderes dos movimentos políticos na Universidade Central da Venezuela (UCV), em 1928. Os protestos, reprimidos violentamente pela ditadura de Juan Vicente Gómez (1908-1935), revelaram uma geração de jovens dirigentes que assumiria posições de destaque no cenário venezuelano nas décadas seguintes. Entre outros, estavam Rómulo Betancourt, Rafael Caldera e Jóvito Villalba. Com a derrota do movimento, Otero partiu para o exílio. Regressaria à Venezuela somente após o fim do regime, em 1935.

Vinculado ao Partido Comunista da Venezuela, fundado em 1931, desenvolveu intensa atividade política e literária. Em 1937, foi novamente forçado a deixar o país, durante o governo de Eleazar López Contreras (1936-1941). Voltaria em 1940.

Em 1943, seu pai, Enrique Otero Vizcarrondo, fundou o diário El Nacional e Miguel tornou-se seu primeiro chefe de redação. Oito anos depois, durante a ditadura de Marcos Pérez Jiménez (1948-1958), o escritor afastou-se do Partido Comunista da Venezuela (PCV) e dedicou-se mais à literatura. Escreveu o romance Casas mortas, sobre as enfermidades que acometem um vilarejo pobre. Por esse livro, ganhou o Prêmio Nacional de Literatura (1955-1956).

Com o fim da ditadura, elegeu-se senador pelo estado de Arágua, sem descuidar de sua produção literária. Em 1963, publica La muerte de Honorio, uma denúncia das perseguições políticas durante a ditadura de Jiménez. Em 1967, foi eleito para a Academia Venezuelana da Língua. Por sua produção recebeu o Prêmio Lenin de literatura, na ex-União Soviética, em 1980.

Seu filho, Miguel Henrique Otero, é diretor-presidente de O Nacional, um dos principais órgãos da oposição ao governo de Hugo Chávez.