Kirchner, Cristina

Buenos Aires (Argentina), 1953

Cristina Elisabet Fernández nasceu em 19 de fevereiro de 1953, no popular bairro Tolosa de La Plata, a capital da província de Buenos Aires. CFK, como é chamada pela imprensa, nasceu em uma famíia de classe média: é a filha mais velha – tem uma irmã, Gisele – de Eduardo Fernández, motorista de ônibus e depois pequeno empresário do setor de transporte, simpatizante do radicalismo moderado, e de Ofelia Wilhem, de família conservadora, mas fervorosa peronista desde 1946 e militante da Asociación de Trabajadores del Estado (ATE). Cristina Fernández costuma dizer que herdou “o melhor de cada um”: de sua mãe, “o popular” do peronismo, e de seu pai “o respeito pelos direitos individuais” que alimentou o radicalismo.

Em La Plata ela fez o primário e depois o ensino médio. Os que a conhecem dessa época dizem que era polemista, brilhante, apaixonada, charmosa e altiva. Em 1972, ingressou na Universidade de La Plata onde estudou Direito. Eram tempos de grandes mudanças revolucionárias no mundo: desde o Maio Francês até a Revolução Cubana. Cristina começou sua militância na Juventude Universitária Peronista (JUP), mas, embora compartilhasse das ideias da esquerda peronista Montoneros, ela se oporia à radicalização militarista dessa organização.

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Cristina Kirchner, primeira mulher eleita presidente na história da Argentina (Presidencia de la N. Argentina/Commons Wikimedia)

Em 21 de setembro de 1974 conheceu o santacruzenho Néstor Kirchner, também peronista, militante e estudante de Direito. Ela disse sempre que ele a “deslumbrou por sua inteligência, e nos apaixonamos”. Casaram-se em maio de 1975 somente no civil, no momento em que se iniciava uma cruel repressão em La Plata. Precisaram viver em pensões baratas por medo, até que decidiram partir para Santa Cruz, em julho de 1976. Voltou à cidade para ter seu filho Máximo, em fevereiro de 1977,e pouco depois formou-se como advogada. Em 1990, nasceu sua filha Florencia.

Durante a ditadura, os Kirchner desenvolveram sua vida profissional e política em Santa Cruz. Em 1980, retomaram a atividade no PJ e, em 1985, Cristina foi eleita deputada estadual pela Frente para la Victoria. Néstor Kirchner já era prefeito de Río Gallegos. Em 1993, foi eleita deputada federal por Santa Cruz e uma destacada deputada constituinte da reforma de 1994.

Entre 1995 e 2001 foi eleita e reeleita como deputada nacional e senadora. Foi presidente da Comissão Bicameral que investigou os atentados à Embaixada de Israel e à AMIA e, em 2000, vice-presidente da Comissão Especial Investigadora sobre lavagem de dinheiro.

Nos anos 1990, travou fortes disputas com o menemismo, que chegou a expulsá-la da bancada justicialista. Ela disse a esta jornalista: “Eu me opus a que se privatizasse sem observar em quais condições, com qual marcos regulatórios. Para realizar as coisas que havia que fazer não precisava ser nacionalista, precisava ser inteligente. E, sobretudo, precisava não ser corrupto”.

Como senadora por Santa Cruz, teve uma intensa atividade: presidiu a Comissão de Assuntos Constitucionais e integrou numerosas comissões legislativas. Foi fundadora do Grupo Calafate que perfilou o projeto político de Kirchner, presidente desde 2003. Cristina participou, gerou e influiu as políticas do governo. A partir de 2005, foi eleita senadora por Buenos Aires.

Seu ideário se define da seguinte forma: “Direitos humanos, equidade social, distribuição da renda, inserção no mundo, aliança com a América Latina, capitalismo democrático”. Eleita presidente em 28 de outubro de 2007 com 45,29% dos votos, foi a primeira mulher presidente na história argentina. Reelegeu-se em 2011 com mais de 54% dos votos.