João Antonio

São Paulo, 1937 - Rio de Janeiro (Brasil), 1996

Filho de operários, entre rodas de sinuca e de choro, frequentou o “baixo mundo” da malandragem paulistana e carioca, povoado por jogatinas, rufiões e prostitutas. Com sua primeira publicação, Malagueta, perus e bacanaço (1963), afirmava os excluídos como protagonistas das tramas aprendidas nos botequins das zonas populares. Considerada sua obra maior, o conto “Paulinho Perna Torta”, publicado em Os dez mandamentos (1965), elabora a linguagem da população urbana e marginalizada, que registra em suas andanças suburbanas.

Sob as ameaças da ditadura militar brasileira dos anos 1960, começou a desenvolver intensa atividade jornalística na imprensa alternativa e participou da equipe da histórica revista Realidade. No início dos anos 1970, escreveu em Abraçado ao meu rancor (1986): “Desaprendi a pobreza dos pobres e aprendi a pobreza envergonhada da classe média”. Essa profunda consciência de classe define seu estilo, precursor da geração de Paulo Lins e Ferréz, e tributário de outro maldito, Lima Barreto, em quem dizia se inspirar. Outras obras: Leão-de-chácara (1975); Ô, Copacabana (1978).