Fontanarrosa, Roberto

Rosário (Argentina), 1944 - 2007

Roberto “El Negro” Fontanarrosa foi um dos mais conhecidos e respeitados humoristas e cartunistas argentinos. Apaixonado por futebol, mulheres, política e conversas de café, Fontanarrosa, segundo suas próprias palavras, apenas queria fazer rir: “Não aspiro ao Nobel de Literatura. Eu me dou por muito bem pago quando alguém se aproxima de mim e me diz: me matei de rir com seu livro”.

Depois de uma passagem fugaz pelo meio publicitário, começou a se dedicar inteiramente ao humor, publicando seu primeiro cartum em 1964, na revista Boom. Em 1971, em pleno auge dos filmes de James Bond, apresentou na revista Tinta um de seus melhores personagens, Boogie, el aceitoso (Boogie, o gorduroso), parodiando o famoso agente secreto. Um ano mais tarde, surgiu a revista Hortensia, um marco na história em quadrinhos argentina, da qual participaram grandes cartunistas como Caloi, Brócoli, Crist e Ian. Nessa publicação cresceram seus dois personagens mais conhecidos, Inodoro Pereyra, o “renegau”(corruptela de renegado) e Boogie. O primeiro, um gaúcho desgrenhado e mal-humorado que vive nos pampas com a mulher, Eulalia, e o cachorro, Mendieta, surgiu como uma paródia da cultura folclórica e telúrica argentina. O segundo, um mercenário norte-americano impiedoso, misógino, sarcástico e racista, encarna, com humor ácido, o pior da humanidade. Dois mundos, dois personagens totalmente diferentes que refletem a inteligência e sensibilidade de seu criador.

Em 1972, publicou Quem é Fonanarrosa?, seu primeiro livro. À medida que o quadrinho foi ganhando prestígio, novos espaços de publicação foram abertos e em 1973, Fontanarrosa começou a publicar na contracapa do jornal El Clarín, o diário de maior circulação da Argentina, junto com outros destacados cartunistas como Viuti, Tabará e Altuna.

A partir de 1981, começou a publicar romances e contos, entre os quais podem ser mencionados: Best Seller, El área 18, El mundo ha vivido equivocado, No sé si he sido claro, Nada del otro mundo, Uno nunca sabe, El mayor de mis defectos, La mesa de los galanes (que imortaliza as conversas do bar El Cairo) e La gansada. Em 1984, colaborou com a revista Fierro, na qual publicou seus Semblanzas deportivas e as aventuras de Sperman, um doador de esperma.

Fontanarrosa também colaborou com o grupo Les Luthiers e foi contratado pelo jornal El Clarín para comentar as partidas de futebol da seleção argentina durante a Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994, dando vida, para tanto, a Hermana Rosa, uma vidente que previa os resultados.

Irreverente, prolífero e muito argentino, Fontanarrosa se converteu em uma referência para várias gerações de cartunistas latino-americanos. Morreu em 19 de julho de 2007 em sua cidade natal. Em 2014, o Congresso argentino instituiu 26 de novembro, data de aniversário de Fontanarrosa, como o Dia Nacional do Humorista.

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