Sacerdote e ativista político, o brasileiro Dom Hélder Câmara ficou conhecido internacionalmente como o “bispo vermelho”. Durante a década de 1930, chegou a simpatizar com o fascismo italiano e a Ação Integralista, de Plínio Salgado, uma organização nacional-fascista brasileira. Fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, nos anos 1960, fez parte da oposição ao governo de João Goulart. Em 1964, apoiou o golpe militar e o marechal Castelo Branco, o primeiro dos ditadores do ciclo 1964-1984, em seus primeiros anos de governo. Logo se tornou, no entanto, crítico do caráter autoritário da ditadura e dos métodos repressivos de tortura, frequentando as manifestações contra o regime militar. Fazendo muito uso da mídia, de sua boa retórica e de frases de efeito, Dom Hélder denunciava as atrocidades cometidas nos porões da ditadura, da qual se tornara adversário declarado. Diz-se que o governo de Garrastazu Médici (1970-1974) foi o articulador de sua derrota para o Prêmio Nobel da Paz em 1971 e 1974. Publicou 22 livros de poemas, cartas, crônicas e compôs a “Sinfonia dos dois mundos”. Morreu em casa, dormindo, aos noventa anos.
Câmara, Dom Hélder
Fortaleza, 1909 - Recife (Brasil), 1999