Rivera, Diego

Guanajuato, 1886 - Cidade do México (México), 1957

Um dos mais aclamados pintores do chamado muralismo mexicano, Diego Rivera começou sua formação artística na Academia de San Carlos, em 1896, na Cidade do México. Foi discípulo de José María Velasco (1840-1912) –­ precursor da moderna pintura mexicana que transcendeu o estilo acadêmico, em direção ao historicismo nacionalista e à descrição dos costumes populares. Sob essa influência, Rivera pintou em 1904 suas primeiras paisagens. Em 1906, apresentou 26 trabalhos na exposição anual da Academia de Belas Artes e participou da exposição de pintura moderna organizada pela revista Savia Moderna .

Rivera estudou na Espanha em 1907 e, dois anos depois, em Paris, com o pintor acadêmico Victor-Octave Guillonet. Expôs na Societé des Artistes Indépendants e na Academia de San Carlos, quando regressou ao México. Em 1911, voltou à Europa para expor no Salon d’Automne. Sua fase pré-cubista encerrou-se em 1913, quando participou da exposição coletiva da galeria de Berheim Jeune.

Em 1914, já muito próximo de Picasso, de Gris e dos pintores de Montparnasse que se agruparam sob a denominação de Escola de Paris, Rivera teve sua primeira exposição individual na Galeria Berthe Weill. Em 1916, construiu La chose, um aparelho óptico que permitia realizar quadros cubistas, exposto na Modern Gallery de Nova York. Um ano depois, desentendeu-se com o teórico do cubismo Pierre Reverdy, rompeu com o movimento e retomou a figuração, deixando transparecer a influência de Cézanne. Acirrando suas diferenças com a escola parisiense, em 1919, participou de uma exposição de pintura figurativa em Paris, no mesmo ano em que se encontrou com o futuro companheiro muralista David Alfaro Siqueiros.

Em 1921, após passar pela Itália e iniciar sua segunda fase costumbrista, voltou ao México, onde teve contato com o teórico José Vasconcelos (1882-1959). Influenciado pela cultura pré-colombiana, deu novos rumos a seu espírito vanguardista. Em 1922, iniciou sua primeira obra mural, La creación, no Anfiteatro da Escola Preparatória. Também começou a decorar o afresco do primeiro pátio da Secretaria de Educação Pública, ao mesmo tempo em que ingressou no Partido Comunista Mexicano, integrando o Comitê Central da agremiação, com Siqueiros.

Em 1923, participou da criação do Sindicato dos Pintores, Escultores e Gravadores Revolucionários do México. Nesse momento, com Siqueiros e José Clemente Orozco (1883-1949), começou a ser reconhecido o chamado Movimento Muralista Mexicano, que se baseou em grandes obras públicas inspiradas na história política e social do México, especialmente nos levantes populares. Em 1925, Rivera abandonou o partido, mas retornou no ano seguinte, quando recebeu um prêmio em Los Angeles. Após passar pela União Sovié­tica, foi expulso do partido em 1929, ano em que se casou com Frida Kahlo. Foi nomeado diretor da Escola de Artes Plásticas da Universidade Nacional, no México, mas seus projetos causaram tantas polêmicas que, em 1930, renunciou ao cargo e viajou para São Francisco, onde iniciou uma longa e turbulenta carreira.

Em 1931, pintou Alegoría de California e Construcción de un fresco, na California School of Fine Arts. Quando preparava uma exposição para o recém-criado Museu de Arte Moderna de Nova York, Rivera aproximou-se de Nelson Rockefeller, que o convidou a decorar o lobby do Rockefeller Center de Nova York. Em 1933, ao pintar o mural El hombre en una encrucijada para o edifício da Radio ­Corporation of America, que incluía um retrato de Lenin, o artista recebeu violentas críticas da imprensa e grande apoio de setores progressistas de Nova York. Rockefeller mandou apagar e destruir o mural, ainda inconcluso. Depois de realizar uma série de afrescos para a New Workers School de Nova York, retornou ao México, onde pintou uma segunda versão de El hombre en una encrucijada, no terceiro andar do Palácio de Belas Artes do México.

Em 1937, após diversas obras polêmicas, recebeu León Trotsky na “Casa Azul de Coyoacán”, onde vivia com Frida Kahlo. Em 1939, rompeu com Trotsky e, no ano seguinte, separou-se de Kahlo, com quem voltou a viver pouco depois. Nos anos 40, executou uma série de obras públicas no México, fez conferências e envolveu-se em diversas polêmicas. Em 1946, integrou, com Orozco e Siqueiros, a comissão de Pintura Mural do Instituto Nacional de Belas Artes. Em 1948, um retrato do escritor e político Ignacio Ramírez, “El nigromante” (1818-1879), no qual se podia ler a frase “Deus não existe”, incluído em um mural do Hotel del Prado, provocou violenta manifestação, que obrigou o artista a retirar a frase e retocar a obra danificada.

Em 1952, realizou para a exposição Veinte Siglos de Arte Mexicano um mural transportável chamado Pesadilla de guerra y sueño de paz, no qual representou, entre outros, Stalin e Mao Tsé-Tung. Após a morte de Frida Kahlo em 1954, Rivera retornou ao Partido Comunista e, em 1955, casou-se com Emma Hurtado. Doou ao povo mexicano a casa em que viveu com Kahlo e sua coleção de peças pré-colombianas. Seu mais ambicioso projeto – um mural épico sobre a história do México para o Palácio Nacional – ficou inconcluso. Deixou grandes painéis no México, nos EUA, na China e na Polônia.