Pierre-Charles, Gérard

Jacmel (Haiti), 1935 - Havana (Cuba), 2004

Cientista social e economista, Pierre-Charles foi um dos principais intelectuais e dirigentes políticos do Haiti. Órfão aos dez anos de idade, contraiu tuberculose e, logo em seguida, poliomielite, o que o obrigou a usar muletas durante toda a vida. Integrou, na adolescência, um grupo da juventude operária católica. Em 1959, com o escritor Jacques Stephen Alexis e o economista Gérald Brisson, fundou o Parti de l’Entente Populaire (do francês, Partido­ da Concertação Popular – PCP), que propunha a revolução nacional democrática e anti-imperialista para romper com a condição feudal do Haiti e chegar ao socialismo. Anos depois, o PCP fundiu-se com outras organizações, dando origem ao Partido Unificado dos Comunistas Haitianos (PUCH).

Jurado de morte pela polícia duvalierista, os Tontons Macoutes, Pierre-Charles exilou-se, em 1960, no México, onde lecionou economia e escreveu dezenas de livros. Em Radiografia de uma ditadura (1969), dissecou as origens e as características totalitárias do regime duvalierista.

Em 1986, com a queda de Jean-Claude Duvalier, voltou ao Haiti e se engajou na democratização do país. Rompeu com o PUCH e apoiou a candidatura do padre Jean-Bertrand Aristide à presidência, vitoriosa em 1990. Em 1991, porém, seu governo foi deposto por uma junta militar. Exilado nos Estados Unidos, Aristide contou com Pierre-Charles para fortalecer o movimento que o levara ao poder, chamado Lavalas. No entanto, depois de voltar à presidência, em 1994, Aristide rompeu com Pierre-Charles, o que levou a uma cisão no Lavalas. O cientista social formou a agremiação Organização do Povo em Luta (OPL) e acusou Aristide de ter se tornado um ditador. Em represália, grupos favoráveis ao presidente queimaram a casa de Pierre-Charles.

Em 2003, quando Aristide exercia seu segundo mandato presidencial, levantes em diversas regiões do Haiti exigiram a sua renúncia. Após o sequestro do presidente por militares dos Estados Unidos, em 2004, diversas entidades defenderam que Pierre-Charles se apresentasse como candidato em futuras eleições. Em 10 de outubro do mesmo ano, enquanto era tratado de uma pneumonia, em um hospital de Cuba, enfartou e faleceu.