Couto e Silva, Golbery do

Rio Grande, 1911 - São Paulo (Brasil), 1987

Principal ideólogo da ditadura militar brasileira (1964-1984), Golbery do Couto e Silva nasceu no Rio Grande do Sul. Participou, com o primeiro ditador daquele período, Humberto de Alencar Castelo Branco, das tropas brasileiras enviadas para se juntar às norte-americanas na Itália, no fim da Segunda Guerra Mundial. Voltaram ambos convencidos da necessidade de uma doutrina de segurança nacional. Fundaram a Escola Superior de Guerra (ESG), que formou uma nova geração de militares naquela doutrina.

Protagonizou, nos anos 1950, a oposição ao governo de Getúlio Vargas, articulando ideológica e politicamente o movimento militar que triunfou em 1964, com o golpe de 1° de abril. Consolidou, então, já como general, sua posição e prestígio como grande ideólogo do regime militar. Pôs em prática a doutrina de segurança nacional dirigindo o Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de segurança, informação e orientação ideológica e repressiva da ditadura.

Escreveu, entre outras obras, Geopolítica do Brasil (1966), em que defendeu o projeto de um Brasil como subpotência regional imperialista (ou potência subimperialista), voltando os olhos não somente para a América do Sul, mas também para a África. Ou seja, um Brasil potência do Atlântico Sul. Desenvolveu a estratégia de ocupação territorial do interior do Brasil, como tarefa de segurança para garantir o controle estatal sobre o território nacional.

Participou de vários governos da ditadura militar, a começar pelo do marechal Castelo Branco (1964-1966), quando criou e dirigiu o SNI, posteriormente do de Ernesto Geisel (1974-1979) e, finalmente, do de João Figueiredo (1979-1985). No período Geisel, foi a eminência parda e o cérebro do plano de abertura “lenta, gradual e segura”, em direção a algumas liberdades democráticas. O plano incluiu uma anistia parcial aos opositores (1979) e a convocação de eleições, com o retorno de partidos políticos até então proibidos. Ao não conseguir dar continuidade à transição para um regime democrático-eleitoral com o ritmo e a segurança que desejava, retirou-se da política.